Arte e Criatividade

Rafa Tuma ilustra o humor que toda Marca deseja ter

Por Julia Padula. Tornar o entretenimento acessível a todos é o que faz de Rafa Tuma e seu estúdio criativo mais do que um formato de conteúdo, mas um original canal de comunicação

Nascida numa época em que o design ainda não era considerado profissão e poucas faculdades ofereciam o curso, a artista Rafa Tuma estudou Administração e Marketing, o que a preparou para o fenômeno da “economia da atenção” que vivemos hoje. 

Mesmo sem grandes influências próximas, sua paixão pelo desenho a levou ao design. Já seu interesse pelo cinema a conduziu à animação, especialmente a uma técnica conhecida como motion design.

A animação sempre atraiu Rafa pela descontração e capacidade de entreter com humor. Logo, viu a oportunidade de levar esse movimento para a publicidade, tornando-a mais criativa. Assim, começou a criar uma enorme quantidade de vídeos animados (“um  zilhão”, ela brinca). Foi somente na tentativa “400 e alguma coisa” que enfim conseguiu viralizar (conhecemos muitos casos assim, né?)

Na época, dancinhas e dublagens estavam em alta nas redes sociais. Rafa escolhia áudios engraçados e criava a cobertura com animações de bonequinhos de palito, gerando uma espécie de história em quadrinhos. Só que chegava a gastar cinco dias para animar meros dois segundos, o que é muito tempo para o ritmo da internet. Daí surgiu o desapego e a ideia de criar um “negócio bem feio”, em suas palavras. “O que eu quero é tirar uma risadinha assistindo. Era só essa a intenção naquela época”, explica. 

A linguagem tosca também faz sucesso com a Geração Z, e foi aí que o trabalho de Rafa Tuma realmente estourou: em um mês, ganhou um milhão de seguidores no Instagram, e não demorou a se deparar com outras páginas também fazendo animações divertidas no estilo palitinho. Mas ela nem considera isso uma cópia, e sim, a tendência de artistas perceberem que também era possível criar de modo simples e rápido. 

Rafa começou a atuar na internet ao mesmo tempo do que no mercado publicitário, então foi meio natural a união dos dois universos. Ao entrar para o elenco da produtora Play9, começou a receber mais ofertas de publicidade de grandes marcas – foram 17 só no primeiro mês. Liderando os jobs e com a responsabilidade de executar campanhas inteiras, gerou cases muito legais logo nos primeiros meses. Sabendo que publicidade sozinha não traz audiência, Rafa fez questão de estabelecer uma proporção entre conteúdo de entretenimento e publis em sua página, atraindo o máximo de conteúdo orgânico possível (um jeito bem sutil de se fazer publicidade, diga-se de passagem). 

Lembrando dos projetos que amou realizar, ela menciona o Troféu Que História É Essa, Porchat?, para o canal GNT, o qual ilustrou por dois anos seguidos. A parceria tem um significado pessoal: desde o início, Fábio Porchat foi um dos principais apoiadores do trabalho de Rafa, oferecendo oportunidades que ajudaram tanto do lado da publicidade quanto na divulgação orgânica. Além disso, ela adora criar animações baseadas em histórias reais, e as melhores são contadas no programa dele (aqui entra minha opinião pessoal também).

Certa vez, Rafa recebeu a encomenda de uma campanha contra cigarro, com dados super pesados, e suas maiores preocupações eram manter a leveza e zelar pela identidade – um humor “family friendly”, com “aquele suspirinho no final”, sem deixar de lado a linha comercial. O resultado foi uma das suas publicidades favoritas pelo esforço criativo. E apesar de não ser seu trabalho com o maior alcance, o vídeo alcançou impressionantes quatro milhões de views orgânicos no YouTube. 

Tantos acertos renderam frutos. Em 2023, a artista ficou em 10º lugar no ranking de engajamento global do Instagram, o que serviu para promovê-la ainda mais no mercado publicitário. “A galera de planejamento, criação e as marcas foram impactadas”, ela afirma.

Sobre seu processo de criação, Rafa conta que passa horas no Instagram e no TikTok, pra saber o que está em alta e o que anda fazendo a galera rir. Ao invés de seguir os mesmos memes repetidos por outros influenciadores, ela faz o caminho oposto, procurando referências por conta própria em séries, filmes, livros e rodas de conversa. Também diz amar bater papo, pois sempre volta de qualquer conversa com “uns cinco roteiros na cabeça”, já que “são nesses momentos que as pessoas são engraçadas”. Inclusive, em um momento de súbita ultraconfiança, perguntei se algum trecho de nossa entrevista teria chance de virar uma esquete (ela sorriu como resposta).

Quando pergunto o que ela diria para quem está começando, Rafa diz ser muito positiva, mesmo já tendo passado por perrengues e ficado sem trabalho. Ela enxerga muito potencial nas áreas de audiovisual, motion, ilustração e artes gráficas de modo geral. Também acredita que esse ainda é um mercado muito próspero, e mesmo com a popularização da IA, ninguém ficará sem emprego se continuar estudando e se aprimorando.

No futuro, Rafa planeja se envolver mais com o mundo das séries e programas de TV, por ser um mercado que aprecia muito. Cita ainda como case o projeto Whindersson Verso para a plataforma Mercado Play. E quem sabe (spoiler!), surjam alguns produtos físicos mais adiante. É aguardar pra ver. 

Fica aqui o meu convite para acompanhar os canais de Rafaella Tuma: 

Instagram e TikTok @rafaellatuma

Até a próxima,

Julia Padula