Edição inédita

NUTS traz para o Brasil curso de Design de Experiências de NY

Workshop da Odyssey Works será ministrado por Abraham Burickson, referência global no tema, nos dias 12 e 13 de julho, no Rio de Janeiro

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Agência Nuts Acessar site
Workshop Design de Experiências

Pela primeira vez na América Latina, o workshop de Design de Experiências da consultoria norte-americana Odyssey Works acaba de ter a data e local divulgados! A edição inédita acontece nos dias 12 e 13 de julho, no Rio de Janeiro, em parceria com a agência brasileira Nuts, especializada em brand experience, eventos e jornadas de aprendizagem.

O curso, que já passou por Nova York, Londres e São Francisco, será conduzido por Abraham Burickson, fundador da Odyssey Works e autor do livro Experience Design: A Participatory Manifesto, considerado uma das principais obras da área. O investimento é de R$ 2.750,00 (early bird) e as atividades serão ministradas em inglês, com apoio bilíngue para os participantes.

Voltado a profissionais de diferentes áreas criativas e corporativas — como branding, arquitetura, marketing, RH, eventos, performance e hospitalidade — o programa propõe uma imersão prática nos fundamentos do design de experiências transformadoras. Durante dois dias, os participantes irão desenhar experiências uns para os outros, aplicando metodologias próprias da Odyssey Works. São apenas 25 vagas, com o intuito de priorizar a qualidade da troca entre o facilitador e os participantes.

“A base de tudo é a empatia. Criar para o outro exige escuta, sensibilidade e coragem para abandonar fórmulas. E é isso que vamos treinar no Brasil”, afirma Burickson, que atua há mais de duas décadas na criação de experiências.

Humanizar o design

Criada em 2001, a Odyssey Works se notabilizou por performances imersivas altamente personalizadas, cuja repercussão atravessou o campo artístico e chegou ao mundo corporativo. Ao longo dos anos, a consultoria tem atendido desde organizações como Google, Apple, Nike, IDEO e WWF até museus e companhias de teatro.

“O design tradicional parte do objeto que se quer criar. Já o design de experiências parte do que se quer provocar em quem vai vivê-la”, explica Burickson. “Isso exige uma abordagem interdisciplinar e uma disposição radical para compreender o outro. Pode parecer óbvio, mas quase nunca é feito assim”.

Aposta da Nuts

Parceira do projeto, a agência Nuts vê o workshop como parte de um movimento mais amplo de amadurecimento do mercado brasileiro de experiências. “Estamos diante de uma demanda crescente por experiências com mais significado, profundidade e impacto real. Trazer a Odyssey Works para o Brasil é um marco nesse sentido”, explica Rodrigo Martins, sócio-fundador da Nuts.

Para Leandro Duarte, também sócio-fundador, trazer o projeto para o Brasil é mais do que uma conquista pontual — é parte de um esforço contínuo para fortalecer a comunidade de design de experiências no país. “Estamos vivendo um momento de efervescência nesse campo. O interesse por experiências mais autênticas e transformadoras está crescendo, mas ainda precisamos elevar essa conversa para outro patamar técnico, estratégico, do nível que vemos lá fora. Nosso objetivo com essa iniciativa é justamente fomentar essa comunidade e criar pontes com o que há de mais avançado globalmente”, afirma.

Como parte desse esforço, a Nuts também está apoiando a tradução do livro Designing Experiences, de J. Robert Rossman e Mathew D. Duerden, um clássico da área e que será o primeiro livro em português sobre o tema.

Rafael Carvalho, experience designer da Nuts e participante da formação internacional da Odyssey Works, destaca que a metodologia da organização propõe um mergulho nos aspectos mais imersivos, sensoriais e emocionais do design de experiências, justamente por vir de um lugar onde a arte, a performance e a poesia sempre foram centrais. “A Odyssey me ajudou a expandir as possibilidades do que uma experiência pode ser. No curso, pude aprofundar em conceitos como worldbuilding e diagramming, que transformaram radicalmente minha prática. Esse workshop não é sobre seguir uma fórmula, mas sobre criar com mais escuta, presença e impacto”, afirma.

Vale lembrar também que existe um programa de bolsas de estudo que contempla uma vaga integral para pessoas de grupos socialmente sub-representados e outra com 50% de desconto voltada a profissionais de baixa renda. As inscrições podem ser feitas pelo site oficial.

Abraham Burickson
Abraham Burickson, especialista em Design de Experiência. Foto: Divulgação

Ficou com vontade de entender melhor a proposta do curso e a filosofia por trás da Odyssey Works? Confira a seguir a entrevista realizada com Abraham Burickson:

Por que realizar agora o workshop no Brasil?

Burickson: Estive no Brasil na juventude e sempre quis voltar. Vejo uma comunidade criativa potente aí, já explorando o design de experiências com muita paixão. Quero apoiar esse movimento, compartilhar o que aprendemos, e aprender com vocês também.

O que esperar do workshop no Rio?

Burickson: Será intenso e íntimo. Vamos começar pela base do design de experiências: a empatia. Cada pessoa criará uma experiência para outra. Durante o fim de semana, vamos aprender os princípios fundamentais e, depois, projetar experiências uns para os outros. Cada participante vai oferecer e receber uma experiência desenhada especialmente para uma só pessoa. No fim, tudo parecerá simples, porque criar com empatia é mais natural do que parece. É mais humano.

A Odyssey Works começou como um coletivo de performances focado em criar experiências para uma só pessoa. Por que essa abordagem?

Burickson: Porque é a única maneira de realmente mergulhar no mundo do outro. Começamos a fazer assim como um experimento, mas logo vimos que estávamos criando não apenas arte, mas transformação real. Houve gente que largou o emprego, mudou de nome ou reatou com a família depois de passar por nossas experiências. Com o tempo, essa abordagem começou a influenciar todo o resto do nosso trabalho. Comecei a perceber que, por alguma razão histórica estranha, havíamos normalizado criar as coisas antes de pensar nas experiências que elas provocam.

Desde então já trabalhamos com empresas como Google e Apple, mas também com organizações religiosas buscando alinhar seus rituais aos seus valores, com companhias de teatro imersivo que querem ir além do entretenimento, com veículos de mídia tentando contar histórias de forma nova, com a WWF e com cientistas de IA tentando evitar um futuro distópico.

E como surgiu a proposta educativa da Odyssey?

Burickson: Em 2016, junto com a diretora assistente Ayden LeRoux, sentimos que era hora de compartilhar o que havíamos aprendido com esse trabalho performático com outras pessoas criativas, para que elas pudessem aplicar em seus campos. As experiências para uma só pessoa eram como laboratórios de design de experiências. Pesquisávamos como preparar condições reais de transformação, como escrever narrativas vivenciais, como objetos podem carregar sentidos, entre muitas outras coisas. E daí surgiram os cursos que temos hoje, como o workshop que vamos conduzir no Brasil, e também os livros que temos publicado ao longo dos últimos anos.

Como você define Design de Experiências?

Burickson: É o oposto do design tradicional, que a gente chama de “design de coisas”, que começa pelo objeto que se quer criar e depois o preenche com conteúdo. A gente começa pela experiência desejada — o efeito, a emoção, o impacto — e só depois decide se o meio será um filme, uma ativação, uma oficina, uma viagem ou algo inédito. É criar com os sentidos em primeiro lugar. Quando você começa a trabalhar assim, começa também a se perguntar por que criamos com uma mão amarrada nas costas por tanto tempo. O que poderíamos resolver se partíssemos diretamente do efeito que queremos provocar, em vez de ficarmos presos nas nossas caixinhas

Essa abordagem serve para qualquer área, da arte aos negócios?

Burickson: Com certeza. Porque o design de experiências não é só uma prática, é uma abordagem criativa. Estamos vivendo um momento incrível de descoberta. O design de experiências tem o potencial de mudar nossa maneira de fazer qualquer coisa que tenha impacto sobre os outros. Precisamos ser mais inteligentes sobre como fazemos as coisas agora — e ainda mais sobre como faremos no futuro. Há muita mudança no horizonte: inteligência artificial, crise ecológica, polarização política… e por aí vai. Não conseguimos dar conta dessas questões até agora. Está na hora de tentar outro caminho.

O que você espera para o futuro da área?

Burickson: Espero que essas ferramentas cheguem às mãos de quem mais precisa. As crises do nosso tempo não serão resolvidas com velhos modelos. Precisamos de novas formas de pensar e de agir — e o design de experiências pode ser um desses caminhos.