Enquanto o Brasil anseia pela Copa do Mundo de 14 e pelos Jogos de 16, Londres soma quantias irrisórias de visitantes. Segundo o jornal The Guardian, em vez de filas enormes nos lugares mais badalados da cidade, as estradas estão tranquilas e restaurantes e museus, desertos. Péssimo para os negócios, ótimo para os turistas.
Dizer que a capital é uma cidade fantasma seria um exagero, mas para uma manhã ensolarada de agosto no meio das férias escolares, “O museu de South Kensington está irritantemente calmo”, diz a matéria.
“O turismo está em baixa”, disse o vendedor de sorvetes Jay Osborne, há 40 anos no mesmo ponto da capital. “O movimento caiu em 50%. Estou aqui sem fazer nada e olha que é temporada turística”. Segundo ele, os londrinos foram preparados para um apocalipse no turismo, com filas absurdas, engarrafamentos e aluguéis caríssimos.
De acordo com estimativas da associação comercial, os ganhos estão 30% inferiores ao mesmo período do ano passado, restaurantes em 40% e o uso de táxi na mesma porcentagem. Os palácios reais — a Torre de Londres e de Hampton Court — têm sido particularmente atingidos, atraindo apenas a metade do número de visitantes do ano passado.
O Museu Britânico perdeu um em cada quatro visitantes, a National Gallery dois em cada cinco. E, enquanto os hotéis do leste estão indo bem, a Associação Britânica de Hospedagem noticiou a seus sócios que a ocupação em agosto pode ser menor do que o habitual.
“Londres está absolutamente vazia”, disse a fotógrafa Natasha Reynolds, sentada à mesa de um café no Museu de História Natural. “Esperávamos que estivesse absolutamente lotado, mas nunca vi o museu tão quieto”.
Um circuito que leva geralmente 45 minutos, de South Kensington a Hackney, por intermédio do Hyde Park, foi reduzido em 15. O único lugar onde as coisas ficam difíceis é perto de Park Lane, onde as delegações estão hospedadas e as estradas estão obstruídas pelos carros roxos especiais.
Algumas empresas foram pegas de surpresa, como a H&M, na Oxford Street, que contratou mão-de-obra extra para o período das Olimpíadas, mas já teve que cancelar os turnos. Durante o almoço na Byron, uma cadeia de lanchonetes, aconteceu a mesma coisa. “Não esperávamos por isso”, disse Eugenia, gerente da creperia Pompidou.
Na Galeria Nacional, por exemplo, é possível ver uma obra de Velázquez sem torcer o pescoço. No Madame Tussauds, o museu de cera, a fila, geralmente com uma ou duas horas de espera, leva somente dez minutos.
“Há apenas uma pessoa à minha frente no balcão e é o ator Morgan Freeman de cera. Já houve um momento melhor para ser um turista em Londres?”, indaga Patrick Kingsley, o repórter do The Guardian.
Fonte: Época.