Ideias, erros e acertos - por Paulo Araújo

Paulo Araújo*

Quantas vezes você já leu ou ouviu alguém mencionar o fato que o erro faz parte do processo, que é errando que se acerta, ou coisas do gênero? Bem, talvez milhares. O fato é que falar é fácil, mas fazer…

Note que muitos profissionais têm o que dizer, tem ideias a dar, mas o medo da exposição, de dar uma bola fora é maior e pronto… mais um timing perdido, mas uma oportunidade que escorreu por entre os dedos.

Contudo, não podemos negar que muitas empresas e seus líderes têm pouca ou quase nenhuma disposição e paciência para tolerar o erro, quanto mais para incentivá-lo em sua agência. Afinal, se acreditamos que está bom, para que mudar?

Mas, reflita: o que agrega mais a sua agência? Um profissional que segue a risca todas as recomendações, totalmente previsível, ou outro que tem algo diferente e por isso está mais sujeito ao erro, mas também sujeito a criar algo novo que gere valor.

O fato é que, o erro, apesar de necessário e fundamental para o aprendizado, pode causar graves prejuízos e danos. Além disso, ninguém gosta de errar. O erro causa constrangimento, dá trabalho para arrumar, isso quando dá para arrumar, e se praticado em excesso, acaba prejudicando a carreira.

Pensando nisso, seguem abaixo algumas dicas, afinal é preciso extrair o melhor de cada talento e quem sabe assim surgir uma ideia de grande sucesso.

1. Diga adeus à velha caixinha de sugestões – Outro dia estava em uma empresa e a dita cuja estava toda empoeirada. Perguntei à simpática senhora da limpeza porque a caixinha estava toda suja e ela logo respondeu que “ninguém mexe ali mesmo”. A caixinha de sugestões faz grande sucesso quando implantada, mas logo cai no esquecimento e são poucas as empresas que a mantêm de forma eficaz. Retire todas as caixinhas de sugestões de sua empresa, primeira porque as pessoas não são fãs da escrita e o outro motivo é que poucos recebem respostas referentes às sugestões ou ideias que lá colocam.

2. Realize pequenos cafés da manhã – Pequenos mesmo, com no máximo sete participantes, sendo que pelo menos um deve ser da alta hierarquia ou que tem poder de decisão. O café da manhã é uma excelente forma conseguir o contato olho no olho, tirar dúvidas, solicitar sugestões e estabelecer um clima de confiança, transparência e comunicação entre todos os níveis hierárquicos da agência.

3. Monte comitês para analisar as ideias de seus funcionários – Se alguém deu uma sugestão, no mínimo ele merece uma resposta se ela é viável ou não, se pode ou não ser implantada. Nada é mais desestimulante do que não receber um parecer, um sim ou não, de ser esquecido em um canto qualquer. Crie critérios de seleção, defina claramente o objetivo do programa para minimizar ideias absurdas e pedidos desconexos, mas mesmo assim eles virão. Faz parte do processo para incentivar a mente criadora de sua equipe, assim como engatinhar antes de dar os primeiros passos.

5. Uma vez aprovada ou pré-selecionada a ideia, convide todas as pessoas envolvidas no processo para participar da discussão, para saber se o projeto pode ou não ser implantado – E não esqueça de convidar quem fez a sugestão, pois já vi casos que a pessoa dá uma ideia e por não ser da área ou qualquer outro motivo não é convidada para participar, aí fica com a sensação de que alguém “roubou” sua ideia. Mas isto não acontece na sua agência, não é mesmo?

6. Deixe a equipe tentar implantar a ideia – Para isso é preciso tempo e dinheiro. Uma dica: defina uma verba e um período do dia para que cada um possa de forma exclusiva trabalhar na ideia. Evite encontros fora do expediente. Sugiro pelos menos duas horas por dia ou meio período três vezes por semana e também que seja exigido um cronograma das atividades e mensuração dos resultados. A equipe deve entender que o projeto existe para dar resultados e, se não der certo, o relatório ajudará todos a saberem os motivos.

7. Encoraje a equipe – Como em todo projeto o seu também terá momentos de desânimo, apatia e desilusão. Por vezes algo dará errado, aí sim, está o pulo do gato e incentive o pessoal. Ninguém erra porque quer.

8. Remunere e premie os resultados da implantação da ideia – Quando tudo estiver pronto e de preferência funcionando, que tal premiar a equipe que conduziu o projeto? Que tal uma participação financeira nos resultados positivos ou algum outro tipo de reconhecimento formal e de valor. Evite somente os “tapinhas nas costas”. Você pode até pensar que as pessoas já são pagas para isso. E realmente são. Porém se percebo que a agência está crescendo porque eu não posso crescer também? Premie pra valer, não precisa ser necessariamente com dinheiro, existem inúmeras possibilidades, e assim fazer com que todos tenham uma motivação a mais para pensar em como criar uma agência diferente, mais justa com a participação efetiva de todos.

A sua agência terá mais chances de sucesso se for mais tolerante ao erro e entender com naturalidade que isso faz parte do processo.