A Atletas pelo Brasil e o Instituto Esporte & Educação, ambos presididos por Ana Moser, vêm tentando chamar a atenção do governo e da sociedade para a importância da construção de um legado após grandes eventos esportivos, principalmente a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas Rio-2016.
As instituições têm tentado contribuir com os Municípios para uma proposta de longo prazo que assegure o acesso ao esporte para a população.
A Atletas pelo Brasil trabalha nacionalmente tentando influenciar as políticas de esporte. Uma das vitórias foi, por exemplo, a aprovação da MP 620. Porém, a 90 dias da Copa do Mundo, ainda falta muito para que os megaeventos esportivos se tornem uma oportunidade efetiva de desenvolvimento social e econômico para o País e para que se tenha uma política esportiva que garanta esporte para todos.
“O Brasil vive uma corrida contra o tempo e contra nossas carências estruturais para poder cumprir os contratos firmados com Fifa e COI. O resultado dos investimentos só poderá ser observado com o tempo, se realmente o Brasil conseguirá avançar na classificação olímpica, ou que utilidade estádios, ginásios e praças esportivas oferecerão para o esporte e para a população”, analisa Ana Moser, presidente da Atletas pelo Brasil e do IEE.
“O Cidades da Copa e o Cidades do Esporte, com o apoio, por exemplo, do Pnud e da Rems (Rede do Esporte pela Mudança Social), estão indo a cada cidade-sede, mobilizando a comunidade esportiva e os dirigentes públicos, apoiando a integração das pastas do esporte com a educação, saúde e outras, em torno de uma visão única e construindo planos de ação para garantir que o esporte aconteça em todas as dimensões, para o maior número possível de pessoas”, acrescenta Ana.
“São projetos que têm objetivos muito semelhantes, mas com metodologias diferentes. O Cidades do Esporte, por exemplo, é um programa de monitoramento no qual todos os anos poderemos avaliar a atual situação da política esportiva e a infraestrutura para o esporte em cada uma das 12 cidades. Já o Cidades da Copa é uma ação de mobilização das instituições e pessoas que fazem o esporte acontecer em cada cidade, que realiza o diagnóstico e constrói um plano de ação”, esclarece a presidente das instituições.
A Atletas pelo Brasil desenvolve o projeto “Cidades do Esporte”. É um programa inédito de monitoramento de indicadores e políticas públicas de esporte que está sendo realizado nas cidades de Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
Os prefeitos dessas cidades assinaram, entre 2012 e 2013, cartas comprometendo-se a contribuir com o projeto e a construir um legado esportivo nos municípios. As 12 cidades preencheram uma matriz de indicadores, e a compilação destes dados resultará em um relatório sobre a evolução das políticas e programas adotados. O primeiro relatório do Cidades do Esporte será divulgado no segundo semestre de 2014.
“Com o questionário, poderemos saber qual é o marco zero na política esportiva de cada Cidade e a partir daí desenvolver políticas públicas eficientes atacando os pontos em que o poder público está deficiente. Passaremos a acompanhar e comparar os resultados. É um projeto de longo prazo”, prevê Silvia Gonçalves, assessora de políticas públicas do Cidades do Esporte. “Até agora, o que vimos são realidades muito distintas.”
Adriana Nascimento, também assessora de políticas públicas do Cidades do Esporte, afirma que o primeiro relatório está sendo finalizado, com as análises dos dados. Agora, o foco do projeto é conseguir montar a “Rede de Prefeitos pelo Esporte”, para dar um direcionamento aos governantes.
“Estamos tentando montar um grupo nas prefeituras para deixarmos a semente do nosso trabalho, discutindo temas que envolvem a política esportiva. Queremos mobilizar prefeituras e outras organizações para debater e avançar, em conjunto, para a aprovação de um Sistema Nacional de Esporte.”
“O Cidades pelo Esporte é o principal programa da Atletas pelo Brasil. É uma forma de atuar mais localmente, porque é nos Municípios que o esporte acontece. Tem o objetivo de poder ajudar a construir uma política pública esportiva nas cidades e no País e ainda conseguir mostrar se há evolução nessa questão ao longo dos anos”, afirma Daniela Castro, diretora executiva da Atletas pelo Brasil.
O projeto conta com um comitê técnico e de governança formado por: REMS, PNUD, Instituto Ethos, Sesc, Instituto Ayrton Senna, Instituto Esporte Educação, Unicef, Rede Cidades Sustentáveis e Nike.
O Instituto Esporte & Educação, entidade parceira da Atletas pelo Brasil, também desenvolve um projeto que propõe o legado da Copa de 2014, a partir da diversificação e da democratização das atividades esportivas por meio do fortalecimento das políticas públicas e da qualificação dos profissionais que atuam no esporte, garantindo o direito ao esporte ao cidadão brasileiro.
O Cidades da Copa está, até o momento, atuando em onze Capitais brasileiras: São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Natal, Cuiabá, Salvador e Fortaleza.
A primeira fase do Cidades da Copa avalia a situação de cada uma das Capitais em relação a temas como estrutura voltada para a prática esportiva, incentivos governamentais, educação física nas escolas, formação de professores e atividades já desenvolvidas junto ao setor.
A partir dessa avaliação, os profissionais envolvidos no trabalho elaboram um plano de ação, no intuito de colaborar com a administração pública para a garantia do direito universal ao esporte.
“O Cidades da Copa identifica programas e projetos nos Municípios, diagnosticando potencialidades e desafios, e convida os governos e organizações da sociedade civil para contribuir na elaboração de um plano de ação e construir uma rede para discussão e disseminação do esporte como direito”, esclarece Adriano Rossetto Junior, coordenador do IEE.
“Assim, esperamos contribuir também para que o número de praticantes de exercício físico nas cidades-sede duplique e que o acesso ao esporte educacional nas escolas públicas esteja ao alcance de todas as crianças e adolescentes brasileiros. Queremos atingir ambos os objetivos até 2016”, completa Adriano.
Segundo o coordenador do IEE, pelas Cidades onde passou, o Cidades da Copa percebeu algumas situações: há necessidade de contratação de profissionais que atuam com esporte em regime de urgência e esses devem ter qualificação adequada; é necessário que seja feita uma sistematização dos dados de atendimento e infraestrutura esportiva, assim como aumentar a verba destinada ao esporte e à aquisição de equipamentos esportivos de qualidade.
Idealizado pelo Instituto Esporte & Educação, o Cidades da Copa conta com o apoio das Prefeituras, REMS, Unicef e Atletas pelo Brasil. O projeto tem o patrocínio da BTG Pactual e do Instituto Votorantim, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte do Ministério do Esporte.