A cúpula Rio+20 terminou na última sexta-feira (22-06) com uma longa lista de promessas para avançar para uma “economia verde” que freie a degradação do meio ambiente e combata a pobreza, sob o fogo das críticas por falta de metas vinculantes e financiamento.
O fotógrafo Carlos Limeira, da equipe do Canal Feiras e Estandes do Promoview, comandada pelo Andres Acera, esteve presente ao evento e registrou espaços e momentos daquele que se tornou na semana passada o principal local do planeta em busca de um mundo melhor.
A cúpula, a maior da história da ONU, reuniu durante 10 dias líderes e representantes de 191 países, 20 anos depois da histórica Rio-92 no Rio, que tomou decisões para combater as mudanças climáticas, a perda de biodiversidae e a desertificação.
Resumidamente, a Rio+20, como todas as reuniões de peso sobre meio ambiente, contrapõe dois blocos: países ricos de um lado e emergentes e pobres de outro, com visões opostas sobre as duas questões básicas do desenvolvimento sustentável: 1) como adaptar o modelo econômico para acomodar os princípios da sustentabilidade e 2) quem vai pagar a bilionária conta da mudança.
Nesse debate, surge a ideia da “economia verde”, um conceito difícil de entender, tanto para os mais radicais defensores da economia, quanto para os ideólogos do verde.
Para as empresas, a obrigação de considerar, além da saúde financeira, seu impacto social e ambiental é uma camisa de força que pode enfraquecê-las, embora elas saibam ser esse caminho necessário.
Já para os ambientalistas, submeter a sustentabilidade à necessidade de lucro das empresas é mercantilizar uma questão de sobrevivência do planeta.
Felizmente, para a saúde do planeta, outros protagonistas vêm fazendo o dever de casa. No mundo todo, grandes marcas se preocupam em entregar produtos menos agressivos ao ambiente, forçadas por consumidores conscientes e exigentes.
O documento final que será adotado pelos líderes mundiais cita as principais ameaças ao planeta: desertificação, esgotamento dos recursos pesqueiros, contaminação, desmatamento, extinção de milhares de espécies e aquecimento climático, catalogado como “um dos principais desafios de nossos tempos”.
Temas do cotidiano que tinham sido subtraídos das grandes plenárias, como a sujeira dos rios que atravessam as metrópoles, a sujeira dos oceanos, a pesca predatória e o descaso com o lixo urbano, não sumiram de vez das discussões porque a sociedade se movimenta. Ela exige cada vez mais e, por exigir, atrai também o poder público.
Na fase final do encontro, Ban Ki-moon desafiou os governos mundiais a fazerem mais. “Em um mundo de muitos, ninguém, nem mesmo uma única pessoa, deveria passar fome”, disse. “Convido todos vocês a se juntarem a mim para trabalhar em um futuro sem fome”, acrecentou a uma plateia estimada em 130 chefes de Estado e governo.
Atualmente acredita-se que quase um bilhão de pessoas – um sétimo da população mundial – vive em fome crônica, enquanto outro bilhão não recebe nutrição adequada.
As medidas que poderiam ajudar a eliminar essa situação incluem a redução do desperdício de alimentos – quase um terço de todos os alimentos produzidos são jogados no lixo nos países ricos, e uma proporção ainda maior nos países mais pobres, por razões diferentes – além de dobrar a produtividade de pequenas propriedades.
“Para 2030, precisamos de 50% mais alimentos, 45% mais energia e 30% mais água apenas para viver como vivemos hoje”, advertiu Ban durante a reunião. Para 2050, estima-se que a população mundial será de 9,5 bilhões de pessoas.
O texto da Rio+20 adota os “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, com metas para avanços sociais e ambientais dos países, e que substituirão as Metas do Milênio da ONU, quando estas expirarem em 2015.
Grandes marcas estiveram presentes na Rio+20 e nos eventos paralelos, apresentando seus programas e produtos sustentáveis em prol do Planeta. Não tem como não atender aos anseios da população em busca de um mundo melhor.
O Grupo dos 77 países em desenvolvimento (G77) mais a China pediu no início da conferência um fundo de 30 bilhões de dólares para conseguir cumprir as metas socioambientais, mas em um contexto de crise econômica mundial, o texto final não define cifras.
Quanto ao Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), o qual os europeus queriam tranformar em organização mundial, decidiu-se que por enquanto apenas será fortalecido, como queriam Brasil e Estados Unidos.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, lamentou que a defesa dos direitos reprodutivos da mulher – seu direito a decidir se tem ou não filhos – tenha ficado de fora do texto final, um pedido também feito por outras líderes como a presidente Dilma Rousseff.
Hillary substituiu na cúpula o presidente Barack Obama, que não foi ao encontro. A chanceler alemã, Angela Merkel, e o britânico David Cameron também estiveram ausentes.
Os ativistas afirmam que a Cúpula dos Povos e a Cúpula Empresarial – eventos paralelos – foram mais produtivos que a Rio+20, com troca de experiências e centenas de compromissos voluntários anunciados por empresas para reduzir as emissões de CO2.