Parceria de Palmeiras com hotel abre debate sobre cobertura da mídia
O mercado de marketing esportivo é novo no Brasil. Não canso de repetir isso porque até 1992, no caso do futebol, com a chegada da Parmalat ao Palmeiras, não existia nem o famoso backdrop, hoje um vilão das emissoras de televisão. E a empresa italiana foi alvo de diversas críticas pelas ações que fez naquele período, mas que hoje fazem parte do cotidiano (patrocínio em camisa de treino era novidade também). Até a década de 80 os times de vôlei ainda eram chamados de Pirelli ou Transbrasil sem preocupação nenhuma pela imprensa.
O tempo passou e, nos últimos vinte anos o mercado cresceu, o volume de dinheiro envolvido disparou e sempre nas conversas e matérias os exemplos vem da Europa e dos Estados Unidos, onde criar diversas propriedades relacionadas ao mundo do esporte e comercializá-las é prática comum.
Porém, quando surgem questões como naming rights, construção de novas arenas (não estou falando dos estádios públicos) e novos modelos de negócios tudo é visto de maneira distorcida por boa parte da imprensa, acostumada até então a comentar os lances, esquemas táticos, erros técnicos, etc. Repito, existem (boas) exceções. Mas, como costuma dizer um amigo meu, “parece que no Brasil, ganhar dinheiro com o futebol é crime”.
Talvez seja por isso que o empresário Walter Torre de repente foi eleito pela mídia como o maior vilão da torcida palmeirense, apesar de estar investindo milhões numa arena moderníssima com o objetivo de (óbvio) recuperar este dinheiro e lucrar. Em contrapartida o Palmeiras tem que ceder em alguns pontos, caso contrário continuaria com o antigo Palestra por muitos anos. Qual clube tem R$ 300 milhões para fazer isso atualmente de maneira independente? Pelo volume de créditos liberados pelo BNDES, acredito que nenhum.
Agora a notícia que o mesmo Palmeiras fechou uma parceria de cerca de R$ 2 milhões com a rede de hotéis Holiday Inn em troca de ações promocionais (aqui fica a minha crítica, sempre as famigeradas placas, que tal pensar em algo mais?) no centro de treinamento do clube chega de maneira jocosa em alguns veículos, sempre com o tom de “economizar”, time está repleto de “dívidas”, etc.
Sim, é verdade, assim como todos os demais também estão. Mas usar a criatividade para criar propriedades e associar a força da marca aos mais diversos serviços para economizar e até mesmo lucrar é sim um bom negócio. Acredito que todos os demais times deveriam buscar o mesmo, pensando sempre na ativação do patrocínio. Talvez por isso que somente nos últimos doze meses diversos acordos semelhantes foram assinados pelo mundo todo. Abaixo uma lista resumida.
– Four Points (Sheraton) e MLS
A rede de hotéis anunciou acordo com a Liga de Futebol dos EUA para ser o hotel oficial, terá camarotes em jogos decisivos e, além disso, vai oferecer descontos especiais aos fãs cadastrados no site da Major League Soccer.
– Westin Hotels e US Open
Um dos principais torneios do circuito mundial de tênis (e o mais lucrativo) tem contrato de patrocínio e também oferece serviços especiais para os turistas que quiserem se hospedar durante o período da disputa.
– British Swimming e InterContinental Hotels
Atletas da federação inglesa de natação ficam hospedados nos hotéis da rede em competições realizadas no Reino Unido, a empresa ainda dará todo o suporte na preparação da equipe olímpica e paraolímpica.
– USA Swimming e Marriot
A fortíssima equipe norte-americana de natação tem acordo similar com o Marriot International, que também patrocina a federação de hockey dos EUA no gelo e a categoria FIA World Touring Car de automobilismo.
– Holiday Inn e rugby
A mesma empresa que fechou com o Palmeiras costuma fazer o mesmo com os times que disputam a liga nacional de rugby na Austrália.
– Premier Inn e Dan Lucker
A rede inglesa disponibiliza todos os hotéis da rede para o atleta paraolímpico e medalha de ouro Dan Lucker, ídolo no país e que vem se preparando os Jogos de Londres no ano que vem.
Fábio Kadov/Portal Terra.