Não deu certo

Jaguar está no mercado atrás de uma nova agência após rebranding controverso

Campanha reformulou identidade visual da montadora em 2024, atraindo críticas de especialistas e do público

Seis meses.

Esse foi o tempo que durou a nova identidade visual promovida pelo rebranding da Jaguar, uma das montadoras automotivas mais tradicionais do mercado mundial de automóveis. De novembro, quando a campanha Copy nothing foi ar; até agora, maio de 2025, a empresa manteve-se em silêncio pela maior parte do período, em meio a críticas sobre a sua nova identidade, vindas de especialistas e do público.

Eis que, na última semana, a empresa confirmou ao Telegraph que está “reavaliando a sua conta global criativa” — jargão para “vamos trocar de fornecedor”. Atualmente, a conta da Jaguar está sob cuidados da Accenture Song, por meio de sua agência própria Spark44: ela quem idealizou o rebranding que gerou toda essa discussão.

Jaguar se viu na defensiva após rebranding de 2024 gerar descontentamento crítico dos clientes

Imagem mostra diversas partes do rebranding da Jaguar
Imagem: Jaguar/Reprodução

A situação toda remonta a novembro de 2024. Na ocasião, a Jaguar, por meio de sua agência, lançou a campanha Copy nothing — um rebranding completo de sua identidade visual, agora mais clean e menos assertiva ao que se espera de uma empresa de carros de luxo — simbolizando a mudança de foco da marca para os automóveis elétricos.

Nas divulgações feitas, no entanto, todos os carros exibidos eram conceitualizações digitais. Nenhum modelo real — e mesmo assim, o design do material, a mensagem passada e a mudança absoluta de imagem…todos desagradaram público e especialistas, que alegaram que o abandono do animal felino que sempre serviu de símbolo à empresa (trocado pelas letras “J” e “L”) fugia ao seu legado.

Segundo o Telegraph, a Jaguar Land Rover recusou-se a comentar sobre o envolvimento da Accenture no trabalho de rebranding, limitando-se apenas a informar o jornal que, nesta nova busca, ela vai procurar por fornecedores dentro de “uma proposta voltada mais ao mercado de luxo”, sinalizando um potencial retorno às raízes, antes da controvérsia começar.

A saber, um carro novo da Jaguar, no Reino Unido, onde ela é baseada, pode facilmente passar de £ 100 mil (algo em torno de R$ 745 mil).

Jaguar demitiu agência em meio a impedimento de vendas nos EUA

jaguar rebranding demitiu agência
A nova logomarca da Jaguar Land Rover (esq.) trouxe um debate acalorado sobre rebranding de empresas com identidades mais estabelecidas (a logomarca original, à direita), culminando na demissão da agência responsável pela ideia (Imagem: Jaguar Land Rover/Reprodução)

O timing da mudança de agência da Jaguar Land Rover, porém, promete piorar a situação antes de melhorá-la. Ainda segundo o Telegraph, a empresa deliberadamente colocou em pausa todos os envios e vendas de seus carros aos Estados Unidos (EUA).

Isso, em resposta à recente política tarifária imposta pelo presidente estadunidense, Donald Trump, a diversos países do mundo: no caso do Reino Unido, o norte-americano ordenou uma tarifa de 25% incidente sobre todos os itens importados da terra onde vive o Rei Charles.

Rumores, no entanto, afirmam que, assim como fez com a China, Trump está em negociações com o Reino Unido para proteger os carros importados dessa taxação. A informação, no entanto, ainda não foi confirmada por nenhum dos governos.

Vale lembrar que, embora a demissão da agência da Accenture tenha sido confirmada, ela não será no modelo de rescisão de contrato: a parceria entre as empresas segue firme até a metade de 2026

Rafael Arbulu

Redator

Jornalista há (quase) 20 anos, passeando por editorias como entretenimento, tecnologia e negócios, sempre com um olhar crítico e praticamente nostálgico. Por toda a sua carreira, sempre buscou detalhar desde as tendências mais disruptivas do mercado até as curiosidades culturais que desafiam a lógica do "só porque é novo, é melhor". Fã de vinis, cervejas especiais e grandes sagas literárias, ele traz para os textos doses generosas de referências pop – mas sem esquecer que, no universo corporativo, até o lado B precisa fazer sentido.

Jornalista há (quase) 20 anos, passeando por editorias como entretenimento, tecnologia e negócios, sempre com um olhar crítico e praticamente nostálgico. Por toda a sua carreira, sempre buscou detalhar desde as tendências mais disruptivas do mercado até as curiosidades culturais que desafiam a lógica do "só porque é novo, é melhor". Fã de vinis, cervejas especiais e grandes sagas literárias, ele traz para os textos doses generosas de referências pop – mas sem esquecer que, no universo corporativo, até o lado B precisa fazer sentido.