*Por Carlos Miranda.
Recentemente, em uma rede social, um de meus contatos se queixou sobre o tipo de publicações de alguns de seus “amigos”. Sua reclamação era que estava cansado de ver pessoas exibidas falando sobre suas viagens, joias que compraram, restaurantes que frequentaram, e sugeria que as pessoas deveriam publicar coisas mais úteis e menos fúteis.
Fiquei pensando sobre aquela censura que esse meu contato estava fazendo e identifiquei, primeiro por diversão, o perfil de alguns de meus “amigos” e o que eles publicavam.
Verifiquei que há vários grupos de pessoas, tais como: os fãs ou aficionados (que acham que também somos fãs e aficionados como eles), os que publicam frases de autoajuda, os que fazem reclamações diárias sobre o trânsito, os que querem agregar pessoas para seus protestos e causas, os que dividem artigos e músicas, os que publicam absolutamente tudo o que estão fazendo, aqueles que pensam só em futebol, os que gostam de compartilhar quantos quilômetros e em quanto tempo correram, os que dividem as suas conquistas e querem mostrar que são bem-sucedidos, os piadistas, os que fazem declarações de amor, enfim, pessoas querendo de alguma forma mostrar algo que é importante para elas, mas não necessariamente para a gente.
Se extrairmos o conteúdo diário de uma rede social, muito provavelmente verificaremos que o que aproveitamos ou “curtimos” foi muito pouco perto do tempo que dedicamos a ela. Sem falar nas “cutucadas” que sofremos e que não sabemos o que significam.
No entanto, e ainda incomodado com a censura que havia lido, procurei dar (e publicar) a minha visão sobre esse fenômeno.
A rede social é como uma festa. Você encontra nela o mesmo tipo de pessoas que encontraria em uma festa comum, e cabe a você conversar com aquelas que lhe interessam e não falar com as chatas ou aquelas com quem você não tem afinidade.
Há, porém, duas características interessantes nessas redes sociais: primeiro, a festa é sua, e você convida ou “deleta” quem bem entender. Segundo, as características das pessoas parecem ser potencializadas pelo fato de estarem em sua “zona de conforto” ao fazerem as suas publicações, sendo muito mais fácil conhecê-las.
Se aprofundarmos o tema, e sabendo que o principal desafio de qualquer negócio é vender, pensei em fazer duas perguntas aos meus amigos empreendedores:
1. Você já pensou em como poderia vender seu produto nessa festa?
2. Você já se deu conta de que, nessa festa, as pessoas “escancaram” tudo aquilo de que gostam e não gostam?
Creio que aí está a grande oportunidade para os empreendedores utilizarem melhor as redes sociais. Você está em uma grande festa ou convenção, e as pessoas têm crachás que apresentam várias de suas preferências. Com pouco esforço, você pode agrupá-las, usando o parâmetro que desejar. Pode também estabelecer contato e relacionamento direto com as pessoas que lhe interessam e utilizá-las para que você possa ser convidado para outras festas e ser apresentado aos seus amigos.
Sei que, às vezes, a dificuldade de entender esse novo mercado é grande. Mas tente simplificá-lo da forma que eu fiz. Entenda esse espaço virtual como um shopping qualquer, onde as pessoas passeiam, buscam diversão e informação, e, claro, compram.
O seu desafio, como em um shopping, será atrair as pessoas para dentro do seu espaço e lá gerar atratividade suficiente para que elas permaneçam o tempo necessário para consumir os seus produtos.
Esse universo pode ainda não fazer parte de sua estratégia de venda, mas acho que vale a pena começar a entendê-lo e, quem sabe, incluí-lo em seu negócio. Há algumas razões para isso: esses são pontos comerciais muito mais baratos que os físicos; é mais fácil identificar o desejo e o perfil do consumidor; uma boa experiência será divulgada muito mais rapidamente; você não terá de investir tanto em publicidade convencional; e, o mais importante, é um espaço cada vez mais amigável e familiar para as gerações que serão os seus consumidores-alvos em alguns (poucos) anos.
Então, de que lado você vai ficar? Do lado das pessoas que repetem que a Luiza está no Canadá e acham isso engraçadinho ou daquelas que perceberam na disseminação dessa “brincadeira” oportunidade de aproveitar essa nova tendência das relações entre as pessoas, produtos e ideias?
Publicado originalmente no portal Pequenas Empresas, Grandes Negócios.