A apresentação do novo posicionamento dos jornais na tarde de 19/08, foi seguida de um painel com os publishers de quatro dos principais jornais brasileiros sobre o comprometimento com a nova campanha liderada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), no encerramento da décima edição do Congresso Nacional de Jornais, em São Paulo.
O evento teve início no dia 18 de agosto, e contou com a presença de líderes nacionais e internacionais da indústria.
Francisco Mesquita Neto, de O Estado de S.Paulo, que tem no currículo passagem pelo mercado publicitário, afirmou que no atual momento, o mais importante é a união do setor. “Talvez o que tenha mais prejudicado os jornais no passado foi a forma como se apresentam comercialmente ao mercado. Acho que as novas iniciativas vão facilitar o restabelecimento do tripé do mercado, formado por anunciantes, agências e jornais.”, afirmou o representante do Estadão.
João Roberto Marinho, das organizações Globo, partiu dos sentimentos contraditórios gerados pelo surgimento da internet nos empresários e executivos de jornais para concluir que hoje, depois de décadas, a percepção predominante é a de que, na “geleia” de informação e desinformação característica do meio digital, as oportunidades são maiores que as ameaças para empresas de mídia com marcas de credibilidade, acostumadas a desconfiar da informação e a checá-la. “Os jornais são grandes exemplos”, afirmou Marinho.
“A Internet significou uma forma diferente de distribuir a notícia. Nunca atingiu o jornalismo na sua essência, na sua integridade.”, disse Luiz Frias, presidente do Grupo Folha, para quem o principal patrimônio dos jornais continua a ser o pluralismo e independência. O modelo de negócio tradicional, que permitiu e financiou o jornalismo independente é que, sim, sofreu abalos. Mas esse abalo não deverá perdurar, segundo Frias.
“Os jornais avançaram muito nessa busca por modelo correto de negócios. Há experiências exitosas, aqui e lá fora, de que podemos construir carteiras de assinantes que poderão ser maiores que as do passado.”, afirmou, em referência ao paywall – a Folha, disse, já tem 150 mil assinantes digitais.
Dentro desse contexto, disse Frias, as novas métricas em estudo pela ANJ ajudarão a “vender o meio” junto ao mercado publicitário e anunciante. “Os jornais precisam continuar a convencer o mercado publicitário a encontrar formas de monetizar essa audiência.”, afirmou.
Para Nelson Sirotsky, presidente do conselho de administração do Grupo RBS, a união dos jornais hoje é importante por buscar o fortalecimento da independência financeira dos jornais que, em última análise, argumentou, sustenta a independência editorial, a pluralidade e a democracia brasileira.
“Quando nos unimos para reforçar a relevância do meio e criamos ferramentas para garantir a independência econômica, estamos garantindo de certa forma a liberdade de expressão. Nossos veículos vêm perdendo ano após ano participação no bolo publicitário. Estamos próximos de sair dos dois dígitos. Precisamos reverter essa situação”, disse.
“Por isso, este é sim um momento histórico, com medidas concretas para assegurar a continuidade econômica das nossas atividades, e, como conseqüência, do bom jornalismo.”