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Feiras brasileiras disputam liderança mundial

Eventos gigantes desse tipo promovidos no País são usados pelas empresas para vender seus produtos e serviços a toda a América do Sul - e às vezes para todo o resto do mundo.

As grandes feiras de negócios do planeta já evitam disputar datas com suas concorrentes que acontecem no Brasil. Eventos gigantes desse tipo promovidos no País são usados pelas empresas para vender seus produtos e serviços a toda a América do Sul – e às vezes para todo o resto do mundo.

Armando de Campos Mello.

Além disso, as maiores feiras brasileiras em breve se internacionalizarão e a próxima grande fronteira desta atividade econômica deve ser as nações africanas. Em 2012, o setor de feiras de negócios local crescerá expressivos 11,6%. São previsões do principal conhecedor deste mercado no País, Armando de Campos Mello, dirigente da União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe).

Campos Mello forneceu ao DCI números e previsões que sua entidade fez para o ano que vem: “Acabamos de atingir 201 feiras já marcadas para 2012 em nosso calendário, uma expansão de 11,6% sobre 2010. Estamos chegando a uma locação de 3,4 milhões de m² de pavilhões já confirmada. Aguardamos que 5,4 milhões de visitantes compareçam às nossas feiras no próximo ano. Teremos 42.000 empresas nacionais e cerca de 8.000 estrangeiras expondo”, elenca ele.

“Com tudo isso – e ressaltando que me refiro apenas aos números dos associados da Ubrafe -, as feiras vão movimentar em 2012 R$ 1,36 bilhão em sua cadeia produtiva ampla, ou seja: aluguel de estandes, serviços de catering (alimentação), equipamentos, segurança, limpeza, transporte, montagem de estruturas, serviços gerais e demais atividades”, diz o diretor da Ubrafe.

Salão Duas Rodas.

Versão Local

Tanta agitação continuará atraindo players mundiais da área ao Brasil. A Hannover Fairs Sulamérica, subsidiária nacional da alemã Deutsche Messe AG (que se considera a maior promotora de feiras de negócios do mundo) anunciou que passará a organizar aqui uma versão local da MDA (Motion, Drive&Automation, feira alemã voltada à hidráulica, pneumática e tecnologia mecânica). Será a MDA South America.

Como o próprio nome sugere, a intenção é atingir a partir do Brasil os mercados da América do Sul. Isto porque os resultados da 1ª CeMat South America (feira de movimentação de materiais e logística feita pela empresa) neste ano surprenderam a Hannover: “Realmente esta edição sul-americana da CeMat foi atípica”, confirmou Wolfgang Pech, vice-presidente da Deutsche Messe.

Fispal 2011 em São Paulo.

“As empresas do setor comprometeram-se fortemente conosco já na fase dos preparativos para que o evento vingasse. Isto nunca ocorreu nos outros países onde a CeMat é realizada”, declara Messe.

A Hannover organiza agora a segunda edição da CeMat, que se dará em São Paulo em 2013 paralelamente à MDA. “Faltando mais de um ano para a feira, já estamos com 75% dos espaços da próxima CeMat vendidos para 78 expositores. Isto equivale a 16.400 m² já locados”, comemora Constantino Bäumle, diretor da companhia.

A CeMat deste ano ocupou uma área de 20.000 m², teve 175 expositores de 18 países e 12.500 visitantes de 32 nações. A Hannover espera que a edição de 2013 atinja 30.000 m², tenha 280 expositores de 20 países e receba 25.000 pessoas de 35 nações. A feira é feita na Alemanha e tem versões na China, Rússia, Turquia, Índia, e, agora, Brasil.

2011

A CeMat local já nasce a segunda maior em área de exposição, logo depois da original germânica. Ela acontece na capital, no Centro de Exposições Imigrantes – segundo Bäumle, o único que conta com área interna e externa suficientes para o evento.

Quanto à primeira edição da MDA South America em 2013, a empresa espera reunir perto de 50 expositores em uma área de 4.000 m². O custo do m² na MDA será R$ 550,00. No caso da CeMat, o custo do m² na área interna também será de R$ 550,00 e, na área externa, R$ 275,00. São valores altos, reflexo de um ano, 2011, onde o setor de feiras e eventos no Brasil manteve o fôlego e escapou do enfraquecimento em outros campos da economia.

Há também o fato de que os espaços para este tipo de evento na capital são mais caros. “O preço de se fazer feiras em São Paulo é muito alto se comparado com o de outros pontos do Brasil”, observa Bäumle.

Mas é difícil escapar do poder de atração da cidade mais rica da América Latina: “Fala-se muito em regionalização do mercado de feiras no Brasil, mas fato é que São Paulo sempre será um local privilegiado para encontros de negócios”, diz Fábio Luiz Cerchiari,  editor do blog Falando de Feiras.

“O ano de 2011 superou nossas expectativas”, reforça Campos Mello. “Feiras de automóveis e autopeças, construção civil, tecnologia em geral e segurança foram as que mais renderam.” Cerchiari completa: “Ainda hoje, com o ano quase terminando, continuo recebendo todos do dias notícias de feiras de negócios das quais eu nunca havia ouvido falar sendo feitas. O setor esteve muito aquecido em 2011, não resta dúvida a respeito.”

Tendências

Os dados disponíveis indicam que o Brasil continuará a ser a bola da vez do setor de feiras de negócios. “Este é um mercado que ainda não absorveu todo o poder de compra da nova classe média brasileira, a classe C, que surgiu nos últimos anos. O dinheiro destas pessoas vai continuar entrando e impulsionando o setor em 2012”, diz Campos Mello.

Até por este motivo, feiras mais voltadas ao consumidor final tenderão a gerar bons resultados. “Em 2011, fiquei bastante impressionado com a Apas [voltada a supermercados], a Fenatran [do setor de transporte] e com o Salão Duas Rodas [motocicletas]”, conta Cerchiari. “Em contrapartida, achei que a Fispal [da indústria de alimentos e bebidas] teve pouco investimento nos estandes, o que comprometeu o evento.”

Apas 2011.

Por fim, há a Copa do Mundo de 14 e as Olimpíadas de 16. Ambas ocorrerão no Brasil. Em razão delas, as feiras de negócios voltadas à área de infraestrutura tendem a se tornar cada vez mais importantes quanto mais se aproximarem as datas destes jogos.

“Apesar da crise lá fora, nossa expectativa é que 2012 será um grande ano para o setor de feiras. Não acho que nos deixaremos afetar. Por aqui, o mercado continuará girando”, finaliza Campos Mello, para lá de confiante.

Fonte: DCI.