Experiência de Marca

<!--:pt-->Jurados criticam qualidade de apresentações em PR<!--:-->

A única jurada de língua portuguesa em PR foi a brasileira Rosana Monteiro, diretora da Ketchum Estratégia para Brasil e América Latina. Ela conversou com Ariane Feijó, Relações Públicas que acompanha o Festival para o site Promoview, em seguida da coletiva de imprensa, onde foram divulgado os grandes vencedores da categoria PR Lions.

A única jurada de língua portuguesa em PR foi a brasileira Rosana Monteiro, diretora da Ketchum Estratégia para Brasil e América Latina. Ela conversou com Ariane Feijó, Relações Públicas que acompanha o Festival para o site Promoview, em seguida da coletiva de imprensa, onde foram divulgados os grandes vencedores da categoria PR Lions.

Rosana Monteiro, jurada de PR, após coletiva de imprensa sobre os PR Lions.

Rosana disse que o mercado de RP em língua portuguesa tem muito o que aprender, mas também muito do que se orgulhar. O Brasil leva para casa, pela primeira vez, três Leões de Prata e Portugal, um. Em 2009, os prêmios não estavam subdivididos em Ouro e Prata para a categoria, que ainda não tem Leões de Bronze por ter representatividade muito pequena frente às demais.

Promoview: Como você enxerga a atribuição de uma categoria específica de RP num festival tradicionalmente dedicado à Publicidade?

Rosana Monteiro: É sem dúvida uma excelente oportunidade de mostrar o que de melhor fazemos nesta disciplina. Mas não deve ser vista como uma categoria isolada: Cannes premia a comunicação como um todo, as categorias nada mais são do que as ferramentas que utilizamos neste contexto. A comunicação integrada deve sair do discurso e acontecer, definitivamente, na prática. A maioria das agências que ainda concorrem é de Publicidade, mas o Brasil tem mais de 600 agências de Relações Públicas. Portugal tem mais de uma centena. Onde estão os cases destas agências? Sei que custa inscrever em Cannes, não apenas a inscrição, mas a preparação, o filme, a documentação. Não adianta inscrever um case se não houver investimento na construção dele. A minha sugestão prática, neste sentido, é que se dividam os custos com o cliente, convidando-o para concorrer junto, pois um Leão é vitória de ambos, do cliente e da agência.

Promoview: Qual a importância dos países terem representantes locais entre os jurados em Cannes?

Rosana Monteiro: É fundamental, pois quando julgados os cases, especialmente em RP, as diferenças culturais têm peso muito grande. Em muitos casos brasileiros eu, pessoalmente, lutei por Leões. O caso do “Xixi no banho”, por exemplo, quase caiu da lista de vencedores por uma questão cultural… Ele foi admirado deste o início, mas com um certo preconceito: “como assim, falar publicamente em fazer xixi no banho?”. Precisei explicar que falar neste assunto com vistas à preservação do meio ambiente em uma campanha nacional pode parecer exagerado para outros países, mas no Brasil é natural, pois somos mais abertos e explícitos em nossa comunicação. A campanha da Olimpikus, apesar de muito bem apresentada e do cuidado em registrar em cartório o “Eu já sabia”, antes do resultado de sermos a sede da Copa de 2014, deixou os jurados em dúvida sobre o contexto da foto do Luciano Huck, com uma camiseta escrita “Eu já sabia”. Expliquei a importância do Huck na mídia e do impacto de sua imagem na campanha. Precisei salientar estas peculiaridades e algumas diferenças culturais e tenho certeza que a argumentação fez grande diferença. O júri, em si, foi incrível e superaberto às discussões e estou muito orgulhosa de ter contribuído na definição das três pratas brasileiras.

Promoview: O que sobrou e o que faltou nos cases inscritos?

Rosana Monteiro: Sobrou capacidade e talento em Relações Públicas, mas faltou qualidade na forma de apresentar os cases. Que reflete, na verdade, uma questão que o mercado, como um todo, deve superar. Temos centenas de agências de RP no Brasil e em Portugal, mas apenas agências de Publicidade foram premiadas. Isso mostra-se bastante sintomático: é natural, para os publicitários, se venderem, expressarem de forma visual o seu trabalho. Relações Públicas é uma profissão de bastidores; nós preparamos quem vai estar no palco, mas não estamos lá. Esta é uma realidade que precisa mudar. Outra questão são os cases essencialmente de RP, como os de comunicação interna e corporativa. Uma agência de PP não inscreve nestas subcategorias e esta é, com certeza, uma área de oportunidade para 2011. Temos muitas belas histórias para contar e por isso “inscrever é preciso”, para aumentar a visibilidade e o prestígio em Cannes da nossa disciplina.

Promoview: O que isso significa, em termos práticos, para as agências de RP?

Rosana Monteiro: É fundamental melhorar a qualidade das apresentações dos cases, investir verdadeiramente no trabalho que não é apenas uma inscrição, mas um documento que expressa todos os detalhes de uma  ação muito pensada e bem executada. Mostrar a integração dos stakeholders no processo. Criatividade e integração com outras disciplinas da comunicação, como design e publicidade, é importantíssimo neste processo. É preciso considerar as oportunidades que temos, levando em conta um maior critério na formato e qualidade das apresentações. Os vídeos para muitas das categorias essencialmente RP não apresentavam o mais importante: o link entre estratégia e resultado. Temos que ser hábeis em comunicar e mostrar também visualmente o que comunicamos. Dizer que determinada campanha teve cobertura em rede nacional, com matéria de três minutos no Fantástico não diz muita coisa para o jurado da Romênia, dos EUA ou Reino Unido. É preciso, por exemplo, demonstrar o que três minutos no Fantástico representam em termos de prestígio para a construção da reputação.