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Não sei cozinhar! Mas, sei vender

Meus amigos fiquem tranqüilos, não vou escrever sobre gastronomia.

Meus amigos fiquem tranquilos, não vou escrever sobre gastronomia. A introdução é apenas uma forma de fazer referência a um caso que vou compartilhar agora.

Algumas semanas atrás fui convidado por uma amiga, diretora de comunicação de uma Associação Comercial, para falar sobre as mudanças do mercado, e também, a minha percepção sobre o trade da cidade.

Estavam presentes na sala um pouco mais de trinta comerciantes de diversas atividades e alguns convidados, inclusive familiares.

Apos-as apresentações, minha e deles, iniciei a conversa falando da relação social da atividade com o mercado, das mudanças demográficas em relação ao turismo (a cidade é praiana), da segmentação, e da necessidade de uma estratégia do mercado frente às características do destino.

Na altura aproveitei também, para sugerir uma avaliação mercadológica das atividades deles no mercado, das suas marcas, e da qualidade do atendimento, sem esquecer, de como eles avaliavam a importância dos seus negócios frente à concorrência. 

Depois de muitas reclamações e desculpas, todos justificando os seus erros estratégicos, resolvi terminar a apresentação, agradecendo a presença de todos, não sem antes aconselhar a minha amiga a desenvolver um tema que traduzisse os diferenciais da cidade, a sua história, sem esquecer a cultura local.

Neste momento um casal se levantou e pediu a palavra.

– O senhor sabe cozinhar, sabe fazer doces? 

E ele continuou, sou comerciante há mais de vinte anos, meus produtos têm muita qualidade, são os melhores da cidade e acho que as mudanças sugeridas não vão mudar a nossa realidade.

Espantado, resolvi responder e retornei à sala.

Não meu amigo, não sei cozinhar, mas, sei vender! 

Sei comer, e já que o senhor acha que as mudanças sugeridas não são eficientes me conte como é o seu processo de venda, a sua evolução mercadológica e sua relação com o mercado, os pontos fortes da sua marca, as fragilidades frente à concorrência, e principalmente, os resultados financeiros dessa sua evolução.

Depois de algumas desastrosas justificações o casal não conseguiu em nenhum momento justificar as minhas perguntas.

Não querendo insistir mais na exposição desastrosa do casal apenas recomendei a leitura sobre a importância dos sentidos no marketing, considerando principalmente, a importância da visão, não só a estratégica, mas, a comunicação visual dos seus produtos na exposição, na embalagem, na memória gustativa na sua história, já que o produto deles era fruto de uma receita Síria de sua família. 

Finalizando, aconselhei-os a olhar a concorrência com atenção, fazer uma pesquisa de qualidade juntos aos seus clientes e aceitar críticas construtivas.

Terminada a reunião em conversa particular com a minha a minha amiga falei da responsabilidade da associação com o mercado, da capacitação, da avaliação das necessidades, da comunicação com o mercado e da informação motivacional, fomentando atividades que valorizem o destino com reflexo no trade, lembrando sempre que a as necessidades dos comerciantes nunca devem ser negligenciadas.

Ressaltei também, a importância de um calendário turístico e promocional de todas as atividades da cidade valorizando a suas histórias e crenças, os seus valores e prazeres que o destino oferece, e na contribuição para a sustentabilidade social e ecológica do destino.

Espero que este artigo tenha contribuído para uma melhor avaliação das fraquezas e falta de responsabilidade de alguns setores do mercado, em algumas vezes imputando aos comerciantes uma   responsabilidade sobre os maus resultados e produtividade.