Na manhã do último sábado (02/02), cerca de 150 mil fiéis participaram do que foi considerada a maior procissão dos últimos dez anos à Nossa Senhora dos Navegantes. O prefeito José Fortunati e o vice-prefeito, Sebastião Melo, integraram a celebração da 138ª edição do evento.
Fortunati falou da importância da fé e da espiritualidade na construção de uma sociedade melhor e ressaltou a preocupação da prefeitura para contribuir com a realização da procissão.
“Estamos com todas as nossas equipes, várias secretarias atuando de forma forte para que a procissão tenha êxito e para que as pessoas façam o percurso na maior tranquilidade”, disse, lembrando a forte relação de parceria do poder público com as manifestações de fé da população.
O prefeito lembrou ainda que, neste ano, a procissão teve um significado diferente, sendo o sétimo dia após centenas de jovens serem vitimados em Santa Maria. “Então, essa procissão tem um caráter de solidariedade, de espiritualidade, e, principalmente, um olhar muito carinhoso com as famílias”, afirmou Fortunati.
A procissão saiu do Santuário Nossa Senhora do Rosário (rua Vigário José Inácio, 402) às 8h, no Centro Histórico, e seguiu até o Santuário Nossa Senhora dos Navegantes, na avenida Sertório. Uma missa às 7h, celebrada pelo reitor cônego Irineu Aloysio Brand no Santuário do Rosário, antecedeu a procissão, que percorreu 5 km partindo da rua Vigário José Inácio, passando pelas avenidas Mauá, Castelo Branco até a Sertório.
A festa religiosa deste ano levou em conta a “sustentabilidade ambiental”. A tradicional queima de fogos durante o festejo foi cancelada, e as lâmpadas utilizadas no Complexo Navegantes foram substituídas pelas ecologicamente corretas. Não houve programação de shows, em respeito às vítimas do incêndio em Santa Maria.
O prédio da Igreja Nossa Senhora dos Navegantes estava danificado, com reboco caindo e infiltrações nas paredes. A comunidade iniciou a campanha “Restaurando a Casa da Mãe – fazendo parte da história dos 100 anos do Santuário” e conseguiu a parceria de uma empresa de tintas. A festa foi a primeiro grande evento após a restauração.
A Festa de Nossa Senhora dos Navegantes foi reconhecida como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial de Porto Alegre. Encaminhado pela prefeitura ao Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural (Comphac), o processo foi homologado em janeiro de 2010. A celebração da festa faz parte dos saberes, formas de expressão e lugares significativos para a preservação da memória cultural da Capital.
A devoção à santa foi transmitida aos gaúchos pelos navegadores portugueses, que consideram Maria, mãe de Jesus, como a santa protetora dos mares. Em Porto Alegre, cidade de colonização açoriana, os imigrantes encomendaram ao escultor João Alfonso Lapa, que vivia em Portugal, a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes.
A obra chegou à Capital gaúcha em 1871, e em 1875, foi concedida a licença para a construção da capela de Nossa Senhora dos Navegantes em um terreno doado.
A primeira procissão ocorreu no dia 02/02 daquele ano. Ao amanhecer, por terra. À tarde, pelo rio. A imagem foi levada da igreja de Nossa Senhora do Rosário à capela do Menino Deus, onde permaneceu até a inauguração do santuário, em 1876.
Um incêndio atingiu a paróquia em 1910 e destruiu a imagem trazida de Portugal. A reconstrução da igreja foi feita pelos devotos, e uma nova estátua foi encomendada ao mesmo escultor. A reinauguração ocorreu em 1913. O local até hoje recebe a festa de Navegantes.