Paula D'Almeida

A sua gamificação engaja ou só distrai?

Em quase toda ação de brand experience hoje em dia, é certo que iremos encontrar algum deles: a famosa roleta de prêmios, a máquina de garra ou o jogo da memória no totem digital. E claro, no fim do desafio, não pode faltar o brinde: mais uma garrafinha com a logo da marca estampada.

O problema? Muita gente tem chamado isso de “experiência gamificada” — quando, na real, o que vemos é uma ação de brinde embalada com buzzword.

gamificação
Imagem: Freepik/Reprodução

Sim, é tentador, afinal quem não ama um brinde? E para nós (time do backstage) eu sei que é difícil resistir a métricas de vaidade como “1000 garrafinhas distribuídas”…

O lance é: precisamos admitir que distribuir brindes por um jogo da memória não é difícil. O difícil é fazer com que essa garrafa não vá direto pro fundo da despensa junto com outras vinte. O desafio real é fazer com que aquele jogo seja mais do que uma distração rápida – que ele ensine algo, crie conexão, gere memórias, deixe rastro.

Gamificação não é só “colocar um jogo dentro do seu evento”

O problema é que o termo foi ganhando hype – e como tudo que vira moda, em algum momento perdeu um pouco do seu sentido. Gamificação de verdade é sobre criar um match perfeito de motivação e envolvimento emocional que movem comportamentos.

Na neurociência, isso acontece porque o cérebro humano adora gatilhos como desafio, progresso e recompensa. Somos movidos por metas claras e sensação de conquista. Mas acima de tudo: somos movidos por boas histórias.

Aliás, é exatamente isso que os melhores jogos fazem. Não é à toa que alguns viraram séries (como por exemplo o famoso “The Last of Us”). A base de fãs nasce quando o game entrega narrativa, contexto e propósito para todo aquele esforço.

Sem história = sem gamificação

Nesse caso, podemos continuar chamando apenas de “jogo”, de interação ou de dinâmica de prêmios mesmo – e tá tudo bem, não devemos demonizar nenhum desses termos, desde que saibamos qual resultado estamos buscando com eles.

Quando levamos o conceito de gamificação para o marketing e o brand experience, muitas vezes esquecemos o mais importante: o storytelling.

Quando falamos de gamificação não tem como não surgir o nome do Duolingo na roda de conversa. E apesar de todos os gatilhos geniais de recompensas, push ups agressivos e sistema de níveis, a coruja verde só virou o ícone que é porque é consistente, cheia de personalidade e com um universo de marca muito bem amarrado. O app funciona porque mistura storytelling e storydoing com maestria.

A reflexão que eu quero provocar aqui é que a virada não está no jogo. Está no enredo.

O jogo da memória, a máquina de soco, a máquina de garra e tantos outros desses games que viraram clássicos em feiras e eventos, são ferramentas que você pode utilizar – mas que precisam fazer parte de algo maior quando falamos na real gamificação. E quando a gente entende isso, o jogo muda.

Paula D'Almeida
Paula D’Almeida

Brand Experience

Cofundadora e CMO do Grupo if, grupo referência no mercado de live marketing com a if Agência e sua comunidade “if Lab” para profissionais de Brand Experience. Paula é publicitária formada pela ESPM, com extensão em neuromarketing pela IBN e especialização em Estratégias de Marketing e Inovação pela University of Akron (USA). Possui 7 anos de experiência no mercado de eventos e live marketing e desde que fundou a if Agência já atuou ao lado de grandes marcas, como Ambev (Corona, Beats, Brahma, entre outras), PUIG e Sony Music.

Cofundadora e CMO do Grupo if, grupo referência no mercado de live marketing com a if Agência e sua comunidade “if Lab” para profissionais de Brand Experience. Paula é publicitária formada pela ESPM, com extensão em neuromarketing pela IBN e especialização em Estratégias de Marketing e Inovação pela University of Akron (USA). Possui 7 anos de experiência no mercado de eventos e live marketing e desde que fundou a if Agência já atuou ao lado de grandes marcas, como Ambev (Corona, Beats, Brahma, entre outras), PUIG e Sony Music.