Luiz Fernando Coelho

O desafio dos vira-latas no Mundial de Clubes de Futebol da FIFA

Torcida do Flamengo na arquibancada em partida contra o Chelsea no Mundial de Clubes de Futebol da FIFA
Foto: Reprodução/ Instagram @flamengo

Eu sou um dos maiores fãs de Nelson Rodrigues e sua coluna fantástica A SOMBRA DAS CHUTEIRAS IMORTAIS. Alguns amigos, aqueles que viveram na época em que ele era vivo, me dizem lembrar-se dele, Nelson, ao lerem minhas crônicas esportivas. Pois bem, então vamos a de hoje.

Quando me refiro ao conceito vira-latas, é claro que me refiro ao conceito que seu criador criou. Mas diferentemente de me referir as equipes brasileiras que lá estão, quero trazer aqui, principalmente, aquele sentimento que inunda as redes sociais, a imprensa, em alguns momentos, as conversas de botequim, os patrocinadores, meio que depreciando este campeonato. Me impressiona a quantidade de vezes que os narradores e comentaristas chamam a atenção elogiando as disputas que ocorrem dentro das 4 linhas. 

Quando era somente o campeonato intercontinental, o ponto era que não era representativo, e os times do Brasil estavam sempre muito cansados da temporada. Agora, não vale muito porque os times europeus estão em final de temporada. É fantástico, criticar e não trazer uma solução!

Ah, diriam outros, os estádios estão vazios. Devo lembrar que a média de público dos times brasileiros está próxima de suas médias no brasileiro em 2025. O jogo do Flamengo contra o Chelsea, levou mais de 50.000 pessoas ao Lincoln Financial Field, um estádio que tem uma capacidade de quase 70 mil lugares. Lembrando ainda que, nos EUA, o futebol que eles mais admiram, não é esse!

Talvez o número de clubes, 32, possa ter sido exagerado, mas meus caros, este é o primeiro. Aqui neste ponto, destaco um recorte sobre como estava a organização de um outro torneio mundial, que encontrei em uma pesquisa feita no Centro de Referência do Futebol Brasileiro, Museu do Futebol, sobre a primeira Copa do Mundo da FIFA, em 1930: 

 “…por questões políticas e econômicas, os europeus decidiram boicotar o torneio. Para evitar que o campeonato fosse um fracasso completo, sem nenhuma seleção europeia, foi necessária uma intervenção do presidente da FIFA, Jules Rimet. Somente após isso, França, Bélgica, Romênia e Iugoslávia, se inscreveram”. 

O que teria acontecido se aquele torneio não se realizasse? Estamos novamente, frente a frente com uma nova Copa do Mundo. Como devemos então encarar? 

Luiz, os clubes brasileiros não me representam, são nossos adversários aqui no Brasil, assim como torcer por eles, que normalmente são nossos adversários? Como diria Nelson Rodrigues, este é o pensamento dos idiotas da objetividade, que não conseguem ver um palmo a frente.

Só por um instante, acompanhem comigo; não seria ótimo se houvesse uma final brasileira? Como ficaria o futebol do Brasil, se os quatro clubes caminhassem o mais longe possível?

O problema é que pensar estrategicamente o futebol, começa pelo lado torcedor, “se não for o meu time, vou secar os outros”; neste momento, o futebol enquanto negócio termina, antes de começar. Quanto a indústria do futebol no Brasil se desenvolveria se tivéssemos como campeão mundial, um dos times brasileiros?

Quanto mais isso traria de investimentos em toda a cadeia produtiva do esporte? Principalmente me refiro a patrocínios de camisa, naming right de arenas, eventos esportivos?

Socialmente, o que isso poderia gerar também de investimentos em projetos de inclusão social. Muito bem é disto que eu estou falando.

Outro ponto que me incomoda nesta história, é o fato dos patrocinadores dos clubes não estarem investindo em promoções, prêmios e tudo mais que fosse interessante do ponto de vista de gerar lembrança de marca, por exemplo.

Mas a realidade é que no futebol, a marca mais anunciada é a que está em todos os uniformes, a marca BET. Assim não precisam fazer nada. E aos outros falta um pouco de ambição, ou mesmo estratégia.

Brevemente, no entanto, as casas de apostas, ao serem obrigadas a pagar tributos, talvez se interessem por iniciativas de inclusão social, dentro da Lei do Esporte, na medida em que terão uma exposição de marca usando um dinheiro que iria somente para os cofres do país. O investimento das BET’s ficou na mídia. 

Aproveito e faço uma sugestão ao Projeto Doe Gols, da SPORTV. Que tal na Copa do Mundo de Clubes, 1 gol de times brasileiros valerem 10 pares de tênis, ao invés de 3?

É a isso que me refiro, perceber oportunidades.

Luiz Fernando Coelho
Luiz Fernando Coelho

Análises e bastidores do marketing esportivo com Luiz Fernando Coelho, especialista com mais de 40 anos de experiência. Primeiro colunista do Promoview, Luiz escreve há oito anos no portal, com o detalhismo de um verdadeiro contador de histórias e a precisão de um veterano do mercado.

Análises e bastidores do marketing esportivo com Luiz Fernando Coelho, especialista com mais de 40 anos de experiência. Primeiro colunista do Promoview, Luiz escreve há oito anos no portal, com o detalhismo de um verdadeiro contador de histórias e a precisão de um veterano do mercado.