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A bandeirinha

São muitos, os detalhes relativos ao espetáculo, que me incomodam como torcedor, como profissional da área de marketing do esporte e como cidadão


Calma pessoal.

Não se trata de um texto homofóbico, afirmando que a função de bandeirinha, não é adequada para mulheres, por exemplo, ou qualquer outro gênero.

Me refiro à bandeirinha. Sim, aquela que fica, na intersecção da linha lateral e a linha de fundo em nossos estádios.

Pois-bem, este simpático símbolo de uma área do campo de jogo, de onde podem sair lances fantásticos – os gols olímpicos são inesquecíveis pela sua plasticidade e pela destreza de quem bate na bola – estão agora sofrendo toda a violência, que nossos atletas, mais chegados ao MMA do que ao futebol, andam distribuindo às pobres coitadas.

Não é raro ver, na comemoração de um gol, um atleta correr à bandeirinha, saltar e acertar um chute na coitada.

Uma covardia.

No passado, os mastros das bandeirinhas, eram de madeira e aí, a conversa era outra.
Hoje o material é muito flexível e o atleta não sofre nenhum tipo de lesão, com o chute.

Uma curiosidade.

Me lembro uma vez estava no Maracanã, assistindo  um jogo do Rio/São Paulo, também conhecido como Torneio Roberto Gomes Pedrosa, quando o ponta esquerda de um time paulista, foi bater o escanteio, errou a bola, chutou a bandeirinha, caindo imediatamente ao chão, se contorcendo em dores.

Mas deixemos as histórias do futebol do passado, e voltemos à nossa conversa.

Com o mando de campo, hoje, as equipes costumam usar as suas bandeiras, nos mastros das bandeirinhas de corner.

Ora ora, quando este tipo de ação acontece, é com o jogador adversário, chutando a bandeira de seu rival.

E, meus amigos, sabe o que acontece?

Nada.

No máximo, caso a bandeira caia, a gandula vai lá, e a põe no lugar.  E ficamos assim.

Mas, Luiz, você está se tornando um chato com estes seus comentários.

Pode ser, respondo eu.

Mas é a partir destes pequenos detalhes impunes, que começamos a desrespeitar o principal interessado no espetáculo: aquele que paga o ingresso.

Ah, mas os caras não estão nem aí para isso.

Concordo, mas na medida em que chutar a bandeira adversária pode e não é punida a ação, começamos a pisar num terreno pantanoso, não é verdade?

Estamos numa fase de criação de uma liga dos clubes, onde torcedores ardorosos, travestidos de dirigentes, brigam para tentarem se entender. É a festa do estica e puxa, e tudo sob o conceito de construirmos um futebol profissional de melhor nível.

São muitos, os detalhes relativos ao espetáculo, que me incomodam como torcedor, como profissional da área de marketing do esporte e como cidadão:

1.    Por que executar o Hino Nacional, se ninguém canta, nem presta atenção. Nossos atletas são ídolos, e como tal, deveriam cantar o hino; pelo menos como exemplo;

2.    Os parentes dos mortos na pandemia de COVID 19, agradeceriam sinceramente, se o tal minuto de silêncio parasse de acontecer, já que não tem ninguém em silêncio mesmo;

3.    Fez gol, tirou a camisa: amarelo. Três cartões: igual a dia de descanso. O patrocinador fica sem a exposição da marca, o torcedor sem poder ver seu ídolo;

4.    Entrevista coletiva ao final do jogo, tem: sapato, garrafinha, boneco, logo no microfone.  Resultado: uma imagem horrorosa, pela qual o assinante pagou, em muitos casos;

5.    Vou citar somente mais uma, pois fica muito chato este papo: o tal chute na bandeirinha. Um baita desrespeito, a todos

6.    Mas, uma que merece ser citada. Uma vez fui assistir a transmissão de uma partida na MEU TIME TV. Que coisa horrorosa. Não se falavam os nomes dos jogadores adversários. O time fez um gol, e a narração foi ridícula. Mais parecia um novo tiro de meta. Podemos admitir que não haja uma vibração intensa, mas, simplesmente quase ignorar, é demais. 

Senhores, Senhoras e com tudo isso acontecendo em nosso dia a dia no futebol, como podemos esperar que se fale de um processo de modernização, aqui em nosso país?

Para que isso seja possível, minha sugestão é iniciarmos com a disseminação de 3 conceitos: respeito, educação, e principalmente, o papel do ídolo, como formador de cidadãos, que verão nele, um espelho a ser seguido.

Depois que esta base estiver mais bem estruturada, aí poderemos começar a falar de profissionalização, marketing do esporte e outros temas mais sofisticados.

Até a próxima.