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Réveillon no Rio em xeque por causa de dívida

A Riotur deve R$ 4,1 milhões à SR Promoções Culturais, mais conhecida como SRCOM, responsável pelo Réveillon na praia de Copacabana há 13 anos.

Enquanto planeja um Réveillon para 3 milhões de pessoas na cidade do Rio de Janeiro, a gestão de Eduardo Paes (PSD) carrega uma dívida milionária da última festa, da virada de 2019 para 2020, adquirida pelo ex prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). 

A Riotur (Empresa de Turismo do Rio) deve R$ 4,1 milhões à SR Promoções Culturais, mais conhecida como SRCOM, responsável pelo Réveillon na Praia de Copacabana há 13 anos.

Leia também: Made Rio anuncia acordo operacional com SRCOM.

A Riotur informou ao UOL que não há negociação em andamento para a quitação do valor. Mas afirmou que, “Este ano, é outra festa, outro Réveillon, outra gestão.”

Em julho do ano passado, sob a gestão Crivella, a Riotur assinou um documento reconhecendo dever R$ 8,1 milhões à empresa, mas metade desse valor ainda resta a ser pago, segundo levantamento feito pelo gabinete da vereadora Teresa Bergher (Cidadania), a pedido do UOL.

A-empresa diz que “É inegável que sofreu impactos não só pelo porte da dívida, como também, e, especialmente, pelo momento que atravessa o segmento de entretenimento.” Ainda assim, a empresa participará da concorrência aberta pela prefeitura no início deste mês.

Prefeitura pode bancar evento 

No ano passado, mesmo com altos índices de casos de Covid-19 e sem vacina, Crivella tentou fazer uma festa de Réveillon. A SRCOM chegou a elaborar uma espécie de evento virtual, que seria transmitido via redes sociais.

Faltando duas semanas para a virada, o ex prefeito decidiu cancelar tudo “Em favor da segurança.”

Agora, apesar dos problemas na entrega de vacinas e do avanço da variante Delta do Coronavírus, a Riotur decidiu se antecipar na programação da festa. 

A depender do cenário da pandemia, o prefeito Eduardo Paes (PSD) diz que a festa pode ser cancelada.

Os interessados terão até 6 de setembro para enviar suas propostas. Haverá duas seleções: Uma para patrocinadores e outra para a organização do evento. 

Caso não surjam interessados em bancar o Réveillon, a Riotur —presidida por Daniela Maia, irmã do deputado Rodrigo Maia (sem partido)— disse que não está descartada a hipótese de o evento ser custeado com recursos públicos.

Estão previstas festas em dez bairros, mas o grande foco é a Praia de Copacabana, com estimativa de público de 2 milhões de pessoas. Para a escolha, é exigido que o coordenador do projeto tenha em seu currículo “Vasta experiência em eventos de grande porte, principalmente em espetáculos ao ar livre, com público superior a 200 mil pessoas.”

Com isso, é grande a chance de que mais uma vez a SRCOM seja a responsável pela festa. Há 13 anos à frente do evento, a empresa tem como seu principal nome o cenógrafo Abel Gomes

A Riotur negou que a exigência possa limitar a concorrência para a festa de Copacabana. “Garantir que haja currículo demonstra o cuidado na realização de uma festa do porte do Réveillon de Copacabana. Vale dizer que nos outros palcos não há a mesma exigência.”

Atração de renome internacional em Copacabana

Desde 2009, a Prefeitura do Rio desembolsou R$ 29,6 milhões para a SRCOM. Paes gastou R$ 6,1 milhões com a empresa em 2009, 2010 e 2012. Já sob Crivella, foram R$ 23,5 milhões em 2018, 2019 e 2020.

Nos anos em que não houve gastos públicos, o município conseguiu patrocínio para festa. Além de dever R$ 4,1 milhões relativos ao último Réveillon de Copacabana, a prefeitura ainda tem que pagar à SRCOM R$ 826 mil por apoio artístico no Carnaval do ano passado.

Em Copacabana, a empresa que vencer a concorrência ficará responsável por três palcos, estrutura de captação de imagens para os telões, contratação de artistas — obrigatoriamente uma atração de renome internacional —, além da esquematização da queima de fogos. Está previsto que a festa comece às 17h de 31 de dezembro e só termine às 4h de 1º de janeiro.

Festa terá área VIP

Uma curiosidade é que uma das obrigações da vencedora será a montagem de uma área VIP, com capacidade para 500 convidados da prefeitura e 300 dos patrocinadores. 

“O serviço de catering deverá conter canapés frios e quentes, miniporções, prato quente para jantar, bebidas alcoólicas e não alcoólicas. O cardápio deverá ser previamente aprovado pela Riotur. Incluir área reservada para convidados em frente ao palco.”, diz o caderno de encargos, que estabelece as regras para o evento.

Tudo isso, no entanto, pode não se transformar em realidade se a vacinação não evoluir como esperado e os casos de Covid-19 se mantiverem num patamar alto.

“A festa está condicionada às determinações estabelecidas pelos órgãos competentes, no combate ao Covid, ante a responsabilidade social, inclusive com a impossibilidade de realização do evento.”, diz o próprio caderno de encargos.

 

Foto: Alex Ferro/Riotur.