Paula d'Almeida

Em uma era de Labubu e Bobbie Goods, como prever o futuro do marketing?

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Labubu

Vivemos em uma era em que a próxima tendência parece sempre nascer do improvável. De Labubus a Bobbie Goods, passando pelo (já saturado) morango do amor, o que estoura muitas vezes nos soa imprevisível — ou pior: raso, sem sentido.

E claro, como o comportamento humano é a base do nosso trabalho, é natural começarmos a nos fazer algumas perguntas: para onde estamos caminhando? Qual será a próxima? E, afinal, como tomar a decisão de participar ou não da “próxima trend” antes que percamos o timing? Será que criar ações de marketing em cima de tendências vale o budget?

Em primeiro lugar (e talvez mais importante): é preciso entender que tendências não são fenômenos isolados.

O real valor está em perceber o elo em comum entre elas. Por que algo viralizou? Qual comportamento humano está sendo traduzido ali? O insight nunca está no modismo em si, mas no desejo coletivo que ele representa.

Uma trend raramente fala sobre o “produto” — ela fala sobre as pessoas. Bobbie Goods, por exemplo, se tornou esse ícone viral em um momento onde buscamos cada vez mais experiências manuais, que desaceleram e nos trazem para o momento presente — você provavelmente também viu alguém nos stories se envolvendo com outras atividades como cerâmica ou até encontros para pintar taças de vinho com as amigas. Acertei?

Isso porque depois de vivermos alguns anos de extrema aceleração digital, estamos buscando voltar para um mundo mais slow – nem que seja por alguns minutos, para ter aquele “gostinho” de apreciar a vida fora das telas.

O polêmico Labubu carrega também um pouco dessa nossa vontade de “voltar ao passado” — afinal, estamos vendo adultos obcecados por um boneco misterioso. Ele também vem como um reflexo da estética do absurdo que diverte em tempos de saturação.

Existe uma teoria antiga e poderosa sobre o movimento pendular do comportamento humano que diz que nossa mentalidade como sociedade oscila entre extremos. Se vivemos uma era acelerada, obcecada por métricas e produtividade, o próximo passo natural será buscar o contemplativo. Do mesmo modo, se estamos mergulhados no digital, ansiamos por experiências físicas, sensoriais, tangíveis. Isso também vale para ideologias políticas que “dominam” o mundo de tempos em tempos, sem nunca conseguirmos parar no “meio termo” – mas deixo esse papo para outros espaços.

Essa lógica ajuda a prever não exatamente “qual será a próxima trend”, mas qual direção o pêndulo está prestes a tomar.

Entendendo isso, podemos nos aproximar de uma resposta para a pergunta de milhões:

Afinal, entrar ou não entrar na trend do momento?

A grande armadilha dos profissionais de marketing está em viver apenas de trends. Se a identidade da sua marca depender de uma trend isolada, prepare-se: você vai morrer junto com ela (e trends isoladas morrem rápido). Por outro lado, ignorar o movimento do comportamento humano é receita certa para o fracasso.

O segredo está em encontrar a balança entre consistência e adaptabilidade. Sua marca precisa acompanhar os desejos do consumidor, mas sem abrir mão daquilo que a torna única. Sim, algumas vezes faz sentido entrar na trend, mas o que sempre funciona é entender como a macro tendência pode se materializar na sua narrativa.

Pergunte-se: qual é o desejo humano por trás desse movimento? E como isso se conecta, de forma autêntica, ao meu propósito de marca?

De forma prática: sua marca pode entrar ou não na trend dos Bobbie Goods, mas ela definitivamente deve buscar algum lugar que faça sentido no mundo das experiências físicas, sensoriais e de um modo de vida “mais presente”. Talvez seja Bobbie Goods, talvez seja outra coisa, talvez seja algo único que você vai liderar.

Prever o futuro do marketing não significa adivinhar o que viralizará amanhã. Significa exercitar uma escuta atenta, entender os sinais sutis e perceber que, por trás da estética caótica das trends, existe uma lógica clara: somos seres em busca de equilíbrio.

A cada excesso, nasce o oposto. E entre um extremo e outro, está o espaço onde as marcas mais inteligentes conseguem se posicionar: não apenas surfando ondas, mas ajudando a desenhar a maré.

Paula D'Almeida
Paula D’Almeida

Brand Experience

Cofundadora e CMO do Grupo if, grupo referência no mercado de live marketing com a if Agência e sua comunidade “if Lab” para profissionais de Brand Experience. Paula é publicitária formada pela ESPM, com extensão em neuromarketing pela IBN e especialização em Estratégias de Marketing e Inovação pela University of Akron (USA). Possui 7 anos de experiência no mercado de eventos e live marketing e desde que fundou a if Agência já atuou ao lado de grandes marcas, como Ambev (Corona, Beats, Brahma, entre outras), PUIG e Sony Music.

Cofundadora e CMO do Grupo if, grupo referência no mercado de live marketing com a if Agência e sua comunidade “if Lab” para profissionais de Brand Experience. Paula é publicitária formada pela ESPM, com extensão em neuromarketing pela IBN e especialização em Estratégias de Marketing e Inovação pela University of Akron (USA). Possui 7 anos de experiência no mercado de eventos e live marketing e desde que fundou a if Agência já atuou ao lado de grandes marcas, como Ambev (Corona, Beats, Brahma, entre outras), PUIG e Sony Music.