Seja você (sem fazer besteira)

A esta altura, quem já não ouviu falar em alguma crise ou demissão ocasionada por pisadas na bola em redes sociais? Mas no final, entre vida pessoal e profissional, será que é possível separar o executivo do escritório do cara do churrasco com os amigos? Mas acontece, que na verdade, ninguém precisa fazer essa distinção. Afinal de contas, todos nós somos diversas pessoas, em diferentes momentos da nossa vida.

Talvez tudo tenha a ver com uma questão de ser autêntico, sem fazer besteira – o mesmo conceito que existe há tempos no mundo. Para dar um help na hora de equilibrar isso tudo, conversamos com Paulo Henrique Lemos, analista de planejamento de redes sociais, que adiantou algumas dicas para administrar melhor o seu personal branding.

Vida em rede

Quando falamos em web, estamos na verdade falando de uma sociedade conectada no sentido amplo, em que uma parcela cada vez maior de nossos relacionamentos pessoais e profissionais é intermediada pela tecnologia digital. Hoje, essas interações (e o conteúdo que publicamos e consumimos) influenciam decisivamente nossa percepção sobre o mundo e as decisões que tomamos.

Literalmente, a rua está na mídia, e a mídia está na rua. As mídias sociais são apenas o ambiente onde essas interações são mais visíveis, pelo fato de acontecerem em público. Lá estão cada uma de nossas palavras, fotos, vídeos, parentes, amigos e colegas. Pegadas digitais da nossa passagem por ali. É muito cômodo falar em bom senso e oferecer listas prontas. E não faltam gurus autoproclamados fazendo isso. Mas o fato é que não há respostas prontas e soluções universais. Estamos todos aprendendo enquanto avançamos, via tentativa e erro.

Moderação X Credibilidade

Tudo que seus pais e avós ensinaram continua válido: peça licença, diga obrigado, evite palavrões, seja gentil, respeite o espaço e a privacidade das pessoas, assuma seus erros e nunca, nunca minta. Dentro disso, seja você. O mundo já tem limitadores demais e a sua personalidade é o que te torna único.

Pisadas na bola 2.0

As empresas precisam entender que em 90% dos casos, o que vaza de negativo para a web via funcionários, é a própria cultura da empresa: o que ela faz, como faz, com quem faz. Não por acaso, muitas empresas conseguem atrair os melhores talentos justamente divulgando sua cultura e seus valores. A Natura, no Brasil e a 37Signals, nos EUA, são ótimos exemplos. Do ponto de vista do funcionário, falar mal da empresa, por pior que ela seja, sugere imaturidade e falta de profissionalismo. Se você está insatisfeito, peça as contas e vá à luta. Erros acontecem em qualquer lugar, às vezes por acidente, às vezes por omissão. O importante é assumir, esclarecer, agir e seguir em frente.

Onde estar

Seja para uma pessoa ou organização, o aspecto social faz sentido apenas onde as pessoas estão. Isso quer dizer participar dos locais onde os seus temas de interesse estão sendo discutidos. Se você é um decorador de ambientes e quer tornar seu trabalho mais conhecido, primeiro você tem que identificar as pessoas que estão falando sobre o assunto, e em quais lugares estas discussões estão acontecendo (Blogs? Twitter? Facebook?). É importantíssimo aprender a ouvir e compreender as interações que já existem antes de tomar qualquer iniciativa.

Códigos de conduta

As políticas de comunicação das empresas tendem a ser significativamente customizadas. E isso é algo bom. Cultura, valores, hierarquia, processos e variedade de públicos internos e externos representam um grande desafio para as ações de comunicação. A fragmentação na maneira como as pessoas produzem e consomem mídia na web acaba tornando a empresa ainda mais “porosa”. É cada vez mais difícil determinar se uma informação está dentro ou fora dos muros do escritório. A realidade é que nenhuma empresa existe no vácuo: elas existem no contexto de uma sociedade. São formadas por pessoas e atendem a necessidades de outras pessoas.

Tudo junto

Cada rede costuma ter suas características próprias de compartilhamento e interação, assim como cada grupo de pessoas. Não acredito que exista problema em manter contatos com amigos e colegas de trabalho no mesmo ambiente. É necessário apenas estar ciente de que sua vida pessoal estará mais visível para as pessoas com quem você convive no ambiente de trabalho – e agir de acordo com isso.

Dicas (sem guru)

Dicas rápidas e listas são especialidades dos gurus do óbvio. O melhor conselho que eu posso dar é: SEJA GENEROSO. Se importe de verdade com as pessoas. Responda prontamente quando alguém te procurar, e tente ajudar. Se não puder, diga que não pode. Seja útil, contribua para a conversa. Ensine alguma coisa interessante, compartilhe uma informação relevante, reconheça, elogie e indique bons trabalhos. Faça por merecer a atenção que você recebe.

Fonte: Negócios Inteligentes – resultson.