Roberto Duailibi faleceu dia 18 de julho deixando uma grande herança para a publicidade: seu compromisso com a criatividade brasileira. Os impactos foram além da criação da DPZ, que leva a inicial do seu sobrenome, e de campanhas que ajudaram a construir a historia de grandes marcas, refletindo também na formação de jovens talentos e nas diversas formas de se fazer marketing.
Nascido em Campo Grande (MS), Roberto iniciou sua trajetória profissional aos 17 anos, como redator. Ainda jovem, já demostrava a expertise em traduzir ideias em narrativas que criavam laços entre as marcas e o público.
Em 1968, Duailibi fundou ao lado de Francesc Petit e José Zaragoza a DPZ, uma das agências mais influentes da história da propaganda brasileira. Sob sua liderança criativa, a DPZ se transformou em um espaço de campanhas que marcaram gerações, como a criação do Lequetreque, mascote da Sadia e o Garoto Bombril.
Nesta mesma linha, a empresa se tornou berço de outros grandes nomes que redefiniram a criatividade brasileira durante as décadas seguintes, como Washington Olivetto, que conquistou o primeiro Leão de Ouro para o Brasil no Festival Cannes Lions com a campanha “Homem com mais de quarenta anos“.
“A morte de Roberto Duailibi, o último dos fundadores da DPZ ainda vivo, vai encerrando, agora também fisicamente, a era de ouro da publicidade brasileira, de um tempo em que a propaganda era, ao mesmo tempo, arte, cultura e identidade nacional. Roberto foi um publicitário brilhante, um pensador da comunicação, um mestre da linguagem e um formador de talentos. Sua visão e profundo entendimento do Brasil ajudaram a moldar campanhas que venderam produtos e entraram para o imaginário coletivo do país”, diz Dias, que é professor da disciplina sobre a História da Propaganda, na ESPM.
Roberto foi também um pensador da comunicação, se tornando escritor de obras sobre criatividade e marketing, presidente da ABAP (Associação Brasileira de Agências de Publicidade), professor da ESPM e da ECA-USP, e o primeiro membro publicitário eleito para assumir uma cadeira na Academia Paulista de Letras.
Até seus últimos dias, aos 89 anos, manteve seu legado como educador e líder criativo, compartilhando pensamentos nas redes sociais, nas salas de aula, nos eventos e nos bastidores do mercado, sempre provocando, ensinando, inspirando.