Experiência de Marca

Rio + 20 erros da gente

Chegou a Rio+20, e o nosso mercado deveria ter muito a comemorar com a oportunidade de mostrar para o mundo, na sua primeira experiência pra valer, o quanto nossas Agências, clientes e a cidade merecem ser o espaço escolhido para grandes eventos.

Chegou a Rio+20, e o nosso mercado deveria ter muito a comemorar com a oportunidade de mostrar para o mundo, na sua primeira experiência pra valer, o quanto nossas agências, clientes e a cidade merecem ser o espaço escolhido para grandes eventos, pelo menos até 2016.

Mas, infelizmente – consequência inevitável de tudo que falamos em textos anteriores sobre desqualificação, juniorização, presunção e despreparo de clientes e Agências –, as piores previsões se consolidaram e superaram o que supúnhamos.

Minha empresa esteve presente nas ações, eventos e estandes que tomaram conta do Rio (Barra, Centro, Flamengo, Copacabana…) em oportunidades que, por certo, voltarão a acontecer ano que vem em novo grande evento, com Agências do Rio, São Paulo, Paraná, Brasília, Rio Grande do Sul, Bahia…  – enfim, e até que enfim, a força do Marketing Promocional mostra que não tem fronteiras. Algumas, as mais profissionais, se saíram muito bem nas suas empreitadas. No entanto, e pior, a maioria deixou muito, mas muito mesmo, a desejar.

Enumero 20 erros GRAVES, na nossa opinião, que mostram a necessidade urgente de que se faça alguma coisa para preservar as Agências de verdade, profissionais e comprometidas com o resultado do trabalho e a eficiência das respostas aos briefings (sim, ainda temos que receber briefings e planejar trabalhos. Ou estou errado?).

1 – Concorrências e licitações concluídas há menos de duas semanas (menos mesmo) do evento – mega, por conta de redações amadoras, tendenciosas ou sabe-se lá que nome dar a ele (Dá para chamar a AMPRO, por exemplo, para ela formatar um texto técnico básico e critérios mais transparentes, por exemplo?);

2 – Contratação, pelo cliente e por Agências (pasmem!) de amadores e pessoas que nada conhecem de produção para gerir e executar trabalhos;

3 – Transformação de juniores em seniores, sem que esses tenham, pelo menos, sensatez de entender essa transformação;

4 – Desrespeito total a normas de segurança nas montagens;

5 – Desrespeito total (essa é boa!) aos princípios da sustentabilidade e desrespeito ao meio ambiente num evento sobre…;

6 – Descumprimento de prazos por parte do cliente e dos organizadores;

7 – Entrega de estandes e espaços nitidamente mal acabados, colocando em risco os visitantes, como se estivessem prontos;

8 – Desqualificação técnica de profissionais tanto dos clientes (não têm a menor ideia do que estão cobrando, a não ser por força de sua formação de “achismo” e “puxa-saquismo”), Agências (nunca vi num só evento tanta gente RUIM trabalhando. Quanta besteira – estande colocou o paisagismo na frente dos banners do cliente, que tinham textos a serem lidos, e o “produtor” me explicou que eles acharam que ali ficava “mais bonito”. A informação e a logo que se danem, né?) e fornecedores piores ainda (quanta gente desqualificada, mal-educada e que não entendia a sua posição de “fornecedor”);

9 – Desrespeito às marcas;

10 – Desrespeito ao público;

11 – Organizadores absolutamente despreparados para lidar com o porte do evento;

12 – Infraestrutura precária para atender às necessidades de montadoras e Agências. Era difícil comer, fazer xixi, beber água, fazer testes – não tinham geradores disponíveis, por exemplo;

13 – Descumprimento de prazos pactuados previamente;

14 – Segurança “meia-boca”. Em um dia, entrava quem queria do jeito que queria. No outro, nem quem estava trabalhando podia entrar;

15 – Credenciamento de participantes e trabalhadores absolutamente confuso;

16 – Desinformação total de todos os envolvidos. Dos seguranças aos profissionais de montagem, que não tinham a menor ideia de  como, onde ou o quê era permitido ou não fazer. Porque o que num dia era, no outro não;

17 – Presença de Agências executando serviços para os quais nitidamente não estavam preparadas, não tinham expertise e, portanto, comprometiam o trabalho de Agências que sabiam o que tinham que fazer (vi “Agências” cooptando profissionais que trabalhavam em outro espaço para “dar um dica” para uma Agência de Turismo que montava um estande – e todo mundo faz Marketing Promocional, lembram?);

18 – Falta TOTAL de mão-de-obra qualificada para PRODUÇÃO, montagem, fornecedores e… CRIATIVOS. Quanta coisa FEIA de doer, e com cliente pagando;

19 – Remendos de última hora. Duas coligadas de nosso grupo, que encerrariam seus trabalhos no dia do início das atividades estão ATÉ HOJE – momento em que escrevo esse texto (19/06) – ininterruptamente, mobiliando, fazendo paisagismo, levando pessoal de RH, fazendo acertos de luz etc. em estandes que deveriam estar PRONTOS há quatro ou cinco dias. Não estou reclamando do nosso trabalho. Pergunto onde estava o Planejamento das empresas que eram responsáveis por esses espaços quando ocorria a contratação dos fornecedores que deveriam suprir essas necessidades (poderíamos ser nós mesmos, pois estamos qualificados para isso) com tempo necessário e sem correria?;

20 – Deixei por último a pior. No estande dos Emirados Árabes, no dia da abertura do espaço, no Parque do Atletas, as recepcionistas e todo o conteúdo que existia só podia ser lido ou conhecido se o visitante falasse… INGLÊS. Isso mesmo. No espaço, só se falava inglês. Me pergunto, e não quero resposta, se foi uma Agência do Brasil que construiu e contratou o RH do espaço, respondendo ao briefing do cliente: “Quero tudo em inglês hein!” Se foi, ruim, mostra incompetência e despreparo total de uma Agência que não merece fazer parte do nosso grupo. Se não foi, pior, porque como uma Agência estrangeira vem e comete uma afronta e um desrespeito ao público brasileiro que, em maioria, visitará o evento. Onde eles pensam que estão? Na casa da mãe Joana?

O triste é que um amigo meu, que fazia a visita aos espaços comigo e que não é do nosso ramo, indignado como eu, depois de ter visto quase tudo o que vi e narrei nesse texto, proferiu a frase que me levou a escrevê-la: “Deve ser coisa dessas empresas que fazem evento. Só fazem merda!”.

Quis me defender e defender um sem número de Agências, profissionais, fornecedores e parceiros do Rio, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas, Brasília, Bahia, Pernambuco, Ceará, Mato Grosso, e por aí vai, competentes, criativos, brilhantes e, fundamentalmente, que trabalham conscientes e preparados para fazer seu ofício, mas diante do que vi, das Agências e profissionais que fingiram trabalhar na Rio+20, resolvi me calar, baixar a cabeça, escrever e convocar vocês a uma reflexão.

Ainda este ano, nós do Promoview lançaremos palestras e cursos, em sintonia com profissionais de vários estados, como os Produtores Promoview, para informar, preparar e qualificar profissionais para melhor atenderem ao mercado. Mas me pergunto se só isso basta. Me pergunto se não temos de ir além e encontrar uma maneira de separar o joio do trigo, para não contaminar tanta gente boa que ainda temos.

E parar, de vez, com esse maldito “Jogo dos 20 Erros do Marketing Promocional”.