Na minha última coluna, a afirmação de que eventos não precisam ser memoráveis fez barulho. Alguns concordaram, outros discordaram, mas ninguém ficou indiferente. E que bom!
A provocação serve para nos tirar do piloto automático, pensar e repensar as coisas. Quando digo que um evento não precisa ser memorável quero dizer que ele não precisa vir repleto de confetes, mas sim repleto de estratégia para ser um produto sustentável.
Hoje, quero seguir nessa linha e abordar como, na era da inteligência artificial, são os eventos presenciais que se tornarão a ferramenta mais poderosa para construir as conexões que são, sobretudo, baseadas em confiança.
Vivemos uma saturação digital. Nossas interações são cada vez mais mediadas por chatbots e respostas automáticas, criando uma barreira de artificialidade que nos distancia uns dos outros. É uma realidade que contrasta brutalmente com a transparência de um evento, onde a interação é direta, sem filtros. A tecnologia que automatiza processos é útil, mas ela não consegue, e nem vai conseguir, construir confiança. E no nosso universo de brand experience, confiança é o ativo mais valioso.
Pense na experiência de uma grande feira de exposição. Não se trata apenas de ver um produto num estande. Trata-se de conversar com o engenheiro que o projetou, de sentir a textura do material, de trocar ideias com outros interessados no corredor. A decisão de uma parceria ou de uma compra importante nasce dessa imersão. É a experiência completa — o som do ambiente, a energia das pessoas, a possibilidade de tirar dúvidas em tempo real — que cria uma conexão sólida e uma segurança que nenhuma demonstração virtual consegue alcançar.
Por isso, os eventos presenciais são o antídoto para a artificialidade digital. Eles são, por natureza, aceleradores de confiança. Enquanto o online fica cada vez mais ruidoso e incerto, os eventos se consolidam como o espaço premium para a autenticidade. São o lugar onde marcas e pessoas podem se conectar de forma genuína, garantindo que do outro lado há um ser humano interessado, e não apenas um algoritmo programado.
Lembram da promessa de que o metaverso seria o futuro de todas as interações? A teoria era fascinante, mas a prática mostra que as pessoas anseiam por experiências tangíveis. A baixa adesão a esses universos digitais prova uma verdade fundamental: quanto mais a tecnologia tenta simular a realidade, mais nós valorizamos a própria realidade.
No fim, a lógica é simples. Enquanto a inteligência artificial se tornará uma ferramenta incrível para otimizar tarefas, a habilidade mais estratégica – criar confiança – será uma atribuição cada vez mais humana. E o palco para isso já está montado. O futuro dos grandes negócios e das conexões de marca mais fortes não será construído na nuvem, mas sim nos pavilhões, nas salas e nos espaços onde as pessoas se encontram de verdade.
Eventos
Designer e cenógrafo com 18 anos de experiência em projetos de cenografia voltados para brand experience. Com olhar técnico e sensível, traduz sua vivência prática em análises que revelam tendências, movimentos e transformações do mercado de eventos.
Designer e cenógrafo com 18 anos de experiência em projetos de cenografia voltados para brand experience. Com olhar técnico e sensível, traduz sua vivência prática em análises que revelam tendências, movimentos e transformações do mercado de eventos.