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Como conquistar a atenção dos clientes na era do marketing da atenção?

Com seus clientes imersos neste mar de distrações, as empresas enfrentam desafios cada vez mais expressivos para se diferenciar, atrair e converter

Fernando Moulin 

A despeito de classe social ou nível de dependência da tecnologia que invade cada aspecto de nossa vida, não há como negar que já vivemos em um mundo hiperconectado, com estímulos ininterruptos que competem a cada segundo pela nossa atenção. Somos constantemente bombardeados por avalanches de conteúdos, notificações e anúncios. Com seus clientes imersos neste mar de distrações, as empresas enfrentam desafios cada vez mais expressivos para se diferenciar, atrair e converter. Não à toa, estratégias inovadoras de marketing se tornam peças-fundamentais nos quebra-cabeças rumo ao sucesso de negócios. 

Para se ter ideia do oceano a ser desbravado diariamente, o Brasil é o segundo país cujos habitantes mais tempo passam em frente às telas. Segundo uma pesquisa do início do ano feita em 46 países pela Electronics Hub, são cerca de 56,6% das horas acordadas em frente a displays – o equivalente a aproximadamente 9 horas e 32 minutos do dia dos brasileiros. 

Hoje, inclusive, diante do excesso de tempo dedicado ao universo digital, cada vez mais pessoas fomentam a cultura da aversão à publicidade e às iniciativas de marketing em geral. Por outro lado, despertar a atenção dos indivíduos para as características e os benefícios de um determinado produto ou serviço é o primeiro passo no que diz respeito à conquista e fidelização de clientes. Sem a indústria de comunicação e marketing seria impossível esclarecer o valor das marcas, as soluções e o propósito para a sociedade. 

Então, como fugir desse dilema e conseguir maior efetividade em campanhas e estratégias de marketing? Certamente a solução passa por mais transparência, foco, respeito à jornada do consumidor, ações de comunicação menos invasivas e mais personalizadas, entre outras iniciativas que permitem trabalhar com autenticidade e relevância junto ao cliente. Nesse contexto, listo a seguir algumas dicas que podem ajudar, e muito, a melhorar a efetividade de ações na era da atenção. 

Conteúdo de qualidade e atrativo 

As marcas, independentemente do setor de atuação, precisam produzir conteúdos que resolvam problemas ou atendam às necessidades do público-alvo e ainda sejam atrativos no aspecto visual. Além disso, é muito importante manter a consistência na entrega desses materiais, em canais físicos ou digitais, sempre com visão 360º do cliente e fluxo contínuo de interações. Isto é, deve-se construir relacionamentos de longo prazo e não somente por meio de vendas pontuais. Ainda ter uma pauta de responsabilidade social e sustentabilidade, que demonstre o valor da empresa e a contribuição para os indivíduos e a coletividade, humaniza o negócio e ajuda a promover uma relação de confiança. 

A Apple, por exemplo, divulgou recentemente um vídeo curto para destacar todas as medidas ESG que estão sendo colocadas em prática pela big tech, numa campanha publicitária que ficou conhecida e foi amplamente divulgada pelas pessoas em geral. Em uma reunião na empresa, a mãe natureza aparece como CEO a quem todos devem reportar cada melhoria feita que impacta diretamente o planeta. Além do conteúdo relevante, o diálogo entre os “atores”, as imagens e a trilha sonora fazem toda a diferença. A companhia tem como objetivo principal se tornar neutra em carbono até 2030 e usou essa peça de comunicação para divulgar suas intenções. 

Personalização 

Quando os consumidores sentem que a marca compreende e atende dores específicas, de maneira personalizada, é mais provável que continuem engajados e façam mais negócios ao longo do tempo. Por isso, estratégias de CRM, fidelização e uma visão efetivamente centrada no cliente (suportadas por plataformas tecnológicas que habilitem essa execução) são cada vez mais essenciais.  

Interação e engajamento 

Envolver os clientes potenciais em quizzes, pesquisas, enquetes e demais conteúdos interativos pode não apenas chamar a atenção, como também criar um vínculo mais profundo com a empresa. Trata-se ainda de uma oportunidade para que produtos ou serviços alcancem mais pessoas e, consequentemente, mais vendas. Além disso, pesquisas de satisfação do cliente e metodologias como o NPS, aplicadas em conjunto com um trabalho bem-feito de social listening, ajudam muito a engajar o cliente em “conversas” com as marcas, aprofundando as relações e tornando o contato mais genuíno. 

Narrativas cativantes 

Técnicas de storytelling, por exemplo, são poderosas para capturar a atenção do público. Uma narrativa bem elaborada, que impacta emoções e sentimentos, pode fazer os consumidores se identificarem com a empresa, criando conexão. A arte de contar histórias pode até mesmo levar à tomada de decisão. No entanto, não deve ter como finalidade específica esse objetivo e sim o de genuinamente aproximar as marcas dos clientes de forma autêntica. 

Experiências memoráveis 

Isso inclui desde um site bem projetado, passando pela excelência no atendimento, inovações tecnológicas, até chegar em ofertas e eventos exclusivos. O verdadeiro diferencial ocorre quando a companhia agrega valor único a tudo o que se propõe a fazer.  

Fato é que, na era do marketing da atenção, as empresas precisarão cada vez mais adotar estratégias inteligentes, centradas no cliente com autenticidade e transparência e focadas em conteúdos relevantes e experiências de impacto. Esses serão sempre os pontos de atenção entre a sobrevivência e o crescimento ou a irrelevância e a perda da capacidade de gerar valor para o cliente e o acionista. 

*Fernando Moulin é partner da Sponsorb, empresa boutique de business performance