No processo de criar experiências, a tecnologia era considerada apenas uma ferramenta, mas agora ela também é protagonista na entrega de ações mais personalizadas e assertivas. No novo episódio do Na Escuta, realizado no estúdio da MAXI, Caio Rizzato, sócio e cofundador da Nex Lab, e Daniel Sbragia, CTO da HUB Brasil, compartilharam visões sobre o tema.
A conversa, mediada por Cindy Feijó, CEO do Promoview, explora a evolução do papel da tecnologia em ativações, eventos corporativos e experiências imersivas, abordando como os modelos do tipo RFID, visão computacional e inteligência artificial vêm sendo aplicados para mapear o comportamento do consumidor de forma estratégica.

O desafio de medir o invisível
Uma das maiores dificuldades em eventos e ações offline, é conseguir metrificar o comportamento dos consumidores com precisão. Contudo, a NEX já realiza esse trabalho faz bastante tempo e de diferentes formas. Entre as soluções apresentadas, Caio destacou o lançamento do Mapit, sistema da NEX baseado em visão computacional, capaz de realizar o controle de fluxo de pessoas e contagem de visitantes durante um evento ou para varejo.
“Estamos agora também implementando um traqueamento de emoção para ver como as pessoas estão se sentindo em real time. Acho que a grande sacada agora é você conseguir traquear com precisão e sem precisar de uma participação ativa do participante, sem que ninguém tenha que ir até um toten ou fazer check-in”, revela.
Para as agências, ter recursos tecnológicos para o rastreamento de dados em real time, faz com que não seja mais necessário esperar o evento acabar para conseguir tomar decisões estratégicas e ser mais assertivo.
“Do lado do cliente, você consegue fazer um investimento naquilo que realmente vai agregar resultado pro evento, participante, ou para a marca de uma maneira geral. No fundo, estamos falando de experiência, né? Então a gente tem que ser o mais assertivo para garantir a melhor experiência para aquele convidado, justamente para que ele fique com essa lembrança”, complementa Daniel.
Leque de possibilidades
Ao ter acesso à uma nova gama de dados, muitas estratégias e planejamentos podem ser aprimorados, desde a mudança física, para melhorar o fluxo dentro de um estande, até a rapidez de aprendizado sobre o público-alvo.
“Com a evolução da tecnologia, IA e de tudo que a gente tem de hardware agora, temos a possibilidade de fazer isso em real time. Você consegue gerar insights em cima daqueles dados com uma velocidade muito grande e consegue obter o melhor daquela experiência ao vivo”, explica Rizzato.
Daniel compartilhou um case realizado no Conar 2023, onde a equipe utilizou um sistema de backoffice que mapeava em tempo real a jornada de cada visitante com base em seu número de telefone:
“O cliente conseguia ver ali, no dashboard, que uma ativação estava com menos fluxo, que um brinde ia sobrar, e ajustava na hora. Então ele já consegue também ter otimizações dentro do evento. Não só para a questão de marca, mas olhando para ter uma eficiência de budget. Isso também é importante. Estamos falando de investimentos altos dentro de um evento onde você quer ser o mais assertivo possível“, relembra.
Inteligência Artificial como aliada, não substituta
Outro tema discutido foi o papel da inteligência artificial na área criativa. Tanto Caio quanto Daniel reforçaram que a IA está aqui para potencializar o humano e não substituí-lo.
“Temos que usar a capacidade de processamento da inteligência artificial ao nosso favor. Botar ela para fazer o ‘trabalho chato’ e deixar o trabalho legal, que é a capacidade e a criatividade humana pra gente. Quando discutimos a humanização e essa coisa de ‘desrobotizar’, eu acho que é muito mais de usar a tecnologia como um meio, usar ela no por trás das coisas e deixar o humano onde que tem que ser humano”, comenta o sócio da NEX Lab.
Daniel completou com um insight essencial: algumas coisas do uso de IA vem para substituir funções que hoje são exercidas por humanos, assim como ocorreu com o advento da tecnologia, mas isso não é uma regra geral.
“Todas as outras coisas substituíram quem parou. Se você não utilizar o recurso, não olhar e falar: ‘É um complemento’ aí não tem muito o que fazer. As pessoas vão ter que aprender a controlar esse tipo de ferramenta. É natural, basta entender que ela funciona se você souber usar, né?”, opina o CTO da HUB Brasil.
O futuro próximo
Entre os avanços mais promissores para os próximos anos, Caio destacou o uso da visão computacional e a capacidade do processamento de dados, que está cada vez mais potente, acarretando em mais recursos:
“Hoje são muitos eventos que você entra com reconhecimento facial, porque você tem a capacidade de processar essa informação. Eu acho que a parte de traqueamento vai pro mesmo caminho.(…) E a gente vai usando esse recurso também para fazer as outras análises. E aí, de novo, tentando fazer com que a a tecnologia ali, a inteligência artificial enxergue o mundo de uma forma que a gente enxerga, mas processando na velocidade dela, que é infinitamente maior”.
Ao mesmo tempo, conforme o nível de processamento vai melhorando, as tecnologias vão ficando mais baratas e acessíveis, conquistando um novo local dentro do mercado. “A tecnologia já pode ser embutida nas ativações, mas a gente começa a ver também um espaço para ela na infraestrutura. Já podemos fazer um traqueamento, colocar as câmeras, etc. Então, acho que aí está a bola da vez”, inclui Sbragia.
Além disso, tecnologias como rastreamento de olhar em pontos de venda e mapas de calor estão sendo testadas em ambientes como o varejo, com potencial para migrar rapidamente para o universo dos eventos. “Estamos entrando em uma era onde tudo poderá ser personalizado em tempo real. E isso é valioso demais para quem investe pesado em brand experience”, resumiu Daniel.
Sobre os convidados
Caio Rizzato é sócio e cofundador da NEX Lab e colunista do Promoview. Com mais de 15 anos de atuação, já participou da concepção e execução de mais de 300 projetos no mercado de live marketing e brand experience.
Daniel Sbragia é engenheiro mecânico pela FEI, com especialização em Gestão de Projetos. Acumula passagens por consultorias de tecnologia e pela Alelo, onde atuou como gerente comercial. Há cinco anos na HUB Brasil, foi responsável por estruturar e expandir a área de tecnologia da agência. Hoje ocupa o cargo de diretor executivo/CTO, liderando também as áreas de BI, pré-produção, promoções e RH.