Grande expectativa para a terceira e última noite de shows na Fazenda Maeda em Itú, não só pelas atrações internacionais, mas também para que não se repitam os problemas de organização e infraestrutura até aqui. Quem foi à primeira noite do festival teve que enfrentar mudanças bruscas de temperatura e outros “inimigos”: o vento, a impiedosa poeira e as falhas técnicas. Sem falar das filas.
Mas parece o que o público não ligou muito para as notícias e mais de 56 mil pessoas, segundo a organização do Festival SWU, se espremeram na fazenda Maeda, em Itu, para o show da banda Kings of Leon, na noite do último domingo.
Formada pelos irmãos Caleb, Jared e Nathan Followill, e o primo Matthew Followill, os músicos de Nashville, no Tennesse, levaram o público ao delírio com as canções do disco “Come Around Sundown”, lançado neste ano, mescladas com os inúmeros hits do grupo.
No sábado (09/10), a maioria não parecia dar muita atenção aos problemas quando começaram os shows mais esperados, como Los Hermanos. Mas, às 22h15, quando o Rage Against The Machine subiu ao palco Ar, e começou a dedilhar as primeiras notas de “Testify”, tudo mudou.
Incentivados por declarações do guitarrista da banda, Tom Morello, que disse ser contra a segregação de pistas, como a premium, quem estava na área comum ameaçou invadir o espaço reservado à frente. Parte da grade de segurança no meio do palco começou a ceder, para desespero da organização.
Funcionários do evento levaram ferros, paus e até cordas para tentar segurar o público ensandecido. O show foi interrompido. Nem os pedidos de paz do vocalista Zack de La Rocha serviram para acalmar os fãs, que também esperavam ansiosamente há 15 anos por uma apresentação da banda no país.
O Canal Multishow estava com uma suíte no meio do tumulto e teve que interromper a transmissão ao vivo que realizava, pois seus equipamentos foram quebrados. No palco, para agravar a situação, após retomarem os microfones, houve mais de uma falha no sistema de som no equipamento do lado esquerdo do palco que desligou por alguns minutos. As placas de proteção do gramado em frente ao palco começaram a ser quebradas para tentar aplacar as grades, que começaram a ceder cada vez mais.
No final, muitas pessoas que compraram passagens para os ônibus oficiais do evento não conseguiram embarcar e passaram a madrugada ao relento ou se abrigaram no restaurante Maeda, que funciona 24 horas. Para aplacar o frio de 11 graus –o vento intenso dava uma sensação de menos– as pessoas se mobilizaram para improvisar pequenas fogueiras de protesto no meio da estrada, agravando a situação, pois a via ficou interditada em alguns pontos. Inúmeros relatos de violência circulam pela internet.
Denominado como um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade o SWU (Starts With You – Começa Com Você) não conseguiu manter esta imagem. É grande a reclamação de preços elevados e até mesmo a cerveja Heineken, oficial do evento tem seu preço variando ente 5 e 7 reais e lanches ( pão com carne) por 10 reais. Outra cena deprimente foi a de pessoas revoltadas atirando pedaços de pizzas frias e cruas (que custam R$ 8) em direção aos vendedores.
Já no domingo (10/10), a situação melhorou e não foram registrados maiores problemas, especialmente na saída do público. A grande briga foi mesmo pelas longas filas, preços exorbitantes cobrados, sinal fraco de telefones celulares e pela ineficiência do sistema de banheiros, fato que transformou a área de shows em um grande mictório, deixando o público feminino sem alternativa.