O recente anúncio de Mark Zuckerberg sobre os planos da Meta de utilizar inteligência artificial para gerenciar integralmente o processo de publicidade digital acendeu um debate polêmico em nosso setor. A visão de um futuro onde empresas simplesmente definem seus objetivos e orçamentos, deixando a criação de anúncios, a segmentação de público e a análise de resultados nas mãos de algoritmos, é, sem dúvida, impactante. Como Diretor Geral da Agência MAK, acompanho essas movimentações não apenas com interesse, mas com um olhar crítico sobre as transformações que elas prenunciam para o ecossistema publicitário.
A promessa da Meta é ambiciosa: gerar imagens, vídeos e textos promocionais, identificar o público ideal com precisão cirúrgica e mensurar o desempenho das campanhas de forma automatizada. Os dados apresentados, como o aumento de 5% nas conversões em testes nos Reels e a adesão de mais de 30% dos anunciantes às ferramentas de IA já existentes na plataforma, sugerem um caminho promissor para a eficiência e, talvez, para a democratização do acesso a ferramentas publicitárias sofisticadas, especialmente para pequenos negócios que hoje podem ter barreiras de entrada significativas.
Contudo, essa automação levanta questões cruciais para agências como a nossa. Se a IA pode assumir todas as etapas operacionais, qual será o nosso papel? A comoditização dos serviços criativos e de mídia é um risco real. A ideia de que a estratégia, a criatividade genuína e a compreensão profunda das nuances culturais e comportamentais do consumidor possam ser totalmente replicadas por algoritmos me parece, no mínimo, uma simplificação excessiva da complexidade que envolve a construção de marcas fortes e relacionamentos duradouros com o público.
Na Agência MAK, encaramos essa evolução não como uma sentença de obsolescência, mas como um chamado à reinvenção. A tecnologia, incluindo a IA, deve ser vista como uma ferramenta poderosa, capaz de otimizar processos, gerar insights a partir de grandes volumes de dados e liberar nossos talentos para focarem no que realmente nos diferencia: a estratégia de alto nível, a criatividade disruptiva que toca corações e mentes, e a consultoria personalizada que entende as dores e os objetivos únicos de cada cliente. A IA pode executar tarefas, mas a concepção da grande ideia, a sensibilidade para o contexto e a capacidade de construir narrativas que geram conexão emocional ainda residem no intelecto e na experiência humana.
O desafio, portanto, não está em resistir à tecnologia, mas em integrá-la de forma inteligente, elevando o patamar de nossa entrega. Precisamos ser os maestros dessa orquestra tecnológica, utilizando a IA para potencializar nossa capacidade analítica e criativa, e não para substituí-la.
O futuro da publicidade não será dominado exclusivamente por máquinas, mas sim pela colaboração sinérgica entre a inteligência artificial e a insubstituível inteligência humana. Para as agências que souberem navegar nesta nova paisagem, adaptando-se e focando em valor estratégico e criativo, a era da IA representará não um fim, mas uma oportunidade de reafirmar sua relevância e entregar resultados ainda mais impactantes para seus clientes.
Acompanhe a coluna de Ti Bernardes, Diretor Geral da Agência MAK e referência no mercado de live marketing no Brasil. Com uma trajetória marcada por visão estratégica e inovação, o colunista compartilha insights sobre experiências de marca, tendências do setor e a construção de conexões sólidas com grandes marcas.
Acompanhe a coluna de Ti Bernardes, Diretor Geral da Agência MAK e referência no mercado de live marketing no Brasil. Com uma trajetória marcada por visão estratégica e inovação, o colunista compartilha insights sobre experiências de marca, tendências do setor e a construção de conexões sólidas com grandes marcas.