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Patrocínio não é um 'auxílio emergencial'

Tem muita gente boa desenvolvendo a performance individual para ter mais visibilidade e isso aumenta as chances de retorno do investimento.


Ao navegarmos alguns minutos por dia no Instagram, nos deparamos com centenas de influenciadores digitais mostrando os seus recebidos do dia e apresentando marcas que, às vezes, nem sabíamos que existiam. 

De alimentos a cosméticos, passando por calçados e vestimentas, dentre diversas outras opções, a publicidade e propaganda, quando vinda de subcelebridades e pessoas que admiramos nas redes sociais, tem um peso que não se pode medir. Porém, o que pouca gente sabe é que a via é de mão-dupla.

Lido todos os dias com atletas amadores que sonham em ser patrocinados e desejam encontrar marcas interessadas em ajudar a pagar os custos de sua preparação, bem como dar apoios que fogem ao tradicional, como oferecer cursos de línguas, auxílio psicológico, aulas particulares de personal trainer ou consultas com nutricionistas, por exemplo, mas nem todos compreendem que há uma contrapartida que precisa ser seguida à risca. 

Tenho a sensação de que atletas em início de carreira veem o patrocínio como um dinheiro fácil, conquistado simplesmente pelo seu esforço físico.

Patrocínio não é um “auxílio emergencial”. É preciso ter muito claro uma coisa na cabeça: na maioria das vezes, quando as marcas resolvem apostar em alguém, elas direcionam o comportamento que essa pessoa precisa ter na vida. 

No caso dos esportistas, elas dão uma orientação do que esperam do atleta dentro e fora das quadras, nas suas plataformas de conexão on-line, na sua postura e modo de agir diante de situações conflitantes. 

No seu jeito de falar, de se expor e de se apresentar para um público, uma vez que o patrocinado representa os valores e objetivos da marca. É nessa hora que falta um pouco de atenção dos desportistas, pois muitas vezes não sabem como prosseguir. 

Por outro lado, acredito também que a mentalidade das empresas precisa de um olhar diferenciado. Não é segredo que as marcas preferem apostar em pessoas que estão na crista da onda, em jogadores que se destacam, que possam ser formadores de opinião, chamar a atenção de uma comunidade e gerar mais vendas.

Como a rotatividade é alta nesse meio, não há necessidade de se fazer investimentos de longo prazo. Concordo com este posicionamento, mas a meu ver, confiar em jovens atletas tende a ter um retorno e um caminho mais consistente ao longo dos anos.

Tem muita gente boa desenvolvendo a performance individual para ter mais visibilidade e isso aumenta as chances de retorno do investimento. 

Imagine uma menina de 12 anos que pratica skate ser patrocinada por uma marca de tênis legítima, que sempre se envolveu na causa esportiva e tem histórico conceituado no segmento. 

Ela não só passa a acreditar no seu sonho, como a ter uma relação muito cedo com a empresa, criando identidade nos ambientes em que frequenta e desenvolvendo um estilo próprio, que ainda que mude com o passar do tempo, vai fazer parte da sua história para sempre. 

É uma necessidade momentânea pensar em patrocínio apenas pela exibição de uma marca. Ter atletas que se comuniquem bem em seu nicho de atuação é sinônimo de sucesso, pois prolonga no tempo o relacionamento da marca com o atleta e o esporte. 

Nesse círculo vicioso, todos os envolvidos precisam andar juntos para conseguir reconhecimento e o engajamento que pretendem alcançar.  

No mercado, existem diferentes plataformas dispostas a conectar todas as pontas do esporte e estimular o relacionamento entre os profissionais e os clubes, faculdades, confederações e players do setor. 

Quem procura por essas instituições está a um passo à frente de sair da zona de conforto e mergulhar de cabeça em resultados firmes e duradouros. Dessa forma, entendo que há espaço suficiente no mercado e desejo sucesso a todos que estão nesse jogo.