Douglas Faustino

Minimalismo de impacto: o fim do evento exagerado

Foto: Canva

Nas minhas últimas colunas, conversamos sobre a necessidade de buscar o eventos rentáveis em vez de apenas o “memorável” e sobre como a confiança, em um mundo digital, é o verdadeiro produto dos encontros presenciais. Ambas as ideias apontam para uma mesma conclusão: a eficácia está no foco e na intenção. E é por isso que hoje precisamos falar sobre o maior inimigo da coerência: o evento “Frankenstein”.

Todos nós conhecemos esse monstro. Ele é montado com partes que não se encaixam: um painel de LED gigante porque “impressiona”, um show com um artista que não tem nada a ver com a marca, cinco tipos de brindes inúteis e uma dúzia de ativações competindo pela atenção (e paciência) do participante. O resultado é um monstro confuso, uma colcha de retalhos de “coisas legais” que, juntas, não dizem nada. É a vitória da quantidade sobre a qualidade, do barulho sobre a mensagem.

Essa mentalidade de “checklist” é a ruína do bom design de experiências. Em um mundo saturado de informação e estímulos, bombardear o participante com mais excesso não é a solução, é o problema. Acreditamos que, para justificar um investimento, precisamos adicionar mais. Mais tecnologia, mais atrações, mais surpresas. Mas e se o verdadeiro valor estivesse no contrário? E se o design mais poderoso fosse alcançado pela subtração?

Subtrair não significa fazer um evento pobre ou sem graça. Significa fazer escolhas. É ter a coragem de cortar o que é supérfluo para que o essencial possa brilhar. Como designers, nosso trabalho mais importante não é decidir o que colocar em um evento, mas sim o que tirar. Cada elemento que fica deve ter um propósito definido e servir à jornada que queremos construir para o participante.

Imagine a força de um evento focado em um único objetivo. Se a meta é construir confiança, talvez o melhor design não seja um palco gigantesco, mas sim múltiplos lounges de conversa confortáveis e bem projetados. Se o objetivo é gerar aprendizado profundo, talvez seja melhor investir em um grande workshop interativo do que em dez palestras rasas de 15 minutos.

O minimalismo de impacto é isso. É a criação de experiências onde cada centímetro quadrado, cada minuto da agenda e cada interação foram pensados para cumprir um papel estratégico. É trocar o caos visual por uma harmonia que gera conforto. É substituir a ansiedade de “ter que ver tudo” pela tranquilidade de uma experiência coesa e significativa.

O futuro do brand experience não pertence aos monstros de Frankenstein, remendados com as últimas tendências tecnológicas e ações vazias. Ele pertence aos eventos que têm uma alma, uma espinha dorsal definida e a ousadia de eliminar todo o resto. Porque em um mundo de excessos, a coisa mais rara – e, portanto, mais valiosa – é a simplicidade intencional.

Douglas Faustino
Douglas Faustino

Eventos

Designer e cenógrafo com 18 anos de experiência em projetos de cenografia voltados para brand experience. Com olhar técnico e sensível, traduz sua vivência prática em análises que revelam tendências, movimentos e transformações do mercado de eventos.

Designer e cenógrafo com 18 anos de experiência em projetos de cenografia voltados para brand experience. Com olhar técnico e sensível, traduz sua vivência prática em análises que revelam tendências, movimentos e transformações do mercado de eventos.