O reflexo da educação nos esforços de mkt – Parte 2

Somos bombardeados no melhor estilo Brainwashed, com propagandas bem elaboradas e envolventes; os pontos de venda são coordenadamente e estrategicamente decorados com uma das maiores diversidades de materiais de merchandising do mercado; existe um programa de treinamento frequente para as equipes de campo e um sistema bem planejado de marketing de relacionamento que se utiliza de diversas ferramentas a fim de construir as famosas relações duradouras; e ainda um bombardeio de ofertas e promoções irresistíveis.

Então, o que deu errado? O que faz o resultado final ser tão desastroso para o cliente?

Talvez a resposta esteja no âmago do problema mais acentuado do Brasil, que é a falta de educação. Sim, falta de educação! Aquela educação que prepara o ser humano para uma vida em sociedade, para as atitudes conscientes, para a observação clara da vida. A mesma educação que nos faz ter contato com filósofos, sociólogos, heróis, pensadores, matemáticos e até vilões que nos ensinam por meio da sua história.

Usando o caso da funcionária descalça: Qual será a sua estrutura familiar? Qual teria sido o seu histórico escolar? A qual tipo de ensino foi submetida? Quais exemplos ela segue?

A sociologia explica que no nosso processo de formação do caráter social, passamos por dois estágios de aprendizado, simultaneamente. São eles: a socialização primária e a socialização secundária. Na socialização primária, absorvemos tudo aquilo que nos é transmitido por meio do nosso grupo social primário, ou seja, nossa família, pais, tios, irmãos e etc.

A socialização secundária é o aprendizado por meio de informações provindas de grupos sociais secundários, como: escola, amigos, comunidades e etc. Aprendemos ainda que aquilo que aprendemos no processo de socialização primária torna-se quase sempre imutável, enquanto que aquilo que recebemos de informação por meio dos grupos secundários, costuma ser filtrado e adaptado àquilo que já possuímos como conceito formado.

Assim, alguém que tenha sido formado num ambiente familiar despreparado e, na sua fase de Ensino Fundamental e Médio tenha sido submetido a uma qualidade de ensino ridiculamente inferior, dificilmente poderá alterar os seus conceitos e percepções por meio de treinamentos corporativos norteados de conceitos robotizados.

Diante disto, podemos seguramente dizer que todo o planejamento de marketing desta empresa é jogado no lixo no momento em que o ciclo alcança a posição daquela funcionária e de centenas de outros funcionários que fazem parte de uma massa carente de educação de base.

Então a solução estaria nos processos seletivos? Obviamente Não! Porque estamos falando de milhares de cargos considerados de nível médio, que oferecem remunerações baixas e que só tem como demanda esta grande parte da população do País, desprovida de recursos e de possibilidades.

Chegamos então a um ponto de reflexão sobre a tão badalada responsabilidade social que as empresas vem adotando como medida de simpatia social.

Ao compreendermos a educação de base da população como fator de alta relevância para o sucesso e o progresso das estratégias de marketing das companhias, fica evidente que estas companhias devem investir um grande volume de recursos nesta educação, pois assim estará investindo na sua própria sobrevivência.

Crianças que recebem hoje uma educação consubstancial, direcionada ao social e à ética, certamente serão no futuro funcionários capazes de absorver os conceitos de atendimento e respeito nas relações de consumo. Serão funcionários capazes de compreender a importância do cliente, indo mais além, ao serem capazes de compreender o cliente como um ser que deve e merece ser tratado com civilidade.

Por tudo posto é absolutamente necessário que as empresas compreendam que o maior dos esforços em marketing que pode ser praticado é o investimento público e particular na educação de crianças e adolescentes que, devidamente educados, num futuro próximo, saberão agir como parte do circulo progressivo gerado pelas estratégias de marketing bem aplicadas e operacionalizadas.

Fonte: Adely Gonçalves.