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O segredo da Shein não é o produto

Por Felipe Morais: Como a tecnologia ajuda no sucesso da gigante do setor de moda?

O segredo da Shein não é o produto

O segredo da Shein não é o produto e é isso que você vai ler aqui nesse artigo. A marca Shein, que, vale aproximadamente 66 bilhões de dólares, é, sem a menor sombra de dúvidas, um dos maiores fenômenos do varejo nos últimos anos, e no Brasil, assim como a Shopee caiu nas graças do brasileiro. 

Quem esteve na loja temporária que a marca Shein abriu no Shopping Vila Olimpia, Zona Sul de São Paulo em 2022, presenciou pessoas esperando até 8 horas na fila para entrar na loja e fazer suas compras.

Segundo o SimilarWeb, o site da marca, possui cerca de 121,5 milhões de visitas únicas mensalmente em todo o planeta, 10,6% desse volume vem do Brasil, sendo o 2o país que mais acessa, perdendo apenas para os EUA, onde a marca vende 30 bilhões ao ano, passando gigantes consolidados como H&M, Zara e Forever21, entretanto, o mercado norte americano é maior e mais consolidado no varejo digital do que no Brasil.

o Brasil se tornou um campo muito importante para a marca, um outro estudo da mesma ferramenta mostra que 16,17% do volume total de tráfego para o segmento de moda online é para a Shein.

Segundo um Relatório do BTG Pactual aponta para um salto de 300% no faturamento da marca entre 2021 e 2022, fechando esse ano em 8 bilhões de reais de faturamento apenas no Brasil, para se ter uma ideia do tamanho, a rede de varejo que mais faturou em 2023, a Renner, teve um lucro de 11,7 bilhões, ou seja, a Shein faturou quase 70% de uma gigante do setor de moda popular.

Apenas para entender, a Loja Renner tem em seu ecossistema 412 lojas Renner (incluindo 8 lojas no Uruguai, 4 na Argentina e 9 Ashua), 119 Camicado e 104 Youcom, além das plataformas online.

Segundo a ferramenta Ubbersuggest, a marca teve 6,1 milhões de buscas apenas em 2024 em nosso país. São dados interessantes que mostram que a Shein é um grande sucesso no Brasil e esse sucesso tende a aumentar, sem a menor sombra de dúvidas.

Muita gente pode avaliar que os preços das roupas da Shein são o seu grande diferencial, eu não diria que estão tão longe disso, entretanto, é a tecnologia e algoritmos que fazem toda a diferença na gigante chinesa na hora de uma venda.

Através de tecnologias inovadoras, onde a Inteligência Artificial está entre elas, e não unicamente ela, o algoritmo da marca mapeia as tendências por demografia, região e perfil de consumo em todo o mundo. Com 121,5 milhões de pessoas acessando o site, em todo o planeta, a base de dados para a Shein entender esses dados é gigantesca, são milhões de comportamentos sendo processados diariamente em seus canais digitais.

A Shein, através dos seus times de marketing e dados analisam essas tendências e já acionam seus parceiros asiáticos para produzir uma quantidade limitada de peças para vender a sua base de clientes, dentro, obviamente, do que o algoritmo trouxe de informação, é efetivamente, uma decisão baseada em dados e não no achismo como vemos.

Essa amostra é uma importante estratégia da marca, afinal, é com a performance da venda que a gigante chinesa consegue estimar a real demanda de cada um dos produtos que o algoritmo lhe mostrou ter potencial e para cada região, entretanto, isso tudo com uma escala global, o que faz com que a empresa peça regularmente uma alta escala de produtos para seus parceiros, tudo baseado em dados para estimar as vendas de uma forma inteligente.

Na National Retail Federation, NRF, de 2024 a Publicis Commerce denominou o negócio da Shein como “negócio sob demanda”, o que segundo a empresa permite escala, agilidade, redução de risco e preços extremamente competitivos, elevando o patamar de competitividade da empresa, e isso tem sido provado no dia a dia do varejo quando a Shein está à frente, em vendas, de marcas consolidadas. 

A Zara, por exemplo, uma gigante que também se tornou “queridinha” do brasileiro – basta ver que é uma das únicas lojas que nunca estão vazias – tem mais de 2 mil lojas pelo mundo e oferta de 20 a 25 mil produtos novos por ano, A GAP, tem 2,8 mil lojas pelo planeta e oferta de 2 a 4 mil novos produtos por ano; a Shein com nenhuma loja – operação apenas digital – oferta 5 a 10 mil novos produtos por dia, o que daria 1,8 a 3,6 milhões de produtos novos por ano, ou seja, em 5 dias do ano a Shein oferta mais produtos novos do que a Zara em todo o planeta no ano.

A Shein consegue agilidade no mercado nacional, por operar no Brasil com mais de 300 fábricas parceiras, em 12 estados o que reduz o tempo de entrega, um dos grandes problemas de marcas internacionais no Brasil; além disso, há mais de 15 mil sellers brasileiros no marketplace da empresa, muitos deles indústrias e varejistas independentes de mercados populares como na região do Brás, em São Paulo.

Não há dúvida que a Shein é uma realidade global, os números aqui apresentados mostram isso, entretanto, mais do que isso, é importante se ater, nesse artigo, não aos dados, mas sim a tecnologia, afinal, a Shein tem esses dados gigantes graças a sua tecnologia de ponta no momento de entender o cliente e oferecer o que esse cliente está buscando, o vetor mudou, as empresas que entenderem e se adaptarem terão uma vida mais longa, as que não, serão amassadas, ou compradas, por essas. Qual lado você quer estar?