“A qualidade da informação que se passa às crianças é importante porque é o que serve de alimento da sua personalidade, do seu caráter, da sua força, do seu desejo de aprender”, diz Içami Tiba, médico psiquiatra especialista em adolescentes e consultor de famílias, que completa neste ano 40 anos de carreira. Ele é um dos palestrantes da I Conferência Internacional de Marketing Infantil (4, 5, e 6/11), que debaterá as melhores práticas para se comunicar com a criança.

Dr. Içami Tiba acredita que proibir a comunicação dirigida à criança pode não ser adequado. “No supermercado da vida não existe um produto que seja só ruim ou só bom. E depende muito de como se administra uma informação. Cada um vai receber uma mesma mensagem conforme a capacidade que tem de entendê-la. Não é simplesmente o que é transmitido que a criança vai assimilar e reproduzir”, explica.
Segundo ele, a influência da comunicação mercadológica na formação da criança depende muito do núcleo familiar. “A família tem um papel importantíssimo na filtragem de informações que chegam aos filhos e, mais do que isso, em sua preparação, para eles mesmos fazerem essa filtragem e assimilarem as informações de maneira positiva e saudável. Quando uma informação chega à pessoa, ela poderá contestá-la ou aceitá-la, dependendo dos conhecimentos já adquiridos; se ela não tem formação alguma em casa, uma base anterior, ela vai aceitar qualquer coisa que vier, porque é um ‘terreno virgem'”, explica Dr. Tiba.
O psiquiatra ressalta também que uma criança criada de maneira a pensar que pode fazer o que quiser desde que sinta prazer, sem ter que arcar com responsabilidades, não está preparada para o mundo. “Aí não é o marketing ou a informação que chegam à criança que são ruins; é ela que não foi preparada para ter uma vida mais saudável. As mensagens de propaganda direcionadas ao público infantil precisam, sim, passar por um critério mais adequado, mas não é tolhendo tudo que nós vamos conseguir mais saúde”, diz.
Dr. Tiba sugere educar as pessoas e as crianças em vez de simplesmente proibir tudo. “As propostas que existem nos dias de hoje, pelo que eu tenho conhecimento, estão com uma tendência muito mais de repressão do que de estímulo ao aprendizado. Não existe um crime maior que a gente possa cometer do que sonegar o que sabemos aos nossos filhos. Também não precisamos afogá-las com informações desnecessárias”, diz.
Serviço:
I Conferência Internacional de Marketing Infantil
Data: 04, 05 e 06 de novembro de 2009 (quarta, quinta e sexta-feira)
Horário: das 8h às 18h (04/11); das 9h às 18h (05/11); e das 9h às 14h (06/11)
Local: auditório da FAU/USP (Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo), na Cidade Universitária, em São Paulo – Rua do Lago, nº 876
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