A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) desistiu de sediar a final da Liga Mundial, que aconteceria no Brasil em julho de 2015. E deixou claro que foi uma medida em retaliação após uma punição dada a jogadores e ao técnico Bernardinho.
De acordo com a nota, a CBV desistiu da organização do torneio após Bernardinho e os jogadores Mário Junior, Murilo e Bruninho serem punidos pela FIVB (Federação Internacional de Vôlei) pelas confusões ocorridas no Mundial masculino, na Polônia, neste ano.
Segundo a entidade, a atitude é considerada uma represália de Ary Graça, presidente da FIVB. Ele vem sendo alvo de acusações de irregularidades que custaram à CBV a suspensão do patrocínio do Banco do Brasil. (Veja aqui).
Foto: Divulgação/FIVB.
“A CBV repudia a atitude da FIVB um dia depois do seu presidente Ary Graça virar alvo novamente das manchetes dos principais veículos de comunicação do Brasil, numa clara demonstração de retaliação ao posicionamento da CBV frente aos indícios de irregularidades apresentados pela CGU.”, disse a nota da CBV.
As punições da FIVB suspenderam Bernardinho por dez jogos, Mário Junior por seis, Murilo por um e Bruninho ainda foi multado em mil dólares.
“A CBV está prestando suporte jurídico aos ídolos brasileiros e vai apresentar recurso em instância superior. Mais do que isso, em solidariedade aos nossos jogadores, ao nosso técnico multicampeão e em respeito ao torcedor brasileiro, a CBV, por decisão do presidente Walter Pitombo Larangeiras, comunica que não realizará em solo brasileiro a fase final da Liga Mundial, prevista para acontecer no Brasil em julho de 2015.”, completou.
A entidade ainda lamentou o fato dos torcedores não poderem acompanhar as seleções de vôlei na próxima temporada. “A CBV não compactua com as práticas desenvolvidas pela FIVB e toma essa atitude para resgatar o respeito que o Brasil tem e merece no cenário esportivo internacional.”, finalizou.
Também em nota oficial, a FIVB rebateu as acusações da CBV e afirmou que o presidente Ary Graça não teve participação na decisão, pois o tribunal é independente. A entidade ainda ameaçou a desistência brasileira de organizar a Liga Mundial.
“O evento denominado Finais da Liga Mundial 2015 é um dos principais eventos anuais da Federação Internacional de Voleibol e não pode ser tratado dessa forma. Portanto, a CBV, se realmente confirmar a decisão descrita na nota oficial emitida, arcará com todas as penalidades impostas pelo Regulamento Esportivo e pela Constituição da FIVB.”, diz a entidade.
Em outubro deste ano, na disputa do Mundial Feminino de Vôlei, Ary Graça, em entrevista ao UOL Esporte, já havia informado que provavelmente os brasileiros seriam punidos pelo comportamento no torneio para homens.
“Sobre ofender a FIVB, tem bem claro no estatuto que você não pode ofender a instituição. O tribunal vai definir tudo isso. A mim, não compete julgar, no passado nós punimos imediatamente, o regulamento diz e me permite fazer isso. Mas eu, como democrata, deixo o tribunal decidir, nós do executivo não podemos decidir.”, falou Graça na ocasião.
As punições de todos os atletas são referentes aos comportamentos no jogo contra a Polônia, na terceira fase do Mundial. Um início de uma confusão foi criada no fim da partida após o Brasil perder a disputa no videocheque. Os brasileiros não compareceram na entrevista coletiva e até uma toalha foi jogada em direção à mesa. O responsável pelo ato não tinha sido identificado pela entidade.
Veja a Nota da CBV na Íntegra:
“Em meio às notícias que envolvem o voleibol brasileiro, posterior ao relatório da Controladoria Geral da União, e, principalmente, depois do posicionamento da CBV em acionar judicialmente os responsáveis pelos contratos e pagamentos suspeitos na gestão do ex presidente Ary Graça, a modalidade mais vitoriosa do esporte do nosso país foi mais uma vez surpreendida com um duro golpe.
Nesta sexta-feira (12/12), a CBV recebeu a decisão da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), presidida por Ary Graça, sobre fatos ocorridos no Mundial Masculino, na Polônia, em setembro. O técnico Bernardo Rezende foi punido com dez jogos de suspensão e multa de dois mil dólares. O líbero Mário Junior recebeu seis jogos como punição, Murilo Endres está suspenso por um jogo e o capitão da Seleção Brasileira, Bruno Rezende, foi multado em 1.000 dólares.
A CBV repudia a atitude da FIVB um dia depois do seu presidente Ary Graça virar alvo novamente das manchetes dos principais veículos de comunicação do Brasil, numa clara demonstração de retaliação ao posicionamento da CBV frente aos indícios de irregularidades apresentados pela CGU.
A CBV está prestando suporte jurídico aos ídolos brasileiros e vai apresentar recurso em instância superior. Mais do que isso, em solidariedade aos nossos jogadores, ao nosso técnico multicampeão e em respeito ao torcedor brasileiro, a CBV, por decisão do presidente Walter Pitombo Larangeiras, comunica que não realizará em solo brasileiro a fase final da Liga Mundial, prevista para acontecer no Brasil em julho de 2015.
Entendemos que o torcedor brasileiro ficará frustrado por não ter a oportunidade de ver aqui as melhores equipes do voleibol mundial, mas a CBV não compactua com as práticas desenvolvidas pela FIVB e toma essa atitude para resgatar o respeito que o Brasil tem e merece no cenário esportivo internacional.”
Protesto de Atletas
Os jogadores de voleibol de quatro equipes que entraram nas quadras no dia 13/12, resolveram protestar contra os escândalos de corrupção dentro da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), comprovados em relatório divulgado pela Controladoria Geral da União (CGU) nesta semana.
Jogadores do Canoas e do Taubaté, no encontro entre as equipes no Rio Grande do Sul no início da tarde de 13/12, entraram em quadra com narizes de palhaço para se manifestarem. Além disso, cada time errou um saque de forma proposital.
O acordo foi feito entre as comissões técnicas. A partida, válida pelo primeiro turno da Superliga Masculina, foi transmitida pelo SporTV e a imagem rapidamente passou a circular nas principais redes sociais, como Twitter, Facebook e Instagram, gerando enorme repercussão e apoio de outros jogadores.
À noite, na partida entre Sesi-SP e Sada Cruzeiro (MG), os atletas fizeram protesto semelhante. Eles se abraçaram todos na altura da rede, e, usando narizes de palhaço, passaram a andar pela quadra saldando a torcida, que respondeu com muitas palmas e gritos de apoio.
Foto: David Abramvest.
O Canoas Vôlei é a equipe onde atua o central Gustavo Endres, presidente da Comissão de Atletas do Vôlei e uma das vozes mais ativas contra a CBV.
“Foi uma atitude combinada entre os jogadores em relação a tudo que vem acontecendo no País e apoiamos. Não acredito que possa haver algum tipo de retaliação da CBV.”, afirmou Ricardo Navajas, diretor técnico do Taubaté.
“Quando apareceu toda esta situação envolvendo a CBV pensamos em tomar um atitude inofensiva, mas que fosse interessante. Todos acataram esta forma de protesto. O Brasil vive um momento de muitos escândalos de corrupção. Queremos que o vôlei permaneça na mídia pelos resultados e sempre tenha atenção por ser vitorioso. Foi uma atitude isolada, mas bacana e inofensiva. Fizemos nossa parte, é o máximo que podemos fazer. Agora, depende de outras instâncias.”, disse o levantador Paulo Renan.