Estudo da Kantar Worldpanel, que compara o primeiro trimestre de 2012 ao mesmo período do ano anterior, aponta que as classes D e E (que representam 35% da população) foram as grandes responsáveis pelo salto no consumo, no período. Enquanto as classes AB e C elevaram seus gastos com bens de consumo não duráveis em 6% e 4%, respectivamente, as classes D e E marcaram uma evolução de 12%.
“Atualmente, a população que ocupa a base da pirâmide está com o bolso mais saudável e é mais comprometida com as necessidades básicas. Em todo o ano de 2011, 35% de sua renda foi destinada à compra de alimentos, bebidas, higiene e limpeza”, destaca Christine Pereira, diretora Comercial da Kantar Worldpanel.
As classes AB são responsáveis por 30% das vendas em valor, e com a evolução no consumo das classes D e E, atualmente, elas passam a representar a mesma importância de gasto das classes mais altas.
Das 78 categorias de produtos que a Kantar Worldpanel monitora nos lares, 65 delas cresceram nas classes D e E em comparação ao primeiro trimestre de 2011. Em total de unidades adquiridas, 44 dessas categorias apresentaram crescimento.
“Em todas as classes notamos um crescimento mais acentuado em valor desembolsado do que em unidades adquiridas. A justificativa está no comportamento identificado em uma grande parcela da população que prioriza o custo benefício de um produto. As embalagens maiores, com mais quantidade ou com produtos concentrados começam a atrair a atenção do consumidor”, explica Christine.
Com a classe D e E consumindo mais, verificamos um reflexo no crescimento encontrado nas cidades do Interior do País, onde 70% dessa classe está presente. Essa região cresceu 13% em valor no período, enquanto as regiões metropolitanas registram crescimento de 9%.
Pão caseiro é Destaque na Cesta do Consumidor
Os itens que compõem a cesta de café da manhã foram os responsáveis pelo bom desempenho do consumo no primeiro trimestre. O pão lidera a lista. Com uma queda de 10% em seu preço médio, teve um crescimento de 22% em volume. Os cinco produtos que foram mais consumidos em unidades adquiridas são:
- Pães caseiros
- Café torrado
- Iogurte
- Leite Longa Vida
- Bolos prontos
E quando relacionamos os produtos que mais influenciaram no bom desempenho do trimestre de acordo com o valor gasto, encontramos novamente no topo da lista o pão caseiro e o café:
- Pães caseiros
- Café torrado
- Deo Colônia
- Iogurte
- Biscoito
O pão tem retornado à mesa do brasileiro o que tem transformado às padarias em um canal forte de consumo e que vai além do pãozinho e o consumidor passa a enxergar o estabelecimento como uma nova opção de compras.
De acordo com o estudo da Kantar Worldpanel, uma em cada duas idas ao ponto de venda são em padarias.
Abaixo seguem as cinco categorias que mais são compradas nesse canal depois de pães:
1º Refrigerantes
2º Pasteurizado
3º Longa vida
4º Biscoito
5º Salgadinhos
Essa tendência que leva o estudo concluir que o comportamento do consumidor aponta para um resgate do passado, contudo de forma mais sofisticada. A classe mais baixa com poder de compra, a volta do pãozinho tradicional à cesta do brasileiro, o retorno das embalagens maiores, o Interior impulsionando o consumo e o fim das sacolas plásticas descartáveis nos supermercados.
Crescimento Sustentável e as Sacolas Retornáveis
Com o poder de compra maior, a busca pelo consumo sustentável tem que apontar seus holofotes para as classes D e E. De acordo com o estudo, o brasileiro mostra uma tendência a optar por produtos com abordagem sustentável desde que apresente benefícios para o consumidor, principalmente no bolso.
Produtos como lâmpadas que gastam menos energia, contudo tem um tempo de durabilidade maior, adesão ao reaproveitamento de alimentos ou controlar o consumo de água refletem diretamente em economia nos gastos da família. Por exemplo, 59% dizem sempre usar lâmpadas mais econômicas e apenas 16% afirmam sempre buscar produtos que usem embalagens recicladas.
Com isso, o estudo também mostra que as classes D e E ainda apresentam maior resistência ao uso de sacolas retornáveis. No primeiro trimestre de 2012, o estudo aponta que 20% da população afirmam sempre utilizar sacolas retornáveis (grupo formado em sua maioria por pessoas com 50 anos de idade ou mais, família de uma a duas pessoas e das classes A e B). 43% da população afirmam nunca utilizar sacolas retornáveis (grupo formado por pessoas até 29 anos, com famílias de 5 ou mais pessoas e das classes D e E).
A resistência ao uso da sacola retornável mostra um novo atributo avaliado pelo consumidor no momento da compra no que diz respeito à embalagem: caber na mão. Atualmente, além de optar pelas embalagens práticas, informativas, ecológicas e inovadoras, poder carregar o produto na mão passa a ser fator decisivo na escolha do que colocar na sacola.