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Looping: Bahia Overdub chega ao Cine-Teatro Solar Boa Vista

As festas de largo e suas contradições são a paisagem predominante da plataforma de dança que emerge no encontro entre pensamento sonoro e pensamento coreográfico. Não à toa, propõe-se a ser apresentado em versões diversas.

Um dos projetos mais criativos de dança na Bahia em 2015 e que se desdobra em “versões” distintas, Looping: Bahia Overdub chega ao Cine-Teatro Solar Boa Vista, com apresentações gratuitas na área externa ao teatro, o Parque Solar Boa Vista (Engenho Velho de Brotas), nos dias 04 e 05 de dezembro (sexta e sábado), às 19h.  

A pequena temporada dá continuidade às sessões que Looping vem fazendo na cidade, experimentando espaços de caráter diversos e que contribuem e se adequam aos possíveis formatos do projeto: espetáculo, instalação e festa.

Fotos: Patrícia Almeida.

As festas de largo e suas contradições são a paisagem predominante de Looping: Bahia Overdub, uma plataforma de dança que emerge no encontro entre pensamento sonoro e pensamento coreográfico. Não à toa, propõe-se a ser apresentado em versões diversas.

O projeto resulta do agrupamento de artistas baianos cujas trajetórias atravessam a dança, o teatro e a música. Em seus formatos distintos, já foi realizado, por exemplo, no Espaço Cultural Barroquinha, Teatro Experimental da Escola de Dança da UFBA e Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), que apoiou o processo de realização do projeto.

"Looping surge a partir de uma investigação sobre repetição e acumulação, procedimentos que relacionamos com uma discussão sobre a cultura local, com suas reiterações e transformações, afirmações e deslocamentos. Utilizamos estes procedimentos tanto na composição coreográfica, quanto sonora.", define Rita Aquino, artista e educadora, que responde pela concepção e direção do espetáculo, ao lado de Felipe de Assis e Leonardo França.

Leonardo, artista da dança, complementa: "A autorreferência e o isolamento cultural são questionados, ao passo em que se abrem possíveis vinculações destas com outras referências culturais – como os paredões de reggae do Maranhão e as aparelhagens de Belém do Pará.”

Além deles, integram o projeto os artistas Isaura Tupiniquim, Jaqueline Elesbão, Jorge Oliveira, Bruno de Jesus, Mahal Pita e Talita Gomes. O encontro entre som e coreografia está explicito na presença maciça das caixas de som em Looping. As caixas funcionam como uma síntese: são ao mesmo tempo elementos cênicos, objeto de pesquisa coreográfica e aparelho de transmissão sonora.

Trilha ao Vivo

A trilha sonora é desenvolvida ao vivo, determinando e sendo determinada pela pulsação do aqui e agora. Composta de fragmentos referentes à cultura afro-brasileira (a exemplo do Ijexá e os clarins do Afoxé Filhos de Gandhi, de células de músicas populares, como o tarol do samba-reggae ou a “violeira” do pagode) e sonoridades urbanas diversas. 

“Looping propõe um espaço compartilhado entre artistas e espectadores, promovendo arranjos coletivos que articulam cumplicidade e risco. A força das referências culturais contribui para o envolvimento do espectador, pulsando o público em direção à cena.”, observa Felipe de Assis, diretor teatral que, neste projeto, assume ainda a aparelhagem musical, ao lado de Mahal Pita.