Um vereador da cidade de Itanhaém, no litoral de São Paulo, protocolou na Câmara um Projeto de Lei que visa coibir a construção de camarotes em eventos públicos.
Durante o verão, a prefeitura promove diversos shows musicais, abertos à população, porém, com espaço privado para determinadas pessoas. A Prefeitura de Itanhaém rebate, afirmando que o cerimonial segue um padrão totalmente legal.
Para o vereador Conrado Carrasco (PT), a situação é chamada de “Apartheid Itanhaense”, pois, segundo ele, há segregação social.
“A comparação se dá justamente porque o governo municipal utiliza o poder político e administrativo para dar privilégios e favorecer determinados grupos. Os eventos são produzidos com recursos públicos, mas a atual gestão municipal cria espaços para poder distribuir pequenos privilégios aos correligionários, empresários, lideranças políticas, entre outros. Claro que aqui não há o fator racial como determinante. Por isso que é mais uma figura de linguagem para podermos dizer a gravidade deste tipo de prática, que realmente segrega”, explica o vereador.
O Projeto de Lei já foi protocolado na Câmara e deve ser apresentado na primeira sessão ordinária, que acontece hoje (03/02).
“Se é público, o acesso tem que ser igual para todos. Não faz sentido um evento público, de entrada gratuita, promovido com o dinheiro do povo, ter um espaço separado, privilegiado, onde apenas quem recebe a dádiva da pulseirinha pode ter acesso. No ano passado, já empossado como vereador, estive presente no evento, inclusive neste espaço, para conferir a dinâmica ali presente durante os shows. Não gostei do que vi. É justamente por isso que já protocolamos um Projeto de Lei que proíbe a instalação de camarotes em eventos públicos de entrada gratuita”, finaliza Carrasco.
Em nota, a Prefeitura de Itanhaém diz que os shows seguem o mesmo padrão que ocorre em todos os eventos públicos, sejam municipais, estaduais e federais, reservando espaço para autoridades, imprensa e convidados.
Opiniões Divididas
A população da cidade de Itanhaém fica dividida ao analisar a “Lei do Camarote”. Enquanto alguns concordam com o projeto, outros acreditam que a ação tem pouca importância para o município.
A promotora de eventos Adriana Calaro, por exemplo, considera desnecessária a criação de uma lei sobre o assunto. “Acho que a nossa cidade tem muitos problemas mais sérios para se preocupar, como saneamento básico, saúde e educação. Quem usufrui ou não de uma vista mais privilegiada em um show não é importante”, afirma Adriana.
Já o educador físico Hélio Marques considera errada a destinação de espaços reservados em um evento público. “Eu acho isso um absurdo. Se o evento é público, todos têm que ter as mesmas condições de acesso. E se aquela estrutura é construída com dinheiro público, a situação é muito mais grave”, afirma.