Carolina Carrasco

No Brasil continental, estratégias regionalizadas são o segredo para conexões qualificadas

Como masterbrands aprofundam o relacionamento com o consumidor e exploram a pluralidade de audiência, por meio do olhar direcionado às individualidades de cada região

No Brasil, criar uma marca nacional e mantê-la relevante para todos os brasileiros é um desafio. A pluralidade cultural, social e histórica que compõe esse território de dimensões continentais exige mais do que boas campanhas e produtos: pede também por escuta, presença e cocriação com as comunidades e parceiros locais, representando as individualidades de cada região, afinal, o que funciona no Sul pode não funcionar no Norte, e vice versa.  Então, é necessário abraçar este contexto como oportunidade.

No Boticário, vi de perto que regionalizar a comunicação é uma das formas mais autênticas de mostrar que enxergamos essas particularidades. Por isso, nosso trabalho como uma masterbrand tem se aprofundado em estratégias de comunicação que traduzam a cultura local, dando luz à diversidade real do país e respeitando os códigos, valores e narrativas de cada canto do Brasil. 

Para isso, é preciso ter uma visão estratégica de marca e uma pluralidade geográfica no time, capaz de destrinchar os territórios com propriedade. Para ser completa, a regionalização precisa passar por uma observação aprofundada das comunidades, investir em parcerias com criadores locais, direcionar recursos à valorização dos territórios e garantir presença nas festividades que representam as identidades de cada uma das praças.

A marca onde o consumidor está

Com mais de quatro mil lojas no país e milhares de revendedores em todos os estados, precisamos garantir a presença assertiva de marca, não apenas por meio da capilaridade de pontos de vendas, mas também por meio de um branding e comunicação que contemplem as vivências locais e as expectativas de cada consumidor. 

É pensando nisso que, ao longo dos últimos anos, alocamos esforços para nos fazermos presentes em festas populares como o São João — em todas as regiões do país, com destaque para o Nordeste — e o Carnaval, sempre buscando traduzir a essência de cada celebração às particularidades culturais de cada local.

Além disso, expandimos nosso olhar para a regionalização e, atualmente, temos times específicos de comunicação, entre outras áreas, direcionados especificamente para o entendimento de cada variante de público, em suas necessidades, desejos e particularidades.

Para mim, abraçar essas ocasiões não se trata apenas de uma presença pontual ou patrocínio, mas sim um compromisso genuíno com a cultura e com as pessoas que fazem essas festas acontecerem. Essa preocupação em entender e contemplar as festividades regionais nos proporciona diferenciação de mercado faz com que a lembrança de marca seja ainda mais assertiva. 

Como decodificamos a pluralidade brasileira

Para ser uma potente no Brasil não basta apenas ter o alcance nacional, é preciso saber traduzir a complexidade do país em cada detalhe, oferecendo alternativas distintas para cada pilar dessa comunidade. 

Como a maior franquia de beleza do país¹, escolher pela regionalização se mostra como uma necessidade para alcançar a potência de cada consumidor, tendo impactos diretos em indicadores como engajamento, preferência de marca, relevância de mercado e performance de vendas. Reflexo desses esforços está no reconhecimento em sermos a marca de beleza preferida dos Nortistas em 2024², de acordo com a Kantar Worldpanel.

Assim, ao regionalizar, abrimos mão da fórmula pronta para abraçar a complexidade daquilo que é plural. E isso gera valor em todas as pontas: para o consumidor, que se vê representado de forma legítima; para a marca, que aprofunda sua conexão emocional; e para os negócios, que crescem com base em vínculos reais, não apenas em impressões de mídia.

Com tudo isso em mente, pluralizar e abraçar o viés regional é uma forma de amar o Brasil em suas multiplicidades. E mais do que uma tendência, esse olhar direcionado às individualidades regionais é uma escolha estratégica para marcas que querem ser não apenas lembradas, mas preferidas dos seus consumidores. 

Fontes:
1. Associação Brasileira de Franchising (ABF). Ranking das 50 maiores redes de franquias do Brasil por número de unidades de 2022.
2. Kantar, Worldpanel Division, PanelVoice, campo realizado durante o mês de dezembro de 2024. Total Norte, 324 lares

Carolina Carrasco, Diretora de Branding e Comunicação das marcas Boticário e Quem Disse, Berenice?
Carolina Carrasco

Marketing 360º

Com olhar estratégico e mais de uma década de experiência à frente de marcas icônicas da beleza, Carolina Carrasco, Diretora de Branding e Comunicação de Boticário e Quem Disse, Berenice, propõe reflexões sobre o papel das marcas em temas estruturantes como diversidade e sustentabilidade, e a construção de novas conexões com os consumidores.

Com olhar estratégico e mais de uma década de experiência à frente de marcas icônicas da beleza, Carolina Carrasco, Diretora de Branding e Comunicação de Boticário e Quem Disse, Berenice, propõe reflexões sobre o papel das marcas em temas estruturantes como diversidade e sustentabilidade, e a construção de novas conexões com os consumidores.