Em apresentação para mais de mil pessoas, Claudio Bobrow, cofundador da Puket, e Caito Maia, fundador da Chilli Beans, foram as atrações do painel “Leading The Pack: Strategies To Outperform Your Competition”, uma das primeiras palestras da National Retail Federation – a maior feira de varejo do mundo –, cuja abertura foi no dia 12/01.
Os dois cases foram precedidos de duas apresentações, ambas da GS&MD: de Marcos Gouvêa de Souza, presidente da empresa, e de Alberto Serrentino, sênior partner.
Gouvêa de Souza mostrou a evolução do mercado varejista no Brasil de 2007 a 2013, que sofreu um processo de internacionalização durante um forte período de crescimento, graças ao crescimento do mercado consumidor e à elevação do crédito, entre outros fatores.
“Neste período, grandes marcas consolidaram sua presença no Brasil”, diz Gouvêa de Souza. “Nos segmentos de super e hipermercados, por exemplo, os grupos internacionais são responsáveis por quase 98 % das vendas”.
Um mercado que está em franca expansão é a do food service, tanto em termos de faturamento como na chegada de novas empresas, como Chilli’s e Cheesecake Factory. Outras fortes tendências apontadas na exposição foram o surgimento do consumidor cidadão e a consolidação dos canais digitais.
“O cidadão consumidor vem basicamente da nova classe média, que traz novas aspirações os brasileiros e está provocando grandes mudanças”, afirma Gouvêa.
Em sua apresentação, Serrentino comentou os esforços do varejo brasileiro para se reposicionar em função desses movimentos de mercado. Para ele, as empresas estão tentando buscar um melhor equilíbrio entre eficiência e produtividade. Outra forte tendência é a busca por conveniência e proximidade, assim como a expansão do chamado “Atacarejo”, cujas vendas são 28 % maiores por metro quadrado do que as dos supermercados.
Uma grande novidade também surge é a busca de redes de lojas de moda que no passado atuaram somente no mercado popular e hoje têm linhas de sofisticadas, como Riachuelo e C&A.
Grandes nomes do mercado internacional de vendas digitais também estão investindo no País, segundo ele. Os fabricantes estão apostando cada vez mais em lojas próprias, como Swift, Tramontina, Havaianas, Dudalina, Samsung e Nike. E, por fim, as grandes redes de franquias continuam em expansão.
Bobrow, que fundou em 1988 uma das maiores empresas têxteis do Brasil, mostrou que a companhia cresceu 14 % em 2013. O segredo desse sucesso, afirma ele, está em sua divertida linha de produtos, combinada a um ambiente único da rede de lojas. Tudo isso gera uma ligação emocional entre consumidores e marca que impulsiona suas vendas ano após ano.
Mas a melhor explicação para a expansão de sua empresa foi ouvida por amiga. “Ela me disse que a filha adorava ir às lojas de brinquedos, e esse era um programa que só a criança gostava. Ela, de outro lado, gostava de ir a lojas de moda, e a criança não achava bom”, lembra ele. “Quando as duas foram juntas a uma loja da Puket, a experiência foi ótima para ambas. E é isso que a Puket faz: conecta mulheres”.
É por isso que Bobrow acredita que a Puket faz parte de um universo único. Uma proposta que não existe em nenhum outro lugar do mundo. São 6000 clientes ativos, entre distribuidores e varejistas – numa venda anual que supera a marca de 15 milhões de pares de meias por ano.
Bobrow destacou ainda a parceria firmada recentemente com a Malwee como outro fator que alavancou a produção da Puket.
Uma ligação entre o consumidor cidadão e a empresa voltada para o terceiro setor está no projeto “Meias do Bem”, no qual a empresa promove a reciclagem das meias em cobertores, que são distribuídos a moradores de rua.
A Chilli Beans, que tem mais de 600 pontos de venda e é líder no segmento de óculos escuros, foi fundada por Maia em 1998, quando ele ainda era cantor de uma banda de rock.
A marca surgiu no evento Mercado Mundo Mix e logo após abriu uma loja nos jardins, em São Paulo. A partir daí, criou um quiosque no Shopping Villa Lobos, e a rede começou seu crescimento vertiginoso. Hoje, ela detém 22 % do mercado brasileiro, contra 16 % da Ray Ban.
Sua aposta está no novo consumidor. Uma pesquisa recente mostrou que entre os consumidores brasileiros jovens, a Chilli Beans é a marca mais lembrada por 70 % da base. E, para este consumidor que não quer esperar, ele pode customizar um par de óculos em suas lojas em cinco minutos.
Sua equipe de vendas é tão motivada que muitos colaboradores têm a marca da empresa tatuada nos braços. “Eu digo para eles não fazerem isso”, diz Maia. “Mas, ao mesmo tempo, eu vejo que não existe comprometimento maior que esse – e isso é o máximo”.
A empresa lança 480 óculos de sol e 240 relógios por ano, de maneira que as lojas sempre têm, pelo menos, dez modelos novos para vender a cada semana. A motivação, como o nome da marca sugere, é sempre trazer novidades apimentadas, como sua próxima grande coleção, que será lançada em março, inspirada e batizada pelo roqueiro americano Lenny Kravitz.