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Consumidores vacinados vão turbinar a retomada?

Embora as vendas estejam aumentando em todas as categorias, os que mais gastam são os que ainda não foram vacinados.

Estamos no meio da pandemia e a pergunta que mais tenho recebido é: O que pode levar novamente os consumidores aos shoppings? Estar vacinado garante essa retomada?

Para tentar refletir a esse questionamento, lá fui eu acompanhar o que vem acontecendo nos Estados Unidos. Me deparei com uma pesquisa da empresa Cardify.ai, uma plataforma de recompensas que rastreia os gastos dos consumidores com cartão de crédito, que perguntou a cerca de 1 milhão de membros sobre seu status de vacina, e, em seguida, mapeou as respostas dos que responderam a seus gastos com entretenimento, jantares e serviços pessoais (uma categoria que inclui salões de beleza e barbearias).  

Embora as vendas estejam aumentando em todas as categorias, os que mais gastam são os que ainda não foram vacinados. Em março, a população não vacinada gastou 60% a mais em cuidados pessoais do que em janeiro de 2020, enquanto os consumidores vacinados gastaram 30% a mais durante o mesmo período. 

Aqueles que disseram que “ainda não foram” vacinados, indicando que planejavam tomar a vacina, gastaram 20% menos.

Na categoria de restaurantes, os gastos dos consumidores vacinados em março ainda ficaram 10% abaixo do nível pré-pandêmico, enquanto os gastos dos consumidores não vacinados ficaram 50% acima. 

Os gastos com entretenimento das pessoas vacinadas ficaram em 50%, enquanto as não vacinadas gastaram 110%. 

Tive uma surpresa ao ler o relatório completo, que no mínimo valeu para jogar luz a uma outra perspectiva de tendências de consumo, que na verdade eu não estava considerando.

Os primeiros dados financeiros mostram que os americanos vacinados não estão gastando dinheiro nos níveis pré-pandêmicos. Em vez disso, os consumidores que gastaram mais dinheiro este ano são aqueles que não foram vacinados e não planejam ser.

Segundo declarações publicadas de Derrick Fung, presidente-executivo da Cardify, os vacinados estão “procedendo com otimismo cauteloso”, “eles ainda não estão muito confortáveis ??em fazer entretenimento ao vivo onde há muita circulação de pessoas, enquanto as pessoas que não foram vacinadas, por outro lado, tendem a ser mais tolerantes ao risco e já estão levando uma vida relativamente normal, e, à medida que os lugares se abrem, são eles que lideram o ataque.”

Uma pesquisa da Harris em meados de maio confirma essa tendência. Na pesquisa, os adultos que foram vacinados contra o Covid-19 ou planejavam ser vacinados expressaram menos conforto com atividades como jantar em ambientes fechados, participar de um evento ou fazer compras sem máscara em uma loja em comparação àqueles que eram céticos em relação à vacina. 

O Wall Street Journal relatou recentemente, citando dados da Earnest Research, que o tráfego de pedestres está se recuperando mais rápido em Estados com taxas de vacinação mais baixas do que em Estados onde mais de 45% das pessoas receberam a vacina. 

Ainda é muito cedo para tirarmos conclusões e traçar paralelos com o futuro do comportamento do consumo aqui no Brasil, mas é bom estarmos atentos a essa tendência, que pode trazer implicações na velocidade de retomada das vendas para o varejo.

Por isso, os shopping centers precisam reforçar seus esforços com os protocolos sanitários e continuar oferecendo todos os canais alternativos de compra para seu consumidor, consolidando a conexão emocional por meio de um atendimento personalizado e primoroso.

E você? O que planeja fazer depois de ser vacinado? Compartilhe aqui.

 

Foto: Reprodução.