O maior evento náutico da América Latina não pode deixar de lado a preocupação com o meio ambiente. A Rolex Ilhabela Sailing Week conta com várias ações em seu programa, que incluem assinatura de petição pública para criação do Parque de Alcatrazes, palestras e reciclagem de todo o lixo gerado antes, durante e depois das regatas.
A competição conta com mais de 1.400 velejadores em 150 barcos. O número aumenta para seis mil pessoas incluindo staff, visitantes, patrocinadores e convidados.
São seis mil garrafas de vidro de cerveja, 12 mil copos plásticos, 1.000 latas de refrigerantes que são descartados após as regatas e festas de confraternização no Yacht, sem contar os materiais dispensados antes das montagens dos estandes e das áreas comuns, como papeis, plástico bolha e papelão. Por isso, o Yacht Club de Ilhabela (YCI) recolheu todos os resíduos diariamente e leva para cooperativas da região.
“O trabalho de reciclagem é fundamental para garantir a preservação da ilha. Nosso trabalho é orientar os velejadores quanto a coleta seletiva e ao melhor destino do lixo gerado. A adesão é em massa, já que esses atletas são ativistas ambientais também”, relata José Manuel Nolasco, diretor de vela do YCI.
Ilhabela é referência em preservação ao meio ambiente e tem apelo turístico com opções de laser como ecoturismo e cultura. A fauna e flora de Ilhabela estão na lista de atrações imperdíveis.
São 3.000 espécies de aves marinhas e migratórias que passam pela região. Neste fim de semana (07 e 08/07), por exemplo, os barcos que navegaram no Canal de São Sebastião foram acompanhados por um cardume de golfinhos. Quem está no YCI também vê pinguins na água vindos dos mares do sul e muitas tartarugas.
Palestra de Philippe Cousteau e Thassanee Wanick
O evento terá a presença de uma das maiores lideranças mundiais em sustentabilidade: Philippe Cousteau Jr., neto do lendário Jacques Cousteau. O ativista ambiental norte-americano fará a palestra “Condição do Oceano e Soluções Possíveis”, marcada para a sexta-feira (13/07), às 18h, ao lado Thassanee Wanick, fundadora de GBC Brasil (Green Building Council Brasil). Pouco antes, às 16h30, Phillipe Thassanee darão entrevista no Yacht Club de Ilhabela.
O principal objetivo do evento é gerar um debate sobre aquecimento global, influência dos oceanos no combate de fenômeno e quais caminhos podem ser seguidos para frear esse processo por meio de mudanças de comportamentos e desenvolvimento de novas tecnologias. Repensar o planejamento urbano de Ilhabela está na pauta, além de apontar caminhos para transformar o local em um laboratório de sustentabilidade.
“Temos interesse em transformar Ilhabela em um laboratório de sustentabilidade e exportar o modelo para outros países, replicando esse exemplo. Se não conseguirmos realizar esse feito numa pequena ilha com uma população de 30 mil habitantes, não teremos esperança para transformar o mundo, com 7 bilhões de pessoas em um lugar sustentável”, afirma Thassanee Wanick.
Em Ilhabela, Philippe Cousteau Jr. dará destaque à preservação dos oceanos, que correspondem a 70% do nosso planeta. Segundo o especialista, três fatores estão prejudicando o ecossistema: carbono, pesca excessiva e resíduos sólidos.
“O carbono aumenta a temperatura e acidez da água. Neste caso, é a mais preocupante. Não temos fiscalização e por isso defendo um ‘estado’ para os oceanos. Hoje é possível jogar lixo e pescar sem punição”.
Philippe Cousteau Jr. é correspondente especial da CNN Internacional e notório defensor especializado em meio ambiente. No DNA do ambientalista estão as causas sócio-ambientais. O avô dele, o francês Jacques Cousteau, foi documentarista, cineasta e oceanógrafo mundialmente conhecido por expedições de pesquisa pelos mares do mundo a bordo do Calypso. Cousteau venceu o Oscar em 1956 com o “O mundo silencioso“.