Publicado originalmente em janeiro de 2014.
Por André Mota e Bia Badenes
Você já reparou que em profiles bombados do Tumblr, Facebook, e, principalmente do Instagram rolam – com uma frequência fenomenal – os pedidos de “troca de likes” (você curte a foto do amiguinho e ele curte uma sua para retribuir) e “seguir todos de volta” (segue a mesma lógica só que com o follow)? Quais seriam os gatilhos comportamentais que levam essa galera a agir desta forma?
Façamos um paralelo metafórico. Quando nós conquistamos alguma coisa, nossos familiares tendem a nos encher de elogios e carinho. Eles são próximos. Em muitas das vezes convivem com você. Desta forma, este reconhecimento – apesar de muito relevante – não te proporciona a realização máxima. Afinal, ser reconhecido por alguém que não possui qualquer relação de afeto contigo é a prova de que você criou algo realmente relevante.
É isso o que acontece nas mídias sociais atualmente. Basta acessar os perfis de celebridades como Neymar e Luciano Huck para se deparar com centenas de pessoas clamando por likes e followers para seus profiles adquirirem mais seguidores – que é igual a mais reconhecimento por algo.
A necessidade de autorrepresentação e aprovação social não é algo novo. Na verdade, o simples fato de vivermos em sociedade provoca essa necessidade, que acompanha a
humanidade desde a época em que os homens se pintavam nas paredes das cavernas e garantiam seu status matando o maior animal (ou algo parecido).
No entanto, com os avanços tecnológicos e o advento das câmeras frontais, ela tomou proporções totalmente diferentes. Não existe forma melhor de se autorrepresentar do que uma selfie bem tirada do seu smartphone, com a qual você pode contar sua história e construir sua própria personalidade digital totalmente editável. Como também não existe forma melhor de se mostrar socialmente aceito do que acumular os tão desejados likes e followers.
É neste contexto que surge a corrida por status nas redes sociais, em que as hashtags são usadas como “manobras de mestre”. Com o poder de catalogar todo conteúdo digital, elas são apropriadas pelos jovens do mundo inteiro para pedir – muitas vezes implorar – pela troca de likes e followers.
O mais interessante é que, até bem pouco tempo atrás, a autenticidade era pré-requisito para tornar algo legítimo. Por exemplo, se você pedisse explicitamente para se tornar o mais popular da sua turma de amigos, certamente não o seria. No entanto, em terra de redes sociais, tudo indica que implorar por popularidade não fere a legitimidade do status obtido.
Uma possível explicação para este fenômeno é o próprio cenário digital em que está inserido. Se, nele, conseguimos manipular a nossa identidade, talvez seja uma consequência natural que a aprovação social siga a mesma lógica. Mesmo que manipulado e nada autêntico, o acúmulo desenfreado de likes e followers tem grande valor social e o exaustivo apelo por eles é legitimado por grande parte dos internautas.
Exibicionismo, narcisismo, carência. Os motivos especulados para esse comportamento digital são muitos. Mas uma coisa é certa, a grande novidade nesta velha busca por aceitação e status é que agora ela é explícita e legítima. Nunca foi tão fácil tornar-se popular, bastam algumas visitas a perfis de famosos e três letrinhas: SDV (#SDV), abreviação para “Sigo De Volta”.