Neste novo episódio do Na Escuta, Andrea Carril, CEO e fundadora da Agência People, compartilha com Cindy Feijó nos estúdios da MAXI sua sobre sua trajetória, que começou no universo das promoções e hoje a coloca à frente da entrega de projetos de brand experience para grandes marcas.
“Comecei a trabalhar em agência aos 18 anos, numa pequena agência de promoção. Foi uma bagagem importantíssima, que me ensinou a criar pilares positivos, transitar entre áreas e departamentos de forma leve e me preparou para grandes estruturas. Há 12 anos surgiu a People. Não foi algo muito planejado, mas sabia que tinha um desafio pela frente”, diz Andrea Carril.
Sobre a origem do nome e propósito da empresa, ela explica: “a People se chama People porque a ideia original era criar uma empresa de mão de obra eficaz. Percebi, pela minha experiência em promoção, que havia muita deficiência nos treinamentos e na dedicação às equipes. O foco sempre foi em pessoas.”
Andrea também detalha o crescimento da agência, que aconteceu com uma rapidez impressionante para o mercado: “clientes que conheciam minha trajetória começaram a me convidar para projetos e consultorias, e eu fui produzindo eventos inicialmente sozinha, depois com cinco pessoas, depois dez, até que, em um ano, passamos de oito para duzentas pessoas. Foi um crescimento orgânico, muito natural, baseado em proximidade com clientes, transparência e confiança, e isso nos trouxe o sucesso que temos hoje.”
Cases de destaque
Entre os projetos que mais marcaram a história da agência, a CEO primeiro destacou a parceria com a Disney e a criação do D23 Brasil. “Recentemente, tivemos a grande alegria de ser a agência escolhida para trazer o projeto D23 da Disney para o Brasil. Foi a primeira edição fora dos Estados Unidos, e fomos responsáveis por toda a criação, execução, concepção e planejamento logístico”.
Outro projeto que ocupa um lugar especial no coração de Andrea é o Mercado Livre Experience: “Fomos responsáveis por seis edições do MeliXP, quando ainda nem existia o nome Mercado Livre Experience. Tenho grande orgulho de saber que foi um evento concebido dentro da agência. Hoje ele se tornou referência, abrangendo logística, tecnologia, público e um ecossistema completo de empresas diferenciadas. É um projeto que começou pequeno e se tornou grandioso.”
D23
Andrea Carril compartilha os bastidores do projeto D23 Brasil – Uma Experiência Disney da Disney: “Foram 12 meses de preparo, muitas viagens e muito estudo para desenvolver o público Disney. Eu já sou fã da Disney, mas na primeira vez que participei de um briefing, fiquei paralisada. Estava em êxtase, ouvindo sobre sonhos e detalhes, que me impactaram como consumidora”.
Ela reflete sobre aprendizado do mundo mágico da Disney e adaptação para a realidade e perfils de público brasileiro: “Cada experiência que eu tinha como consumidora mudou meu viés de atuação. Passei a olhar fluxos, entradas, filas e bastidores, entendendo a preocupação da Disney com cada detalhe, algo que nem sempre é visível para o público. Independentemente de ser um projeto Disney, a premissa é encantar o cliente. Muitas vezes vemos agências distorcidas, se colocando no lugar do cliente”.
E completa: “as fontes são muito diferentes, mas sem dúvida, o encantar o cliente, como a Disney faz nos Estados Unidos, é singular. Operacionalmente, nós brasileiros gostamos de sentir o fio na barriga, de um certo ritmo para começar desafios. A D23 trouxe essa percepção para eles, e acho que curtiram saber que nem sempre é preciso acelerar cada fila. É um evento de grande massa, com muitas expectativas, mas há maneiras de lidar com o público brasileiro”.
Mudanças no setor de eventos e futuro do mercado
Andrea Carril reflete sobre o momento de maior mudança no setor de eventos e como esse fator reflete até os dias atuais e os desafios do mercado: “a pandemia foi um divisor de águas. Trouxe coisas positivas, porque nos fez valorizar momentos com a família, amigos e cuidar da nossa saúde. Ao mesmo tempo, trouxe fatores negativos. Hoje, a mão de obra está mais difícil e nem toda empresa consegue se adaptar 100%”.
Andrea Carril comenta sobre os desafios históricos do live marketing: “o live marketing sempre sofreu um pouco mais. No passado, havia uma divisão clara entre ATL e BTL, e as grandes agências de publicidade tinham estrutura e remuneração para campanhas, enquanto o BTL não. Isso ainda impacta nosso mercado, que engatinha em termos de regulamentação e valorização do trabalho.”
Ela também detalha os problemas das concorrências, que ainda é um dos grandes percalços do setor: “muitas vezes, clientes convidam 12, 15, 18 agências para um projeto, sem antecipação de recursos, e esperam que todas entreguem sem remuneração. E quando nenhuma ganha, algumas decisões são resolvidas internamente. Isso não é uma crítica aos clientes, mas um reflexo de processos desregulados.”
Sobre a perspectiva futura, ela afirma: “O mercado ainda é muito informal, o que desmotiva, mas seguimos em frente, apaixonados pelo universo do live marketing, acreditando que podemos melhorar e tornar o setor mais profissional e sustentável.”