Andressa Rufino*
O Sport Club Corinthians Paulista tem mostrado ser o oposto das tradicionais piadinhas de torcedores rivais sobre falta de instrução. Esse ano arrecadou R$ 45 milhões em patrocínio da Hypermarcas. Nesse item, foi aprovado. Agora, o time mostrou nota máxima em negociação e estratégia. Toda a articulação política dos últimos meses lhe renderam não apenas o sonhado estádio para a atual segunda maior torcida do País, mas apoio municipal e estadual.
Tal alinhamento com o governo pode ainda desencadear na solução da principal questão atual: como o Corinthians bancará os R$ 200 milhões adicionais para construção do estádio da abertura da Copa? O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O BNDES ProCopa Arenas tem orçamento de R$ 4,8 bilhões para utilizar na construção e reforma dos estádios (inclusive R$ 2,2 bilhões já foram liberados) e pode financiar até 75% do custo total do projeto, limitado a R$ 400 milhões para cada um – mais do que o necessário para as adequações exigidas e não previstas na conta da Odebrecht.
Nesse caso, tanto os governos, em conjunto ou individual, como a própria Odebrecht, que já está com financiamento do Estádio da Fonte Nova aprovado, podem ajudar o Corinthians a conseguir o crédito necessário para adequar o projeto às necessidades da Fifa. E essa notícia não está muito longe de ser divulgada, haja vista todo lobby que vem acontecendo na capital paulista entre o clube, a CBF e os governos. No futebol, onde as cifras e os patrocínios crescem em ritmo acelerado, o poder público tem se mostrando peça fundamental para a realização do maior evento da modalidade.
Um detalhe muito importante nessa operação ainda não foi observado. Para as operações diretas do BNDES ProCopa Arenas, o custo será de TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo; atualmente em 6% ao ano), acrescido da remuneração do BNDES, de 0,9% ao ano, mais spread de risco. Nos financiamentos indiretos incide também a taxa de intermediação financeira, de 0,5%. O prazo para o pagamento será de até 15 anos, incluindo até três anos de carência.
Portanto, o empréstimo sai com uma taxa de aproximadamente 7%. A Taxa Selic atualmente é de 10,75%. Apesar de muitos números, uma pequena lógica: se o governo tem uma taxa de quase 11%, e empresa a 7%, quem paga a diferença de 4%? O Tesouro Nacional. Quem abastece os cofres públicos? O contribuinte. E quem é o contribuinte? O povo. No final das contas, o principal fornecedor de recursos será o povo brasileiro. Num País que respira futebol, não “custa” nada.
