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A mudança no mix de lojas e categorias nos shoppings brasileiros

A crise afetou claramente o potencial de consumo dos brasileiros, e os segmentos que mais sentiram nos shoppings foram os de vestuário, artigos esportivos, joalherias e calçados.

Um dos efeitos da crise nos shoppings, além do crescimento da vacância é a mudança no mix de lojas e suas categorias.

A crise afetou claramente o potencial de consumo dos brasileiros, e os segmentos que mais sentiram nos shoppings foram os de vestuário, artigos esportivos, joalherias e calçados. Para quem frequenta shopping é claro o aumento de número de lojas fechadas mesmo nos shoppings mais tradicionais.

Além disto o número de shoppings continua crescendo, ocasionando ainda mais oferta em um cenário com menor demanda por abertura de lojas. Neste ambiente de negócios, os shoppings identificaram quais os segmentos que ainda estavam buscando abertura de lojas, para diminuir sua crescente vacância.

Alimentação, serviços e entretenimento começaram então a ganhar um espaço relevante nos melhores corredores dos shoppings, e, nos últimos anos, podemos identificar claramente a mudança de categorias, transformado os shoppings em locais de alimentação, serviço e entretenimento em detrimento das tradicionais categorias de consumo.

Comparando 2018 a 2017 o segmento de vestuário fechou 48% mais lojas do que abriram, artigos esportivos 11%, joalheria 7% e calçados 6%. Em contrapartida, serviços abriram 47% mais lojas do que fecharam, alimentação 36%, presentes e artigos para casa 5% e lazer 4% segundo levantamento do Ibope.

A participação de alimentos vem crescendo tanto, que em muitos shoppings vemos a abertura de novas praças de alimentação e em alguns mais de uma praça, restaurantes abrindo no meio dos tradicionais corredores de consumo e em novos espaços abertos desenhados especialmente para alimentação.

Em alguns shoppings, atualmente, a área de alimentação é certamente uma das que mais fatura dentro do shopping.

O entretenimento cresceu muito também com teatros, cinemas, parques infantis, livrarias e outras atividades em grandes áreas dentro do shopping.

Serviços também estão ganhando uma participação relevante com diversos tipos de franquias que conseguiram ir para o shopping em função de melhores negociações de custo de ocupação.

Dentro do segmento de alimentação, que posso falar com mais propriedade, esta nova configuração traz algumas preocupações para o segmento, como a gestão do mix de restaurantes, pois vemos muitas vezes praças de alimentação com um número grande de lojas oferecendo o mesmo tipo de alimentação (japonesa, pizza, hamburgueria, churrasco etc.) e com muitos casos em espaços lado a lado e obviamente com o aumento da oferta de alimentação versus o fluxo dos shoppings que ao contrário está praticamente estável.

Nesta relevante alteração do mix dos shoppings, como os seus clientes e consumidores estão se comportando? Começamos a ver shoppings com seu fluxo de consumidores em função das ofertas de alimentação e entretenimento em detrimento de um espaço de compras.

Hoje temos shoppings que basicamente têm um grande fluxo no horário do almoço durante os dias da semana.  Fora deste horário, o fluxo é extremamente baixo. Outros, o fluxo está muito mais concentrado nos finais de semana em horários específicos de almoço, jantar e nos horários de cinema e teatro. E como ficam as demais lojas? 

Sem dúvida os shoppings estão se adaptando a uma nova realidade de consumo do brasileiro e optando por ser um espaço de alimentação e lazer, mas é importante neste novo cenário, entender qual o novo mix ideal de lojas e categorias para que se tenha um bom ambiente de negócio sem deixar o crescimento de um categoria ter uma oferta muito acima da demanda do shopping.

Este é um desafio para estes próximos anos visando garantir a sobrevivência dos shoppings e suas lojas, e tantos que ainda estão em planejamento.