Publicado originalmente em 03/06/12.
Eu vinha distraído, dirigindo por Jacarepaguá – um bairro do Rio – quando a dantesca cena tomou forma. Um cara vestido de… palhaço, segurando um seta vermelha enorme, apontando não sei pra quê – porque não vi nada ao olhar para a direção que ela apontava – sorrindo e se mexendo sem parar. Estava fazendo um… uma… Como posso chamar isso, meu Deus? Divulgação, ação…
Pois é, depois do palhaço, lá estavam homens e mulheres, feinhos, coitados, com camisetas “toscas” onde se via, ou não, uma marca, segurando umas 12 bandeiras coloridas, próximos a um empreendimento imobiliário.
Aí, eu me dei conta de que essa cena ridícula se espalhou pela cidade a fim de “atrair” clientes para concessionárias de automóveis, lançamentos imobiliários, shoppings, feirões, circo (não, circo não, ato falho), enfim pra tudo.
Eu queria saber quem foi que disse para os clientes que o que serve pra um serve pra tudo e pra todos? Queria saber se eles acham, sinceramente, que um palhaço com uma seta ridícula vai atrair seu público, que um grupo de gente, nitidamente desinteressada e indiferente à sua marca ou ao seu objetivo, segurando umas bandeiras coloridas vão despertar nas pessoas o seguinte pensamento: Oba! Tem uma promoção, por aí. Onde tem bandeirinha tem coisa boa. Onde é, onde é? Pra onde o palhaço tava apontando, meu Deus. Vamos parar e perguntar a ele para onde essa linda seta aponta.
Bom. Não preciso de resposta, né. Sei que dirão que o custo é baixo. Ok, então entre fazer uma coisa que tenha resultado, como o Pit Stop que a Biruta fez para Petrobras ou uma ação feita não sei por quem, barato também, da vaquinha que apontava para churrascaria (esquisito, mas pertinente) o melhor é contratar uma empresa de RH, dar umas bandeiras coloridas, chamar um palhaço e associar minha marca a essa “palhaçada”.
Francamente. Quem faz isso não entende de Marketing, de Brand e muito menos da importância de se diferenciar para vender, coisa tão importante feita com brilhantismo por algumas agências de marketing promocional.
Não tenho nada, mas nada mesmo, contra o palhaço, muito menos contra a seta ou as bandeiras, mas o fato é que quem faz isso está transformando em circo sua marca, em picadeiro seu produto vai ter que fazer muito malabarismo para voltar a ter credibilidade, quando associarem a sua marca com palhaçada. Aí, vai precisar de um mágico para encontrar a saída para o problema que criou.
Enquanto isso, eu vou continuar a rodar por aí, esperando encontrar coisas mais criativas, que respeitem as marcas e as individualizem, produzindo vendas e valorizando produtos. Eu mesmo, vendo essas coisas esquisitas, tive umas ideias.
Mas, o que é aquilo ali na frente? Ah, mais um palhaço! Só que esse está falando. Deixa eu ouvir, vou abrir a janela.
– Hoje tem marmelada? Tem sim senhor. Hoje tem goiabada? Tem sim senhor. E o palhaço o que é?
Ops. Fecha a janela que essa é com a gente.