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Coisas que não se veem mais no cotidiano: agradecer

Preciso agradecer a cada um de meus leitores por estar junto comigo, por ler e interagir com meus textos.

Talvez esta iniciativa tenha saído do vocabulário do dia a dia. Estamos sempre com pressa; com pressa de chegar a um lugar que vai nos dar outra tarefa para realizar. E com pressa. Às vezes me pergunto: Luiz, para que a pressa se você não sabe para onde está indo? E esse é o maior motivo para deixarmos passar as pequenas coisas, que fazem a total diferença em tudo que fazemos de nossa vida. Me perdoem os gramaticistas de plantão por usar o “de” e não o “em” na construção da frase anterior. E a explicação é muito simples: para que a nossa vida tenha significado, toda a responsabilidade é nossa, o compromisso é nosso. Nada de “não sei”, “não vi”, “não é comigo”. É comigo mesmo! A direção, a rota que tomamos, os caminhos que escolhemos são nossa responsabilidade.

Mas,-Luiz, por que motivo você está escrevendo este texto? É simples. Escrever, para mim, é um ato delicioso.  Até porque depois de escrito fica gravado, registrado, e isso tem um peso muito forte.  Quando entregou os dez mandamentos a Moisés, Deus os entregou escritos na pedra. Ele poderia simplesmente ter dito a Moisés para que transmitisse, mas não, o fez por escrito. Assim, resolvi que precisava escrever.

Preciso agradecer a cada um de meus leitores por estar junto comigo, por ler e interagir com meus textos. Mais ainda a meus companheiros que me ajudaram a viver esse final de semana (7 e 8 de outubro), fantástico para as nossas mentes. Foi um perereco (na minha linguagem, essa palavra significa algo muito complexo) convencer minha família, minha fisioterapeuta e meu médico de que eu estava apto a ir até a nossa sala de trabalho. E carioca é malandro, vocês bem sabem. No início era só online, depois era no sábado a partir do almoço, depois virou o sábado inteiro. Aí foi mais fácil ir também no domingo.

Esqueçam de me dizer que isso é maluquice, ou pior: “você tem que se cuidar”. E esse é exatamente o ponto: EU TENHO QUE ME CUIDAR. E cuidar do intangível, daquilo que a gente não vê, é muito difícil. Imaginem que todos me dizem agora que tenho que emagrecer 20 quilos, e no meu pensamento está que eu tenho que fazer 40, 50, 100 vezes alguma coisa. Só não sei a medida nem o gênero da atividade, dada a quantidade de opções que me são empurradas.

Como eu disse a alguns, tenho 67 anos e nenhum tempo para perder. E é nesse sentido que eu pergunto a vocês: quantos anos de vida a mais vocês me deram por ajudar em cada café, em cada xixi, em cada momento do deslocamento que eu fiz? Como no grande espetáculo da Broadway, Rent, o que vocês fizeram por mim só pode ser medido na quantidade de amor que todos estavam me oferecendo nesses dois dias. Minha mochila voltou cheia. E eu já guardei o tempo de vida que vocês me deram nesse final de semana. Espero que todos sintam a minha gratidão, pois tenho certeza de que contribuíram com muita energia positiva. 

Antes de me despedir, quero dizer a vocês que a minha última reflexão foi reveladora. Quando vi o tapete de vidro (um caminho feito de cacos de vidro, colocados no chão, e o desafio era andar sobre esses pedaços de vidro, quatro ou cinco passos completos), agradeci o fato de estar com problemas e por causa disso não ter que atravessar aquela experiência. Mas o tempo foi passando, e me veio à lembrança um fato verdadeiro, em que me omiti, não tomei uma atitude e tive que conviver com essa derrota. Ao ver meus colegas atravessando, minha mente deu o alerta: vais criar outro monstro dentro de você?

Quando manifestei a vontade de experimentar aquela missão, não teve ninguém que dissesse não. Senti uma energia vibrante, positiva, que me dizia: Luiz, vá em frente, experimente, e deixa essa tranqueira aí mesmo. Tinha mais gente para amparar que braço para ser segurado. Como diz a música, “uma força estranha no ar”. Nunca pensei que fosse conseguir viver essa experiência. Desejo a todos uma excelente jornada até o final.