Experiência de Marca

Diversidade: Mais que um simples modismo

Demorou, mas finalmente as marcas começaram a dar mais valor ao tema, o que em muito contribui para colocarmos um ponto final em tudo que diz respeito a preconceitos.

Demorou, mas finalmente as marcas começaram a dar mais valor a esse tema, o que em muito contribui para colocarmos um ponto final em tudo que diz respeito a preconceitos.

Existem diversos tipos de diversidade, no entanto, eles não podem ser vistos apenas como modismo, ou seja, as marcas investirem em campanhas sobre o assunto apenas com o intuito de passar uma imagem de que está ‘antenada’.

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Diversidade é a reunião de tudo aquilo que apresenta múltiplos aspectos e que se diferenciam entre si, ex.: diversidade cultural, biológica, étnica, linguística, religiosa, etc.

A diversidade cultural são os múltiplos elementos que representam particularmente as diferentes culturas, como a linguagem, as tradições, a religião, os costumes, a organização familiar, a política, entre outros, que reúnem as características próprias de um grupo humano em um determinado território.

Já a biológica ou biodiversidade é a grande variedade de organismos vivos que compreende a fauna, a flora e os micro-organismos da face da Terra. A Floresta Amazônica, a Mata Atlântica e o Pantanal abrigam a maior biodiversidade do nosso planeta.

Diversidade étnica é a união de vários povos numa mesma sociedade. Etnia é um grupo de indivíduos que possuem afinidades de origem, história, idioma religião e cultura, independente do país em que se encontrem.

O Brasil é um país com grande diversidade étnica, sua população é composta da miscigenação de vários povos que juntos formaram uma nova identidade cultural.

Esses exemplos são apenas alguns dos existentes, mas servem para dar uma noção do quanto somos diversos, mas principalmente, o quanto é importante respeitarmos essas diferenças.

Diversidade nas Organizações

Nos dias atuais, sem dúvida nenhuma quando o assunto é diversidade, o meio organizacional é o que mais precisa de transformações.

Aceitar a diversidade não é apenas conseguir lidar com gêneros, cores ou orientações sexuais distintas, mas principalmente respeitar ideias, culturas e histórias de vida diferentes da sua.

Se você ainda não teve essa experiência, como se comportaria em um ambiente de trabalho com pessoas com cultura, raças ou opiniões totalmente diferentes da sua? Como trataria portadores de deficiência ou ex presidiários, por exemplo?

Você sabia que a diversidade nas organizações melhora a competitividade e até a lucratividade das empresas, além de reforçar o respeito entre as diferenças?

Sabia que organizações que investem em diversidade são mais inovadoras e crescem mais rapidamente?

Marcas x Diversidade

Estamos aprendendo a respeitar e aceitar as diferenças. Um exemplo a ser citado é a quantidade de campanhas que defenderam o feminismo no Dia Internacional da Mulher.

Diversas marcas se posicionaram defendendo a causa, e, principalmente, a igualdade de gênero.

Outro exemplo é a posição que as marcas de cerveja também vêm tomando. A Skol, por exemplo, após uma campanha polêmica em 2015, que foi acusada de apologia ao estupro se  reformulou totalmente neste ano.

Com a campanha “No verão Skol, redondo é sair do seu quadrado”, a marca promoveu o respeito e a aceitação das diferenças.

Ao ver a publicidade se reinventando e movimentos sociais crescendo nas redes sociais, podemos pensar que esse é um assunto já discutido o suficiente e que, apesar de a passos curtos, estamos avançando.

Números da Diversidade no Brasil

  • A ONU afirmou no ano passado que das 16,2 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza no Brasil, 70,8% são afro-brasileiras.
  • Somos o 5º país mais violento para mulheres no mundo, a cada 11 minutos uma mulher é estuprada.
  • De acordo com um estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial, no ritmo atual seriam necessários 95 anos para que mulheres e homens atingissem situação de plena igualdade no Brasil.
  • A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado. Apenas 6% dos negros têm diploma universitário.
  • A cada hora um gay é vítima de violência física no Brasil, e a cada 26 horas um gay é morto.
  • A maioria das crianças com Síndrome de Down, passa a infância isolada por não ser aceita nas escolas, jovens não conseguem empregos e idosos ficam em instituições.

Apesar de já termos avançado bastante, infelizmente, estes são os números que ainda permeiam a realidade do nosso país, que sempre foi conhecido pela riqueza de diferenças, seja diversidade humana, diversidade social, diversidade cultural, diversidade religiosa ou diversidade étnica.

Promoview e a Diversidade  

O Promoview foi um dos primeiros veículos de comunicação a contribuir para que a diversidade fosse respeitada e levada a sério.

Desde o seu lançamento, o portal sempre deu espaço em suas páginas para publicações sobre todo e qualquer assunto ligado à diversidade.

Nossa equipe acredita que esse é um assunto que deve ser levado a sério. Com as nossas publicações acreditamos que podemos contribuir para diminuir os tristes números que ainda rondam o nosso País quando se trata de não respeitar os diversos, como citado acima.

Para mostrar que está realmente empenhado em contribuir com a causa, o Anuário Brasileiro de Live Marketing 2019 teve como tema principal a diversidade.

Painel do Promoview sobre Diversidade

E, para fechar com chave de ouro, na noite de 29 de abril, durante o lançamento do Anuário no Fórum Eventos, foi realizado um painel para tratar sobre o tema.

Cindy Feijó, editora do Anuário mediou o painel sobre diversidade que contou com as presenças de Marcia Rocha, advogada integrante da Comissão da Diversidade Sexual da OAB/SP, com assento no Comitê de Direitos Sexuais da World Association for Sexual Health; Ronaldo Ferreira Jr., sócio-fundador da um.a #diversidadeCriativa, empresa especializada em eventos, campanhas de incentivo e trade, e reconhecida no ranking das melhores empresas segundo o Guia Exame de Diversidade.

Participaram também Marcos Brogna, professor universitário no Senac São Paulo; jornalista, pesquisador sobre o tema diversidade e autor dos livros: "Diversidade e Sexualidade: para quem educa na escola, na empresa e a si mesmo" e "Diversidade: empatia, convivência e respeito"; e Tracie e Tasha Okereke, DJs, estilistas, diretoras de arte, produtoras culturais, blogueiras, ativistas periféricas. Trabalham em prol da autonomia e da autoestima do jovem favelado.

Na ocasião, Marcos Brogna, professor e estudioso da área, listou cinco frases que a sociedade precisa desmistificar sobre a diversidade:

  1. A diversidade não se trata só do outro, pois ela está em mim e em todos nós: Todos somos diferentes e incluir não é trazer o diferente para os iguais, já que não há iguais;
  2. ''Eu não tenho preconceito'': Todos nós temos preconceitos, a questão é o que nós fazemos com eles. Aprender a vencê-lo, combatê-lo, ou transformá-lo em raiva e ódio?
  3. ''Foi só brincadeira'': É possível fazer brincadeiras sem ofender ninguém;
  4. ''É só a minha opinião'': Ofensa não é opinião, pois ofender extrapola o direito de opinar;
  5. ''Eu sou normal e você não'': Ou todos somos normais ou todos somos diferentes.
Márcia Rocha e Marcos Brogna.
Márcia Rocha e Marcos Brogna

Márcia Rocha complementou contestando sobre o conceito de minorias, uma vez que a população negra constitui a maior parcela da população, bem como a população feminina, e os grupos LGBTI+ e pessoas com deficiência (PcD) em números também são representativos. E finalizou ''Se tirar todas as minorias, quem sobra?''

Ronaldo Ferreira Jr. falou sobre usar o lugar de fala – argumento inicial que a mediadora trouxe na introdução, em que esclareceu o seu papel naquele contexto – ''Do local onde estamos, não como protagonistas, mas porque de onde estamos conseguimos trazer os outros (indivíduos de minorias) junto. Precisamos explicar para as companhias que se todos vestirmos os óculos da diversidade, passamos a nos enxergarmos como nós realmente somos, e que a partir disso, tudo fica mais fácil.''

Cindy Feijó e Ronaldo Ferreira Jr.

A empreendedora Tasha Okereke ressaltou o papel dos influencers no contexto da diversidade na comunicação: ''O retorno das marcas com relação às parcerias com microinfluenciadores é maior do que com celebridades e youtubers famosos porque o público se identifica muito mais com essas pessoas, pois a comunicação acontece de forma mais natural, e não tão 'indutiva'. Mesmo assim, as grandes empresas ainda sentem dificuldade de trabalharem com estes profissionais, por terem que sair do comum e se preocuparem mais com os números do que com aqueles que promovem uma transformação social.''

Tasha Okereke

Para Cindy Feijó, o painel atingiu o seu objetivo. Com ele, foi possível abrir os olhos de muita gente que ainda não consegue respeitar as diferenças.

“Para nós foi estimulante o resultado ao vivo sobre o que foi apresentado no editorial do livro. Algumas questões levantadas em nossa publicação, como a diversidade no ambiente de trabalho convergindo em uma comunicação melhor entre marcas e consumidores, foram confirmadas e exemplificadas durante o painel. A presença dos convidados foi enriquecedora e todos os presentes adoraram e nos parabenizaram não só pela iniciativa, mas pelos assuntos abordados no bate papo.”, comenta.