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As lives vieram pra ficar!

Na minha opinião, as lives são o formato que mais se assemelha à urgência do contato social pessoal que nos foi privado em tempos de quarentena.


As lives são uma das maneiras de se expressar, assim como várias outras ferramentas que as plataformas sociais nos têm dado para criar conteúdo e interagir com nossa comunidade. 

Stories, vídeos longos e curtos, mensagens instantâneas… todos estes formatos atendem a esta necessidade. Mas por que, então, o atual boom desse formato? 

Na minha opinião, as lives são o formato que mais se assemelha à urgência do contato social pessoal que nos foi privado em tempos de quarentena. O ao vivo. Em tempo real, eu falo, você me escuta e interagimos atendendo ao desejo de estarmos aqui e agora, acertando o ponto de encontro dentro do tempo mesmo que em lugares diferentes.

Não é novo. Não seria leviano considerar que a tendência dos streamers, muito visto no mundo dos games e e-Sports, por exemplo, já era um prenúncio do que já se imaginava que seria um mundo onde as lives seriam cada vez mais populares. 

Todas as plataformas, nos últimos anos, apostaram no ‘ao vivo’ e muitas têm crescido exponencialmente por terem sua essência nisso. Como é o caso do Twicht, por exemplo. Mas é inegável que a pandemia em que vivemos acelerou a popularização.

Um estudo feito pela ViU Hub levantou que o YouTube teve um crescimento mensal (CMGR) em views de 15,7% de janeiro a abril de 2020. No Instagram, a menção da palavra “live” nos posts teve um crescimento de 277% no mês de março, comparado com o mês anterior. No Facebook, 84%. 

Além da aceleração, o isolamento social ainda ajudou a definir padrões para o formato, inclusive estéticos. Será que se não fosse a restrição de estarmos o máximo possível em casa, salvo urgências essenciais, a tendência das lives iria considerar conteúdos feitos dentro de uma narrativa intimista dentro de casa?

Exemplos de artistas criando grandes cenários para as lives de seus shows podem indicar que não. Alguns, inclusive, foram duramente criticados por ainda tentarem incluir uma estética ‘televisiva’ ou ‘de palco’ para o que muito funciona na simplicidade. 

O público, no contexto em que vivemos, entende que dentro daquele entretenimento num novo modelo, a estética da superprodução foge do que seria plausível: Quantas pessoas foram necessárias para colocar aquela estrutura de pé? Quantas pessoas estão aglomeradas para produzir aquele conteúdo? 

Mas essa característica das lives estarem sendo gravadas dentro das casas, com cenários íntimos, por exemplo, é um legado que a quarentena trouxe para essa nova Era.

Este é, inclusive, um novo momento de acesso à intimidade de figuras públicas. Você imaginava um dia conhecer a cozinha de Ivete Sangalo? Isso ajuda a tornar ainda mais democrático o formato ao dar a licença de estarmos todos, sem exceção, naquela posição de atração e criador daquele conteúdo ao vivo. 

Marília Mendonça pode fazer seu show da sala de sua casa, de chinelo, e alcançar 3,3 milhões de espectadores simultâneos e eu posso fazer o mesmo para a minha comunidade dentro da simplicidade do que eu posso oferecer.

Já está madura e clara a ideia de que pessoas e marcas, independente do número de seus seguidores, exercem influência em seus círculos e comunidades. Daí, vem outro catalisador: aprendemos que o formato pode ser usado a nosso favor ao engajar nosso público, seja qual for o nosso objetivo. 

Não é só pros grandes. E isso alimentou a efervescência dos tipos de conteúdo em lives: as aulas de Yoga; as lives de pequenas lojas de roupa para exemplificar os looks que podem ser comprados on-line (o shop streaming); as recentes lives do LinkedIn para o conteúdo mais corporativo; as transmissões ao vivo do Fla-Flu atingindo recorde mundial, a live-Tinder nas madrugadas do Instagram, … até as ‘live-festas’ mais restritas, com acesso frente a pagamento de ingresso (modelo de monetização que vai além do clássico insert de logo e QR code na tela).

Mas pra fazer do jeito do certo é importante entender o contexto. Que história vai ser contada? Pra quem? Por quem? Isso também define os próximos passos: escolher bem a plataforma, e, então, utilizar bem das possibilidades da ferramenta. 

Ainda poucas colocaram o público que ali assiste o conteúdo para o coprotagonismo que o formato permite por meio dos comentários, por exemplo. Mas a maioria já entendeu que respeitar a regra de autenticidade do conteúdo é uma exigência. 

De toda maneira, a dúvida que todos se fazem hoje é: As lives vieram pra ficar? Ou este sucesso atual é em função do isolamento?

Estamos há mais de 100 dias vivendo esta experiência. Considerando que o movimento é antigo, mas que foi fortemente acelerado pela pandemia, acredito que a resposta passa pela certeza de que sempre teremos, sim, o formato muito presente na estratégia de marcas, artistas e profissionais com o objetivo de engajar suas comunidades, mas que uma provável acomodação do grande volume virá aos poucos. 

Depois do boom, as coisas vão se ajustando, e, de fato, os grandes shows, eventos e  experiências em que o contato físico e a aglomeração são intrínsecas a seus formatos entrarão em equilíbrio com as lives.

Somos Seres sociais e estar com outras pessoas sempre será uma prioridade em um contexto de normalidade. Mas o que será a normalidade daqui pra frente? 

Fato é que aprendemos que engajar nossa comunidade em experiências ao vivo não necessariamente precisa ser limitado ao espaço, não precisa ser caro e qualquer um pode fazê-lo. Veremos o mercado e o futuro trabalharem para modular novos formas de continuar aplicando as lives para o grande objetivo de sempre: se conectar.

Eu, Thiago Cerqueira, homem negro, líder de Negócios e Projetos Digitais na ViU Hub, do Grupo Globo, tive a oportunidade de criar e estruturar projetos de entretenimento e estratégias multiplataforma de branded  content por meio de marcas globalmente reconhecidas como a Globo, MTV, Disney, Fox e Nickelodeon. Hoje, participo da Ocupação Promoview.