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Após polêmica, Balenciaga anuncia doação a ONGs em favor das crianças

Os anúncios foram produzidos com o objetivo de promover itens em sua linha de presentes

Após se colocar no centro de uma polêmica mundial a grife de luxo Balenciaga anunciou, conforme relatado pelo portal de notícias TMZ.com, que decidiu não entrar com uma ação legal abandonando o processo de 25 milhões de euros contra a empresa de marketing North Six. A agência criou uma campanha publicitária usando crianças cercadas por parafernália sadomasoquista, que retirou às pressas logo depois.

A desistência foi comunicada pelo presidente e CEO da empresa, Cedric Charbit em um comunicado nas redes sociais na sexta-feira. No mesmo post o CEO da  fundada em 1919 em San Sebastián e atualmente sediada em Paris explicou que “o atual processo de validação de conteúdo da empresa falhou” e acrescentou que criará um comitê encarregado de avaliar todos os aspectos do conteúdo no futuro.

A empresa diz que também está trabalhando com uma agência para avaliar melhor seus projetos, entre outras mudanças em toda a empresa.

Charbit encerrou dizendo que a empresa reservou um “fundo significativo” de 25 milhões de Euros para doações a ONG´s que beneficiam a proteção de crianças reforçando, mesmo que tardiamente, que Balenciaga não tolera “nenhum tipo de violência e mensagens de ódio”.

Entenda o Caso

Há tempos a grife Balenciaga vira notícia por provocar polêmicas

Primeiro foi um tênis destruído vendido por cerca de R$ 10 mil, depois um saco de lixo, usado por refugiados de guerra, que também foi lançado e provocou delírio entre influenciadoras famosas. Sim, tem gente que compra esses objetos por amor a uma marca (uma das loucuras do capitalismo).

Agora, a grife espanhola foi longe demais. E resolveu “brincar” com um assunto muito sério e que não permite nenhuma brincadeira: o abuso infantil. Sim, você leu certo. 

Fotos:-Divulgação / Gabriele Galimberti.

Eles lançaram na semana passada uma campanha na qual crianças seguravam bolsas em formato de ursinhos de pelúcia que fazem referência à práticas de BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo). São acessórios com fitas de couro e tachinhas, além de correntes e outros objetos que causaram revolta aos internautas quando associados com imagens de crianças.

A repercussão no twitter foi péssima:

Nas redes sociais, muitas pessoas pedem o boicote à marca. E, dessa vez, a grife percebeu que as críticas eram sérias. Ao invés de responder com as frases que costumam usar, tipo, “adoramos um escândalo de moda“, eles retiraram a campanha do ar e pediram desculpas.

Pedimos as nossas sinceras desculpas por qualquer ofensa que a nossa campanha de Natal possa ter causado. As nossas malas-urso-de-pelúcia não deviam ter sido mostradas com crianças. Removemos a campanha em todas as plataformas.”

Sobre o fotógrafo da campanha

Segundo o Daily Mail, Galimberti já foi destaque em grandes e importantes veículos de comunicação, como National Geographic, The Sunday Times, Stern, Geo, Le Monde, La Repubblica, entre outros. O trabalho dele também já foi exibido em museus na Inglaterra e na Suíça.

Internautas entraram no Instagram do fotógrafo para criticar a sessão de fotos com crianças para a Balenciaga e ele publicou uma nota, falando sobre o caso.

“Depois das centenas de e-mails e mensagens de ódio que recebi como resultado das fotos que tirei para a campanha da Balenciaga, sinto-me compelido a fazer esta declaração. Não estou em condições de comentar as escolhas da Balenciaga, mas devo ressaltar que não tive direito, de forma alguma, nem de escolher os produtos, nem os modelos, nem a combinação dos mesmos. Como fotógrafo, me pediram apenas e exclusivamente para iluminar a cena em questão e tirar as fotos de acordo com meu estilo de assinatura. Como de praxe em uma sessão comercial, a direção da campanha e a escolha dos objetos expostos não estão nas mãos do fotógrafo. Desconfio que qualquer pessoa propensa à pedofilia busca na web e, infelizmente, tem acesso muito fácil a imagens completamente diferentes das minhas, absolutamente explícitas em seu péssimo conteúdo. Linchamentos como esses são dirigidos contra alvos errados e tiram o foco do problema real e dos criminosos. Além disso, não tenho nenhuma ligação com a foto em que aparece um documento da Suprema Corte. Essa foi tirada em outro set por outras pessoas e foi falsamente associada às minhas fotos”, alegou.

Sobre o documento ao fundo da foto

Um internauta muito atento descobriu um detalhe ainda mais bizarro nas fotos. 

Uma delas tinha um papel, contendo um trecho da opinião da Suprema Corte dos Estados Unidos, de 2008, no caso Estados Unidos v. Williams. O texto trazia parte de uma lei federal de pornogafia infantil.

Eles também tentaram tirar o corpo fora, falando que os documentos sobre pedofilia não deviam estar no set e não foram aprovados pela marca: “Pedimos desculpa por mostrar documentos perturbadores na nossa campanha. Levamos este assunto muito a sério e estamos tomando medidas legais contra os responsáveis pela criação do set e por terem incluído itens não aprovados para a sessão fotográfica da nossa campanha de primavera“.

 

Esta matéria foi tema de um dos episódios do Podcast Resumão Promoview, ouça o corte abaixo: