Com ID anônima

O segredo da vitrine da Polishop: tecnologia mapeia emoções e gera dados sobre quem passa

A inovação, que será exposta no Web Summit Rio, busca solucionar o problema da mensuração de dados nas experiências presenciais e pode ser aplicada em outros contextos além do varejo

Em um mercado cada vez mais voltado para a personalização e a experiência do cliente, empresas do varejo estão adotando abordagens inovadoras para se destacar. Uma delas é a Polishop que encontrou na plataforma Podash uma solução para se destacar.

Quem passa pela vitrine da Polishop do Shopping Ibirapuera talvez não note, mas há pequenas câmeras sob os televisores que exibem os produtos. Acopladas desde novembro do ano passado, o sistema captura dados sobre o comportamento dos clientes, incluindo o número de pessoas que passaram e suas reações emocionais ao ver os produtos.

Vitrine da Polishop no Shopping Ibirapuera

Assim, conseguem insights valiosos sobre o público-alvo, orientando decisões estratégicas relacionadas à exposição de produtos, horários ideais de exibição e personalização da experiência do cliente.

“Estamos enfrentando um momento de grande oferta, escassa atenção, vasta gama de opções e um excesso de informações. Quanto mais personalizado e alinhado ao nosso posicionamento, melhor – uma solução desse tipo pode resultar em relevância de marca, aumento do tráfego e expressivo crescimento nas vendas”, diz Rafael Pilat, Head de Marketing da Polishop.

A Podash, que será exibida no Web Summit Rio 2024, evoluiu e pode identificar também características demográficas como faixa etária e estilo de vestimenta. Vale ressaltar que o sistema está em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “Nenhuma informação pessoal é armazenada, apenas as expressões faciais são analisadas para fornecer insights estatísticos e aprimorar as estratégias de marketing”, enfatiza Vini Luiz, diretor de inovação da Orbital, empresa criadora da Podash.

Como a tecnologia funciona

A princípio, a solução oferecida pela empresa de tecnologia à Polishop foi a instalação de televisores e uma plataforma de gestão de vídeos para exibir produtos na vitrine. Neste processo, os desenvolvedores perceberam que não havia dados de quantas pessoas passavam por ali e quais produtos mais gostavam. Assim nasceu a ideia para algo a mais.

“A câmera contabiliza quantas pessoas estão passando em frente à loja, o que já dá alguns insights legais. Quando a pessoa olha para o televisor, isso também é contabilizado e o nosso sistema identifica as emoções dessa pessoa, se ela está feliz, triste, neutra”, explica Vini Luiz.

Sistema da Podash, acoplada às vitrines da Polishop

Atualmente, a Podash identifica outras informações, além das emoções. “O algoritmo consegue analisar faixa etária aproximada, a roupa que a pessoa está usando, se é uma pessoa que está dando mão para outra pessoa menor. Como resultado podemos direcionar o conteúdo certo para cada público. É uma vitrine inteligente.

Integração offline e online

Com esses dados, é possível entender quais produtos chamaram mais atenção das pessoas, horários ideais para exibir cada produto, fluxo de clientela, entre outros insights. O próximo passo para a empresa é instalar câmeras no interior da loja com o fim de cruzar as informações entre o cliente que passou pela vitrine e verificou os produtos no interior.

Para o diretor de inovação da Orbital, o cenário ideal é um dia conseguir cruzar os dados das vendas pelo site e pela loja física. Desde a pandemia, há uma tendência do varejo físico funcionar realmente como vitrine para as pessoas verem e testarem o produto. Por vezes, a compra é finalizada de casa. Assim, é difícil saber o quanto aquele PDV é relevante para o contato com o consumidor e a conversão em vendas.

“A gente ainda não foi para o marketing offline, que é um próximo passo. Com isso, a gente vai conseguir evoluir para até ajudá-los na comunicação em cada loja. Mas é legal porque a Polishop é um cliente que exige muito da gente para pensar coisas diferentes”.

Além da vitrine: onde essa tecnologia pode chegar?

O mapeamento das emoções das pessoas em tempo real é cobiçada no mercado de eventos. De acordo com o diretor, já existem projetos em andamento para aplicar a tecnologia em congressos. “Neste caso, usamos uma grande angular, que é uma câmera maior, que capta a emoção da plateia durante uma palestra, por exemplo. Assim, podemos identificar os pontos altos e baixos, avaliar o palestrante e o conteúdo em si, tudo isso em tempo real”.

Questionado sobre o que falta para essa tecnologia chegar a grandes festivais, como o Rock in Rio ou o Lollapalooza, o diretor de inovação respondeu “coragem”.

“Ninguém quer ser o primeiro, porque o investimento é grande e eles pensam que se ninguém está fazendo, ainda não é hora. Mas quando alguém começar a fazer e trazer esses dados para os anunciantes e evoluir com esses insights, os outros vão correr atrás. Quando você é muito grande você tem medo de arriscar, talvez até pelo medo de descobrir que o resultado prometido aos anunciantes não se concretiza na prática”.

Participação no Web Summit

Web Summit Rio, um dos principais eventos de tecnologia e empreendedorismo do país, será realizado entre os dias 15 a 18 de abril. Para a segunda edição, a expectativa da organização é de 30 mil presentes em 2024, superando os 21 mil registrados no ano anterior.

Quem passar por lá no dia 17 pode conferir, no estande da Orbital, a Podash em funcionamento. Além do equipamento, o espaço contará com um dashboard de acompanhamento para ver os dados em tempo real. A “all-in-one tech provider” marca presença também na Made in Brazil, que acontece entre 7 e 9 de maio, em Omã, no Oriente Médio.

Fotos: Divulgação